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Muita parra pouca uva

Desde há muito anos que estamos habituados a que os governos, todos sem excepção, não cumprem aquilo que apregoam aos quatro ventos.
É o caso do HDES modular que seria para estar operacional, salvo erro, em Agosto passado. Todavia, e por razões diversas foi sendo sistematicamente adiada a sua abertura para, ao que parece, ser concretizada no final do corrente mês de Janeiro.
Deus queira que desta vez seja verdade, para que se possa iniciar a remodelação e requalificação do “velhinho” hospital f eito de blocos e cimento. Também espero que os estudos já estejam todos concluídos para que não haja mais demoras no início da reconstrução do maior hospital da região com valências universitárias.
Agora, levanta-se um problema que é, precisamente, a falta de mão-de-obra que se faz sentir na construção civil.
Apesar de se saber, desde há muito tempo, que temos falta de mão-de-obra em diversos sectores da actividade, nomeadamente na construção civil, ainda não vi, nem ouvi, alguém do governo falar numa estratégia de importação de mão-de-obra, por exemplo dos PALOP por uma questão da língua, com objectivos e condições atractivas para quem quisesse vir para cá ajudar-nos neste momento.
Tenho ouvido falar da vinda de pessoas para trabalhar, até do Nepal imagine-se, mas para trabalhar no sector turístico nomeadamente na restauração. Mas nunca ouvi falar em importação de mão de obra para a construção civil.
Nós, que somos uma região de emigrantes, já devíamos ter aprendido como fazem o Canadá, a Bermuda ou mesmo os EUA. Não há que inventar seja o que for, basta “copiar” o que os outros fazem e fazermos igual com as necessárias adaptações para a nossa realidade.
Mas a propósito da construção civil, este Jornal publicou no passado domingo uma entrevista ao Engº. Pedro Marques do Grupo Marques S.A.
Não conheço o Engº. Pedro Marques. Mas conheço, desde há muitos anos o pai, Eng.º Primitivo Marques de quem me considero amigo, como também e conhecido avô, senhor Joaquim Marques.
Recomendo, veementemente, a leitura de toda a entrevista mas, principalmente, o apelo que o Engº. Pedro faz na página 9 deste jornal onde diz textualmente que:- é hora de menos ócio, de menos desperdício e sim de mais trabalho.
Neste apelo, onde demonstra uma coragem invulgar, ele também lembra ao governo que os sistemáticos atrasos nos pagamentos, tanto os do próprio governo como os das empresas públicas, dificultam as operações de tesouraria a quem lhes presta serviços.
Lembra também que é necessário ter atenção às baixas médicas não necessárias; denuncia a falta de brio profissional devido à fraca exigência na aprendizagem nas escolas. Tudo isto retira-nos a competitividade e produtividade.
No apelo ele ainda defende a meritocracia para porta de entrada nas escolhas de quem vai gerir a rés pública. Questiona também a utilidade dos conselhos de administração de cinco elementos e conselhos fiscais numerosos se, ao fim e ao cabo, não serão eles a tomar decisões.
Sendo a Marques SGPS(?) um dos maiores grupos de empresas dos Açores onde actua a nível região que, para além da construção civil, explora e exporta madeiras e outros produtos, as chamadas de atenção do seu líder deve ser tido em linha de conta.
Como diz o nosso povo – boca santa. Afinal, parece que não sou o único a dizer que o “rei vai nu”.
Voltando às obras no HDES faço sinceros votos para que, tanto no que respeita à sua reconstrução, como nos “milhentos” trabalhos da responsabilidade do governo e das câmaras municipais, tais como estradas regionais, caminhos municipais, escolas básicas e escolas secundárias, de entre muitas outras, se comece a falar menos e trabalhar mais.
Vamos a isso?

Por: Carlos Rezendes Cabral

P.S. Texto escrito pela antiga grafia.
19JAN2025

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