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O Psicólogo vai à Terapia

O título que decidi dar a este texto de hoje poderia bem ser o nome de um livro de aventuras. Até porque ainda é uma grande aventura falar de saúde mental, e também mais desafiante é abordar o tema da saúde mental de um psicólogo.
Gosto de ter uma relação próxima com as pessoas que acompanho. Para mim, a relação terapêutica é a base de todo o caminho e o que move esta viagem que a terapia permite. Como adepta de uma excelente relação como pilar para alcançar resultados duradouros, gosto sempre de receber as pessoas com um sorriso e tenho curiosidade em saber delas. Se estão bem, como foi a semana. Muitas vezes, sou surpreendida com a pergunta “e a Drª, também está bem? Sente-se bem? Como está a sua vida?”. Digo que fico surpreendida porque enquanto estou em modo psicóloga fico tão embrenhada nas histórias que tenho à minha frente, a efetuar associações e causas para chegarmos à solução, que por momentos esqueço que, durante aquela hora, estão ali dois humanos e eu também tenho a minha história, emoções e fragilidades.
Quando pensamos em psicólogos, normalmente a sociedade idealiza pessoas sempre estáveis, com uma vida totalmente orientada, como se fossemos um protótipo do ser humano perfeito e que estas características são requisitos para tirar o curso e exercer esta profissão. Que mito tão grande!
Não precisamos ter a vida toda orientada e perfeita para conseguir desempenhar as funções de psicólogo. Precisamos, sim, em primeiro lugar, ser bons profissionais e estudar, durante toda a nossa carreira, para compreender o comportamento humano e todas as histórias que chegam.
Um psicólogo é um ser humano como qualquer outro, incluindo as pessoas que acompanha. Não é uma pessoa perfeita, também tem o seu sofrimento. Eu tenho dias alegres, mas também dias em que não estou bem e que custa esboçar um sorriso nas consultas. Por mais que se estude ou se saiba ferramentas para lidar com as situações, a vida é feita de altos e baixos e nós psicólogos também passamos por fases de instabilidade (e também procuramos ajuda de um psicólogo!).
Separar o pessoal do profissional e humanizar a sua figura é algo que ainda causa confusão a muitas pessoas e é muito confuso e complicado pensar que um profissional de saúde mental auxilia alguém na mudança e bem-estar, mas também tem os seus problemas e faz a sua terapia.
Um psicólogo ir à terapia não significa ser melhor ou pior profissional. Significa estar atento a si, humano e consciente para reconhecer que também precisa de trabalhar a sua história. Nós psicólogos também choramos, também somos humanos e gostamos quando se preocupam connosco. Ir ao psicólogo é ainda mais fundamental para um psicólogo, que escuta histórias tão intensas e precisa geri-las para não as integrar na sua vida e história.
Que de hoje em diante possamos olhar para o nosso psicólogo como alguém humano, que também está a aprender todos os dias, mas que mesmo assim recebe de braços abertos quem o procura e reúne todas as condições necessárias (como formação e experiência) para desempenhar as suas funções.
Para além de ser a Maria que é Psicóloga Clínica e dá o seu melhor todos os dias, eu sou a Maria humana que por vezes também tem um turbilhão de emoções e pensamentos dentro de si. E que bom que é poder ser a profissional que ajuda quem me procura, mas também que é humana e cuida de si!

Por: Maria Pereira

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