Cristóvam já não é um nome estranho do panorama musical do país e da Região. No passado mês de Dezembro, lançou o single “Wild Dreams”, uma amostra do novo álbum que foi gravado e produzido na Austrália, e que sairá no decorrer deste ano. O 2024 do cantor e compositor terceirense foi marcado pela digressão em salas de espectáculos dos Açores, um concerto nos E.U.A e a composição de bandas sonoras para filmes e publicidades.
Para alguns, já não é novidade o trabalho e a presença de Cristóvam no panorama musical nacional e regional. Da ilha Terceira para o mundo, o músico já conta com dois álbuns de estúdio, sendo que o seu último longa-duração – “Songs on a Wire” – tem selo da Universal Music Portugal. Marcado pelo grande êxito internacional, no decorrer do sombrio período pandémico, intitulado “Andrà Tutto Bene”, o artista terceirense não ficou colado ao passado. Com o estilo folk americano bem vincado na musicalidade e na entrega estética dos projectos e actuações, Cristóvam tem-nos deliciado com o melhor que se produz no arquipélago dos Açores.
Um 2024 em digressão
O ano de 2024 representou o fim do ciclo de concertos do disco “Songs On A Wire” – disco esse lançado em 2022. Para o músico terceirense, foi um “ano positivo”, em que teve a “oportunidade de tocar em salas emblemáticas dos Açores”. A “Crooked Lines Tour”, iniciativa conjunta com o Novo Banco dos Açores, levou Cristóvam às grandes salas de várias ilhas da Região, tais como Teatro Angrense, Teatro Micaelense, Atlântida Cine (ilha de Santa Maria), Teatro Faialense e Auditório da Madalena (Pico). Porém, em relação aos concertos, não se ficou somente por esta digressão. Pelos Açores, ainda actuou nas Lajes das Flores e no Festival Monte Verde (Ribeira Grande). Para além dos Açores, o músico actuou no continente – em Setúbal e Famalicão – e marcou presença nos E.U.A, no Estado de Massachussets, onde actuou no festival Fabric.
Produção de bandas sonoras fazem parte do currículo
O que tem em comum o filme “Santa Rita Dream” de Diogo Rola e “First Date” de Luís Filipe Borges? Ambas as películas foram musicadas pelo Cristóvam.
“Gosto muito de trabalhar tanto com o Diogo quanto com o Luís. São pessoas incríveis, por quem tenho uma profunda admiração, e com quem criar coisas não parece, de todo, um trabalho” – afirma o artista natural da ilha Terceira.
A colaboração com estes dois grandes protagonistas do audiovisual da Região tem antecedentes, sendo que o músico já teria elaborado a banda-sonora da série de Luís Filipe Borges e Nuno Costa Santos para a RTP – “Mal-Amanhados – Os Novos Corsários das Ilhas” -, como também o fotógrafo e realizador Diogo Rola (para além de ser amigo de longa data) foi o autor do primeiro videoclipe de Cristóvam, do tema “Red Lights”, gravado nas ruas de Amsterdão em 2018.
“Compor para filmes, seja em registo de banda sonora, na escrita de canções ou até mesmo na criação de jingles, tem sido, desde há cerca de 8 anos, uma parte integrante do meu trabalho quotidiano. Muitas vezes, esse trabalho segue os moldes de ghostwriter, o que faz com que seja natural que, por vezes, as pessoas não saibam que fui eu quem criou a música do filme A, B ou C” – explica o músico.
Também ressalva orgulhosamente que a música do filme promocional da FNAC, lançado no final do ano passado, teve a sua autoria.
“Wild Dreams” é a primeira amostra do novo disco
Acreditem ou não, o novo single de Cristóvam, intitulado “Wild Dreams”, foi gravado no outro lado do globo. O tema surgiu em Março do ano passado, quando o canto-autor açoriano esteve em Brisbane, na Austrália, a gravar com o seu grande amigo e produtor Tim Hart. Esta música é a primeira amostra do que aí vem: um disco gravado, produzido e editado na Austrália. Possivelmente, este novo projecto verá a luz do dia no decorrer do presente ano.
“A letra fala sobre estar presente para alguém que está a enfrentar as suas lutas internas, oferecendo apoio sem julgamentos. É uma reflexão sobre como as relações de confiança podem ser a verdadeira fonte de liberdade e força para enfrentar os desafios da vida” – sublinha o artista.
“Os Açores, e em particular a Terceira, são a minha base”
Questionado sobre a importância da Região e da sua terra-natal no processo artístico e criativo, o cantautor destaca a ilha Terceira enquanto factor primordial do seu “equilíbrio emocional”.
“O contraste entre o sossego da nossa terra e o frenesim das grandes cidades que vou conhecendo em viagem acaba por ser um estímulo constante que me ajuda a olhar para as coisas de outra forma. Acredito que o lugar onde estamos tem, sem dúvida, um impacto no nosso subconsciente, mesmo quando a nossa mente possa estar a vaguear por outros lugares” – destaca o compositor terceirense.
Para o músico, a vivência e naturalidade açoriana tem influência na sua forma de ver e sentir o mundo, o que acabam por reflectir na sua escrita de uma forma simples.
Apesar de Cristóvam já ter uma carreira consolidada, que se deve muito à sua luta constante de ser um insular que arrisca e que vê o seu potencial para além da ilha, esperamos sempre o melhor e de ouvir cada vez mais dos ares folk “made in ilha Terceira”.
José Henrique Andrade
