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Novo álbum do artista micaelense THE BRAIN expõe as vulnerabilidades ligadas ao bullying e o processo de superação a partir da música

No próximo Sábado, 19 de Abril, Ponta Delgada será palco da apresentação de “Crisálida”, o mais recente trabalho do músico micaelense THE BRAIN. O evento terá lugar no Club Motard Independent, na Fajã de Cima, e promete ser mais do que um simples concerto: será uma noite de celebração da arte como processo de cura e de transformação pessoal. “Foi no silêncio do meu quarto e na folha em branco que reencontrei a minha voz”, confessa o artista emergente no livro digital feito para o projecto.

“Crisálida” não é apenas um álbum: é um manifesto emocional, uma viagem através da dor, da introspecção e, por fim, da libertação. Todavia, para entender verdadeiramente o peso e a profundidade deste novo projecto musical, é preciso mergulhar para além da sonoridade.
Desde a primeira até à última faixa, “Crisálida” apresenta-se como um “casulo sonoro” onde THE BRAIN – nome artístico de Gonçalo Sousa – recolhe-se para, mais tarde, aparecer em grande. A metáfora e simbologia de “crisálida” sustenta este trabalho inteiro, tanto no conteúdo das letras como no imaginário visual e conceptual do álbum. No sentido figurado, esta palavra significa “coisa latente ou em preparação”.

Álbum sobre superação
No livro digital que explica o variado conteúdo relativo ao projecto musical, o artista escreve que “a crisálida que construí durante este processo não foi apenas uma metáfora, mas uma protecção real contra tudo o que me doeu: o bullying, o julgamento, o silêncio, o medo”. São palavras que espelham o carácter intimista do projecto e da coragem com que THE BRAIN aborda a vulnerabilidade pessoal. Ou seja, em vez de esconder as fragilidades por detrás de personagens ou estéticas distantes, o artista escolhe mostrar as suas dores, dúvidas e frustrações de uma forma crua e honesta.
“Os comentários e críticas muitas vezes pesam mais do que aquilo que conseguimos admitir. E isso bloqueia. Congela. Faz-nos questionar se vale a pena”, lê-se num dos excertos do livro.
Ao longo das páginas do livro digital do álbum, THE BRAIN traça um percurso que vai do isolamento à reconciliação consigo mesmo. Fala das inseguranças que o acompanharam desde a infância, das palavras cruéis que o marcaram, das máscaras que aprendeu a usar, e da necessidade de se reinventar através da sua própria arte.
“Foi no silêncio do meu quarto e na folha em branco que reencontrei a minha voz”, confessa o músico.

Uma voz que se levanta
na ilha de São Miguel
O artista micaelense em ascensão já consta com um álbum e um EP, lançados anteriormente, no seu currículo. Tem vindo a construir uma identidade musical vincada por uma fusão diversificada de estilos, que vão do hip-hop a géneros musicais de carácter mais experimental, mas sempre com um cunho e uma escrita fortemente auto-biográfica.
“Crisálida” reforça essa assinatura pessoal, ao mesmo tempo que convida outros artistas emergentes da ilha para integrarem na construção deste seu universo sonoro. Dusk e NIGGY são dois dos nomes que ajudam a dar corpo e textura ao álbum.
O projecto representa também um desejo de diálogo artístico que o próprio THE BRAIN reconhece ser escasso na ilha de São Miguel.
“Há uma falta de união entre artistas na ilha. Sinto que, por sermos poucos, devíamos apoiar-nos mais. Essa desunião só dificulta o crescimento colectivo”, afirma Gonçalo Sousa.

Apresentação do álbum
em Ponta Delgada
Depois de uma apresentação inicial na Ribeira Grande, chega agora a vez de Ponta Delgada acolher “Crisálida”. Organizado pela Basalto Cultural – Associação de Artes, o espectáculo contará com a actuação de THE BRAIN e de DJ Amorim, para além de outras surpresas que prometem criar uma “atmosfera intimista e arrebatadora”.
É uma oportunidade rara de assistir ao vivo a apresentação de um trabalho que não se limita a ser somente música. “Crisálida” é um projecto multidisciplinar que junta música, poesia, design e performance. É o culminar de um processo de transformação que envolveu não apenas o artista, mas também todos aqueles que, de forma directa ou indirecta, ajudaram a construir esta sua nova viagem. Para THE BRAIN, esta apresentação simboliza também uma forma de libertação: “Agora posso sair da crisálida / Posso voar sem medo de cair.”
No fim de contas, “Crisálida” não é apenas um trabalho sobre THE BRAIN, é um projecto no qual muitos se poderão identificar com o relato das suas experiências. O bullying, a insegurança, a necessidade de aceitação e a vontade de se reencontrar são temas que tocam um pouco em todos nós.
José Henrique Andrade

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