Correio dos Açores – Em que difere este torneio e que importância tem para, não só para a modalidade mas também para os Açores, a realização do FIP Silver?
André Delmar (co-proprietário do Azores Padel Club) – Este foi o primeiro torneio de cariz internacional. Já era um desejo desde o início da abertura do clube ter um torneio que contasse para o ranking oficial mundial ou seja, o jogador ao entrar neste FIP Silver, diria que era a terceira categoria de torneios a nível internacional, já traz jogadores top 20 femininos e top 50 masculinos. É um torneio de grande envergadura e conta para o ranking mundial, que era uma das nossas ambições. Relativamente aos torneios anteriores nós, ainda no ano passado, fizemos um torneio a contar para o ranking nacional unicamente. Quem joga os torneios nacionais conta apenas para o ranking nacional, não tem qualquer influência no ranking a nível mundial, e os torneios que são os FIP, que são da Federação Internacional de Padel, são torneios que contam, efectivamente, para o ranking. Os jogadores que vêm a jogar este torneio, fazem-no porque querem obter pontos ou porque estão a lutar para um melhor lugar no ranking.
A grande diferença a nível dos torneios que nós fazemos, sociais ou da Federação Portuguesa de Pádel, tem a ver que com algumas condicionantes, visto este torneio ser regido Pela Federação Internacional. Essa é a grande diferença. Os resultados são muito mais importantes porque contam para o ranking mundial. Na final masculina os vencedores foram os espanhóis Marc Villalonga/Nacho Moltó e na feminina as vencedoras foram a portuguesa Ana Nogueira e a argentina Martina Goyeneche.
Em termos de participação de atletas que número de atletas é que participaram neste torneio?
Estiveram presentes cerca de 140 atletas internacionais nas categorias femininos e masculinoss, que é a categoria principal do FIP Silver Ponta Delgada. Não há categorias dentro destas categorias ou seja, qualquer ranking pode jogar contra qualquer outro ranking. Não é com mais categorias nacionais. Depois, ao mesmo tempo em que decorria o torneio FIP Silver, tivemos o torneio da federação portuguesa de padel, com 8 categorias que só contam para o ranking nacional. Tivemos os M2, M3, M4, M5 e M6, e depois tivemos F2, F3, F4 e F5 Categorias masculinas e femininas que aí contam para um ranking nacional unicamente.
No torneio da federação portuguesa de padel tivemos cerca de 160 atletas e de salientar que cerca de 50 atletas eram regionais. É muito interessante ver que já temos bastantes pessoas a jogar padel, originárias de São Miguel e tivemos alguns jogadores que vieram da Terceira também para jogar o torneio.
Como é que estes torneios podem desenvolver o atleta açoriano, visto poderem ter contacto com atletas que não seria possível de outra maneira?
O atleta que nunca saiu para competir fora de São Miguel tem, efectivamente, um leque limitado de pessoas contra quem pode jogar. A vantagem de trazer tantos atletas externos, tivemos pessoas que vieram das Caldas da Rainha, do Algarve, de Lisboa, do Porto, ou seja, de quase todas as regiões do país, além de promover mais competição e poder jogar com jogadores diferentes, também mostra que o nosso nível pode estar ao nível deles. Por vezes pensamos que por estarmos nos Açores que o nosso nível vai ser inferior aos jogadores do continente dentro da mesma categoria. Mas não é verdade. Tanto é que nas categorias femininas e masculinas nacionais por exemplo, a dupla que venceu nos M3 é de São Miguel, o Martim Sousa e o Diogo Machado. Nos F5 as vencedoras foram a Mena Botelho e Ana Beatriz Almeida e nos F3 ganharam a Diana Barbosa e Rita Ricardo, ou seja, são atletas locais que tiveram a competir com perto de 20 duplas do continente e conseguiram ganhar nas suas categorias. Isso mostra que estamos a fazer um bom trabalho no padel, mostra que estamos a evoluir e mostra que estamos, efectivamente, presentes no panorama nacional.
Há a possibilidade de haver continuidade neste torneio ou foi um evento único?
Os torneios da Federação vamos continuar. E pretendemos ter cerca de 3 ou 4 torneios por ano, só o torneio da Fundação Portuguesa de Padel. Relativamente ao torneio internacional, é nosso desejo tal como já foi afirmado publicamente, desta vez foi o FIP Silver Ponta Delgada, e queremos trazer no próximo ano um FIP Gold Ponta Delgada que é uma categoria acima da que trouxemos este ano. Já foi confirmado que será no próximo ano, provavelmente nas mesmas datas em Março, mas ainda sem data definida. É um passo grande para o torneio e para a Região. Nós neste momento já estamos no mapa do Padel Internacional. As pessoas já falavam dos Açores. Todos os atletas que vieram cá tinham interesse em voltar para conhecer os Açores. Isto abre uma nova vertente também para a parte do turismo.
Tivemos cerca de 250 pessoas que vieram participar no torneio, e que trouxeram família e convidados, o que envolveu uma logística maior. E foi uma aposta ganha porque nós sentimos diferença, mesmo até, em termos de movimento em Ponta Delgada. Víamos as pessoas que estavam a jogar no torneio, nos restaurantes, a passear pela cidade. Também envolveram os hotéis e as rent-a-cars. Isso mostra que nós, além de sermos um destino de turismo, podemos ser um destino de desporto, neste caso um destino de padel, a nível mundial, e isso para nós é o mais importante.
As expectativas que tinham para o torneio foram cumpridas?
Ficamos muito satisfeitos com o resultado do torneio. Tivemos um feedback muito positivo por parte dos jogadores, quer por parte dos internacionais como dos nacionais. Também recebemos uma parabenização pela organização por parte da Federação Internacional de Padel. O feedback que lhes chegou dos jogadores foi muito positivo, tendo em conta todo o nosso cuidado com a organização do torneio, toda a preparação do torneio e também com o cuidado com os jogadores durante o torneio. Tudo isto foi referenciado como tendo sido um ponto positivo a nosso favor, por ser a primeira vez que organizamos um torneio desse género. No mesmo sentido, já nos deram a confirmação que vamos ter o torneio Gold, o próximo ano, que também era um dos nossos objectivos. Se o torneio não tivesse corrido tão bem, se calhar ia ser difícil passar para um Gold. Mas como o torneio foi bem sucedido, eles automaticamente deram-nos a opção de, para o ano, termos já o torneio Gold.
Recentemente teve dois atletas aqui do clube que foram chamados à Selecção Nacional. Como é que o clube se sente com este primeiro posse de atletas a chegarem à Selecção?
É um orgulho enorme ver que são duas, muito jovens, atletas, a Matilde e a Francisca Cabral, que têm 13 anos e 12 anos, respectivamente. Jogam juntas, apesar de serem de diferentes idades, mas começaram a treinar juntas e já tinham o background do ténis. Começaram a treinar aqui no Azores Padel Club há cerca de um ano e foram chamadas para um estágio da Selecção agora no mês de Março. Obviamente mostra que temos a qualidade necessária para formar atletas e mostra que é possível colocar os Açores no panorama nacional, a nível de competição como uma academia.
Neste sentido posso adiantar que, ainda não foi oficialmente anunciado, mas o Azores Padel Club pretende, no início do próximo ano, abrir a parte da academia, que será separada do Azores Padel Club. Será a academia de padel, focada especificamente na formação de atletas e permitindo também o acesso ao padel a mais camadas da sociedade. Este projecto já está a ser desenvolvido há alguns meses. Tem em conta uma parceria com uma escola de padel espanhola, que neste momento ainda não estão totalmente definidos os moldes de como irá funcionar, mas a ideia é ter nos Açores, especificamente em Ponta Delgada, uma academia de padel de renome internacional. Este é um objectivo que está traçado e em desenvolvimento e que se tornará uma realidade no início de 2026.
Frederico Figueiredo
