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Os temas da campanha

Este domingo, teremos eleições na Região Autónoma da Madeira, num processo legislativo regional antecipado, depois de uma moção de censura ter sido apresentada pelo Chega, e ter tido a anuência de todos os partidos da oposição, socialistas incluídos. A moção foi debatida em meados de dezembro último, e veremos se, nas urnas, os proponentes desta figura, que precipitou a queda do executivo liderado por Miguel Albuquerque, sairão beneficiados ou prejudicados. Dão os madeirenses mais importância aos casos nos quais o presidente do governo está, aparentemente, envolvido, ou demonstrarão no silêncio do voto, o seu descontentamento por, mais uma vez, terem de votar antecipadamente. Os poucos estudos de opinião, poderão dar razão a esta última premissa.
Uma sondagem divulgada pelo jornal online “Observador”, apontava que todos os partidos que ajudaram à precipitação de eleições, poderão descer. Na mesma proporção, os sociais-democratas estariam mais perto de uma renovada maioria, agora absoluta. Ignorando os percalços que têm sido públicos, e que trouxeram algumas convulsões internas e externas ao mandato de Luís Montenegro, Miguel Albuquerque parece ser imune às pressões que pretendiam a sua saída.
Em contrapartida, tudo indica que o povo madeirense lhe dará nova vitória, eventualmente, desta vez mais reforçada. E apesar de se manter, por obrigação moral e legal, disponível para prestar declarações no âmbito dos processos que o envolvem, mesmo que vença, a quebra da oposição terá outro enquadramento, em particular em relação aos socialistas. O líder regional, contra a vontade de Pedro Nuno Santos, seguiu a estratégia do Chega, tendo-lhe dado o seu voto. E passou grande parte da campanha a falar sobre corrupção, compadrio e algumas desconfianças populistas, sem apresentar grandes meios de prova. Este caminho, pode não ser sufragado pelo povo.
Este longo introito serve apenas para esclarecer o óbvio: nem sempre questões judiciais, mais ou menos graves ou tendenciosas, servem para ganhar eleições. Voltando ao caso da Madeira: se fosse óbvia, para os eleitores, a culpabilidade de Albuquerque, e a ela dessem mais importância do que à estabilidade que pretendem nas suas vidas, então dificilmente ele sairia vencedor. Se, como tudo indica, vier a ter um resultado mais robusto do que o anterior, isso significa que foi um erro a moção de censura apresentada, e foi ainda um erro maior a sua adoção pelos socialistas. E à imagem do que pode acontecer no arquipélago, é certo que as eleições de maio, para o tira-teimas que envolve o primeiro-ministro, terão maior abstenção, a adicionar a mais votos nulos, não apenas pelo cansaço que implicam sucessivas idas às urnas, como pode servir para demonstrar esse cansaço votando nas forças políticas a quem se interrompeu a legislatura. A nuance de, no caso nacional, ter sido rejeitada uma moção de confiança apresentada pelo executivo, tem aos olhos da generalidade dos votantes, o mesmo desfecho: outra vez eleições, quando apenas passou um ano das pretéritas.
O tom do discurso ajudará a traçar o que sobra do resultado, quando muito, a dois meses do escrutínio, já estará decidido nas mentes dos portugueses. O campo populista e demagogo encontra-se amplamente preenchido, dos partidos mais radicais de esquerda, com a plenitude das suas anunciadas virtudes morais a servir de esteio, até à direita mais extremista, que trilha o caminho da desconfiança, da corrupção enraizada, da necessidade urgente de uma limpeza de toda a sujidade menos da sua, até ao dia das eleições.
Os próprios socialistas já experimentaram este trajeto, com poucos resultados, diga-se. As dúvidas anunciadas e subtilezas semânticas que experimentaram durante os dias que se acercaram à queda do executivo podem dar algum conforto à alma, e fazer exaltar alguns fiéis, mas são pronunciadoras de uma campanha inglória. Há tanto para fazer e transformar neste país, e usar este tempo para celeumas inconsequentes para o que deve ser feito, é desmerecer o que os portugueses perseguem. Um país estável, seguro e capaz de tomar conta de si.

Por: Fernando Marta

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