O Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, afirmou ontem numa mensagem gravada para o II Congresso da Agricultura Regenerativa promovida pela Bel no Nonagon que “É profundo entendimento” do seu executivo que o desenvolvimento dos Açores “tem tido uma capacidade inspirada na agricultura açoriana, na capacidade de excelência que a nossa agricultura e a nossa indústria, tem valorizado no produto agro-alimentar, na fileira dos lacticínios, mas também na produção que é muito significativa.”
No entender de José Manuel Bolieiro, “o pioneirismo do projecto das Vacas Felizes honra muito o nome dos Açores e o seu prestígio. Por isso, está de parabéns a Bel por esta iniciativa e o governo faz, com grande gosto, o reconhecimento desta importância estratégica, dê dimensão à nossa especificidade e à nossa capacidade.”
“Eu estou convencido que há, efectivamente, entre o pioneirismo daqueles que foram premiados neste congresso, o empolgamento que deram, desde logo, para uma visão da agricultura regenerativa, resolvendo uma boa relação entre os solos e a sua gestão, a água e a capacidade produtiva com valor acrescentado,” afirmou o Presidente do Governo.
Concluiu que “não só a nossa geração, como as gerações vindouras dão muito valor a esta ideia de sustentabilidade da nossa natureza, e da capacidade progressiva da autonomia alimentar que, nos Açores, temos vindo a cumprir muito na linha do agro-alimentar.”
Antes, deixara uma palavra de saudação aos participantes e de acolhimento aos que vieram de fora, designadamente, do Continente.
“Somos como uma família”
O Congresso terminou com uma intervenção inesperada do agricultor premiado do programa ‘Vacas Felizes’, Luís Miguel Sousa Viveiros, que reafirmou, pessoalmente, depois de o ter afirmado em vídeo, que “somos como uma família, desde o Dr. Vasconcelos a toda a sua equipa que nos acompanha. Hoje em dia é com gosto e com honra que faço parte desta equipa. É uma equipa que, como disse, não nos pressiona a nada. Pura e simplesmente dá-nos as dicas, dá-nos as directrizes, dá-nos a indicação do rumo no sentido de tirar o melhor proveito tanto da vaca como da terra. Estão de parabéns, nesse sentido,” afirmou.
Luís Miguel Sousa Viveiros deixou um alerta a todos os produtores de leite que fazem parte do programa ‘Vacas Felizes’ e mesmo àqueles que não fazem parte. “Acima de tudo não esmoreçam. Actualmente não está fácil ser-se produtor de leite por várias e diversas razões e uma delas é a mão-de-obra. Cada vez mais, hoje em dia, estamos a empurrar essa falta de mão-de-obra para a mecanização que vai quebrar um bocadinho o ‘bem, bem feito’, digamos assim. Mas há que não desanimar. O futuro a Deus pertence, como se costuma dizer.”
“Acima de tudo”, afirmou o agricultor, este programa “desde há 10 anos a essa parte, veio transmitir e está a transmitir, para as novas gerações, para os meus filhos, para os filhos dos meus vizinhos e para as escolas que estavam aqui presentes, aos centros de formação, uma esperança de futuro. A agricultura está viva, veio para ficar e a Região Autónoma dos Açores não vive sem ela.”
Na opinião de Luís Miguel Sousa Viveiros, o turismo “é muito bonito e muito belo, mas sem agricultura não há turismo, ou seja, é um casamento para a vida, quer gostamos quer não gostamos.”
Na opinião do agricultor ‘Vacas Felizes é um programa que “tem ajudado, isto para não dizer que vendeu os Açores para o mundo. Para quem viaja, especialmente para o território português, não se fala outra coisa senão de vacas felizes. Fala-se dos Açores no seu todo, mas vem sempre à tona as vacas felizes, como é que é e como não é.”
“Independentemente disso, ‘Vacas Felizes’ é um programa que “está a dar vida e, ao mesmo tempo, incentivo e uma visão diferente da agricultura no seu todo para os jovens neste preciso momento em que há falta de mão-de-obra “
Todos os agricultores que intervieram num vídeo editado durante o Congresso elogiaram o programa ‘Vacas Felizes’ e a equipa técnica que com eles colabora. “Quando nos visitam ou quando nos abordam ou quando nos convidam para o que quer que seja, transmitem-nos confiança e põem-nos à vontade,” disse um dos agricultores.
Durante o Congresso realizou-se uma mesa redonda intitulada “Agricultura Sustentável: Mito ou Realidade “ em que intervieram Pedro Prisca da Finançor; e Luis Gonzada, da Bel Portugal; e foi moderadora Paula Amaral, da Bel Portugal. Temas a que voltaremos em próximas edições.
Um agricultor do Continente deu o seu exemplo de gestão da sua exploração agrícola com um conceito próprio de agricultura regenerativa específico em espaços onde tem produção de vacas, ovelhas, cabras e porcos.
Entrega dos prémios
Os pioneiros do Programa ‘Vacas Felizes’ a quem foram entregues prémios são Agostinho Sousa Pimentel, AltiPrado, Eugénio Câmara, Correia Rego, José Eduardo Botelho Pereira, José Francisco Câmara Arruda, José Francisco da Ponte Dutra, Hélder Martins e Herdeiros, Manuel Luís de Sousa Sardinha, Mário José e Vitor Medeiros Pacheco, Miguel Diogo e Filhos; e Paulo André Botelho Pereira
Os pioneiros na Agricultura Regenerativa que receberam prémios foram Eduardo Alves, Henrique Cordeiro, Luís Gonzaga e Pedro Amaral.
A Bel entregou, finalmente, prémios de 5.000 euros cada aos melhores três produtores no âmbito do programa de bem-estar, de emissões, exploração e qualidade do leite. O primeiro classificado foi a exploração AgroMilhafres (276,25 pontos); em segundo lugar ficou Bruno Pimentel Pacheco (273,82 pontos); e em terceiro lugar ficou Luís Miguel de Sousa Viveiros (273,31 pontos)
Todos os prémios foram entregues pelo Eng. Eduardo Vasconcelos, Director de Compras da Bel Portugal nos Açores e o grande impulsionar dos programas que a empresa tem desenvolvido com sucesso na ilha de São Miguel.
