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Ansiedade: a “vilã”?

Hoje volto a falar de emoções. Como escrevi num texto anterior, aqui no jornal, as emoções são reações a situações que ocorrem no nosso dia a dia e têm um papel imprescindível na nossa vida. Cada uma delas tem a sua função, enviando mensagens importantíssimas sobre como devemos lidar com cada situação que surge na nossa rotina.
Quando pensamos na palavra ansiedade, associamos a perigo, desconhecido e desconfortável. Todos nós já sentimos ansiedade alguma vez na vida e acredito que pensamos imediatamente que era desagradável e não queríamos sentir esta emoção.
Apesar de todo o desconforto que ela pode trazer, a ansiedade é uma emoção tal como a alegria, tristeza ou raiva, e é uma resposta natural a situações que ocorrem na nossa rotina. Tal como as outras emoções, a ansiedade também tem uma função na nossa vida e envia mensagens imprescindíveis para sabermos como lidar com determinados acontecimentos.
A ansiedade tem uma função adaptativa, ou seja, ajuda a enfrentar desafios e situações que não estamos habituados, confortáveis e podem representar perigo. Por exemplo, quando fazemos uma apresentação para um público desconhecido e de grande dimensão, é esta emoção que nos manda um aviso de que esta situação é desconhecida e desconfortável para nós e permite pensar numa resposta de ação.
Somos bombardeados, diariamente, com diversas e distintas informações e opiniões sobre a ansiedade.Seja na televisão com testemunhos de pessoas que convivem com esta emoção, ou livros que prometem mil e umas estratégias para combater a ansiedade e livrarmo-nos dela em um determinado número de dias, acabamos todos a pensar o mesmo desta emoção, que é uma vilã e tem de ser excluída da nossa vida a todo o custo.
Mas então, se tem um papel importante na nossa vida, por que consideramos a ansiedade a vilã das emoções?
Como escrevi anteriormente, associamos sempre a ansiedade a algo negativo e desconfortável, em parte devido à crença que se desenvolveu na nossa sociedade de que só devemos sentir emoções consideradas agradáveis e que é preciso evitar a todo o custo o que nos traz sofrimento. Esqueceram-se de nos avisar de que todas as nossas emoções têm um papel fundamental e o evitamento faz com que o sofrimento aumente a longo prazo.
A ansiedade pode ser protetora ou vilã, mas tudo depende da forma como lidamos com ela e que decisões tomamos perante os sinais que ela nos envia. Ao estar numa situação de perigo e desconforto, esta emoção vai enviar uma mensagem para si a avisar de que o acontecimento que estamos a experienciar é considerado desconfortável. É neste momento, após a mensagem, que vamos definir que impacto a ansiedade vai ter na nossa vida, pois ou decidimos desafiar o nosso desconforto e aprendemos a ultrapassar e lidar com a situação, ou evitamos a situação e a ansiedade não é combatida, o que pode levar a limitações a longo prazo, na nossa rotina, como no trabalho, relacionamentos e lazer.
O acompanhamento em consulta de psicologia pode ser uma excelente ferramenta para compreender a sua ansiedade, as suas raízes e como aprender a lidar com ela para que não seja uma vilã e limitação na sua vida.
Não precisamos ter uma má relação com a ansiedade e percecioná-la como inimiga ou vilã da nossa história. Apesar das situações desconfortáveis e sintomas desagradáveis que pode desencadear, a ansiedade pode ter um papel muito importante na nossa vida. Ao sabermos lidar com ela, pode ser uma fantástica aliada que nos ensina onde está o perigo e o desconforto, ajudando a saber lidar melhor com as situações que surgem na sua vida e contribuir para uma melhor saúde mental.

Por: Maria Pereira

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