Há pelo menos dois tipos de circuitos de informação e formação de opinião, os na bolha partidária e política e os de fora. A maioria dos cidadãos encontra-se no circuito de fora.
O resultado eleitoral da Madeira demonstra bem como a bolha partidária subestimou o povo e como as questões da justiça passaram do essencial ao acessório (infelizmente).
Os pormenores dos enredos políticos, das horas, ao minuto, dos comunicados, do desenrolar dos acontecimentos, da narrativa, passam à margem da esmagadora maioria das pessoas, que se concentram no essencial. E o essencial, na Madeira, passou por uma moção de censura aprovada pela oposição e sem forte motivo que o povo reconhecesse.
Miguel Albuquerque era arguido antes e depois das eleições. A justiça expõe-se à indiferença dos cidadãos.
É perigoso para o sistema judicial e democrático. Veja-se o processo interminável, Operação Tutti-Frutti, e os processos, sem desenvolvimentos conhecidos, como o Influencer e a operação na Madeira.
O povo, e após o caso Influencer, parece dar pouca importância a um candidato arguido, face às fragilidades visíveis do sistema judicial.
A resposta que os madeirenses poderiam procurar não a encontraram no Partidos Socialista, que continua sem capacidade de se regenerar, insistindo pela imposição a partir do aparelho do seu candidato em vez de permitir que a sociedade madeirense socialista proponha alternativas. Entre o PS e o JPP, o povo madeirense preferiu o JPP.
Há sinais que o povo, na sua sabedoria, nos dá gratuitamente. Saibamos escutar.
O PS necessita ouvir as pessoas, por ser um dos partidos fundadores da democracia e da nossa autonomia.
As eleições na Madeira são um aviso para as de 18 de maio.
A situação de Luis Montenegro, que não é arguido, mas que foi sócio de uma empresa, sendo simultaneamente primeiro-ministro, não é crime. No limite, e um limite preocupante, a ética foi atingida. E isso é grave. Grave o suficiente para cair o Governo? não. É nesta narrativa, que me parece que os cidadãos se situam.
O atrevimento do Governo ao apresentar uma moção de confiança, sabendo antemão da posição do PS, a negociação durante o debate, a tentativa de limitação da duração de uma Comissão de Inquérito, fazem parte de uma narrativa que a maioria dos cidadãos não acompanha e não se ocupa.
Se o debate político neste tempo pré-eleitoral for sobre o “sócio” Luis Montenegro e a moção de confiança do primeiro-ministro Luis Montenegro, o resultado será a consolidação da confiança do povo neste Senhor. Quiçá até o seu reforço.
Para ser diferente, o debate tem que se situar sobre as diferenças de posições claramente por parte de cada partido para resolver os problemas das pessoas e engrandecer Portugal ao nível económico e social.
A,b,c das autárquicas 12(36)
O número de candidatos efetivos para a câmara municipal de Ponta Delgada são 9. O número de candidatos efetivos para a assembleia municipal iguala o número de presidentes da junta de freguesia mais um (em Ponta Delgada, são 24+1), mas uma vez que não pode, contudo, ser inferior ao triplo do número de membros da respetiva câmara municipal, o número de candidatos efetivos à Assembleia Municipal é de 27. O número de candidatos suplentes não pode ser inferior a um terço dos candidatos efetivos.
Por: Sónia Nicolau