Comemorou-se ontem o Dia do Exército Português, cuja data visa homenagear toda a história do exército de Portugal, bem como valorizar e projectar o seu futuro. O Comandante da Zona Militar dos Açores, Brigadeiro General Jorge Filipe da Silva Ferreira garante ao nosso jornal que o exército tem sido um “estandarte fundamental para a manutenção da independência e soberania do país”. Revelou que a Zona Militar dos Açores, “mais do que dificuldades, enfrenta desafios” e que o objectivo principal é o de defender a Região Autónoma dos Açores.
Correio dos Açores – Qual a importância da celebração deste dia?
Comandante da Zona Militar dos Açores, Brigadeiro General Jorge Filipe da Silva Ferreira – O exército de Portugal tem sido um estandarte fundamental para a manutenção da independência e soberania do país, sendo que o seu dia se comemorou a 24 deste mês (ontem), data muito relevante na nossa história, pois celebra a conquista de Lisboa aos Mouros em 1147, pelas tropas de Dom Afonso Henriques, Patrono do Exército Português.
Que iniciativas estão preparadas para este dia?
As comemorações do dia do exército em 2025, concentraram-se na cidade de Viseu, de 21 a 26 deste mês, com um programa repleto de momentos marcantes que celebram a história, o presente e o futuro do Exército Português. Outros eventos decorreram na Academia Militar, e em Coimbra, a 23 e 24 deste mês respectivamente. Na Zona Militar dos Açores foram desenvolvidas as seguintes actividades: na semana de 20 a 26 deste mês, todas as unidades abriram as suas portas à comunidade, podendo ser visitadas. O Museu Militar dos Açores esteve com a entrada gratuita no dia de ontem. Foram efectuadas palestras em Escolas Secundárias das ilhas de São Miguel e da Terceira e no dia de amanhã, pelas 11h00 será celebrada uma Missa de Acção de Graças e de Sufrágio, na Igreja Catedral Sé de Angra do Heroísmo, na Ilha Terceira.
Quais as missões que o Exército desenvolve no arquipélago?
O Exército está ao serviço de Portugal, contribuindo para a segurança e bem-estar dos Portugueses. O Exército é uma organização ágil, com grande flexibilidade de resposta, assente nas suas capacidades alargadas e distintivas e para tal, garante presença física no Grupo Central e Oriental da Região Autónoma dos Açores, através da Zona Militar dos Açores. A principal missão desta zona militar é defender o Arquipélago dos Açores. Para garantir a defesa imediata do arquipélago, bem como para colaborar na sua vigilância, em especial em áreas e pontos sensíveis, conta com um Batalhão de Infantaria Ligeira na Terceira (com Destacamento no Faial) e outro em São Miguel (com Destacamento em Santa Maria), onde se encontra igualmente sedeado, o Comando destas Forças da Componente Operacional do Exército. Estes Batalhões de Infantaria Ligeira desenvolvem Exercícios durante o ano, com a intenção de alcançar a adequada preparação para as operações de Defesa Militar Terrestre, como acontece no decorrer da presente semana, através do Exercício Conjunto MILHAFRE 25, o qual integrou os meios alocados a cada uma das componentes (Marítima, Terrestre e Aérea) sediadas na Região Autónoma dos Açores, bem como manter-se “Sempre Prontos” para garantir outras das importantes atribuições desta zona militar, que são o apoio ao desenvolvimento e bem-estar das populações e o Apoio Militar de Emergência, incluindo o apoio ao Serviço Regional de Protecção Civil e Bombeiros dos Açores, na resposta a situações de catástrofe ou outras emergências complexas. A estrutura territorial do Exército no Arquipélago, conta ainda com um Quartel-General, com dois Regimentos de Guarnição na sua dependência (o Nº1 em Angra do Heroísmo e o Nº2 nos Arrifes – Ponta Delgada), os quais são responsáveis pela Organização Geral, Formação, Aprontamento e Manutenção dos referidos Batalhões de Infantaria Ligeira.
Quais as maiores dificuldades que a Zona Militar dos Açores enfrentam os dias de hoje?
A Zona Militar dos Açores, mais do que dificuldades, enfrenta desafios, aos quais responde diariamente com abnegação e espírito de bem servir. Os actuais efectivos e a retenção dos mesmos são uma preocupação permanente, bem como a melhoria das infra-estruturas onde os nossos militares prestam serviço, e o reequipamento dos Batalhões de Infantaria Ligeira localizados na Ilha Terceira e em São Miguel, os quais integram a Componente Operacional do Sistema de Forças do Exército. Neste último ponto, desde do ano passado e no âmbito da Lei de Programação Militar (LPM), estes Batalhões têm recebido diverso material de montanhismo, desenvolvendo desse modo a capacidade de transposição de obstáculos verticais e horizontais, permitindo a busca, resgate e salvamento, no âmbito do Apoio Militar de Emergência. Em Abril do presente ano, receberam 02 Viaturas Tácticas Ultraligeiras Polaris MRZR-D2 (VTUL-2L) cada, as quais se destacam pela robustez e facilidade de projecção, como em área marítima, garantindo elevada capacidade para operar em terrenos difíceis, características essenciais para o contexto dos Açores.
Durante o mês passado, foram igualmente recepcionados, Rádios de Baixos Escalões e Rádios Individuais, que vieram reforçar os nossos sistemas de Comando, Controlo, Comunicações, Computadores e Informações. E no dia 17 deste mês, os dois Regimentos de Guarnição foram equipados com meios de Engenharia, designadamente uma Retroescavadora de Rodas KOMATSU WB93R-5 e uma Viatura Auto Basculante SCANIA D 4X4 MA/00 P, os quais, se necessário, poderão ser empregues no Apoio Militar a Emergências Civis.
Quanto pessoal dispõe a Zona Militar dos Açores?
A Zona Militar dos Açores dispõe actualmente cerca de 600 elementos, entre militares nas várias formas de prestação de serviço e funcionários civis, estando presente fisicamente em 4 das 9 ilhas deste arquipélago. Iremos incorporar, no dia 27 deste mês, um novo contingente de Praças em Regime de Voluntariado (RV) e de Contrato (RC), esperando alcançar os 50 novos recrutas, oriundos de várias ilhas do arquipélago e que após a sua formação, irão ser colocados nas várias unidades desta zona militar”.
Em que missões os militares da região estão inseridos?
A Zona Militar dos Açores contribui, desde 2005, para o esforço do Exército e no âmbito das Organizações Internacionais em que Portugal participa, em missões fora do Território Nacional, para manutenção da paz, da estabilidade e para a segurança internacional, nos Teatros de Operações de Timor, Líbano, Kosovo, Afeganistão e Iraque, perfazendo até ao momento, um total de mais de 500 militares participantes destas Forças Nacionais Destacadas (FND). Desde 2023, esta zona militar contribuiu para a 4.ª, 5ª, 7ª e 8ª FNDs na Roménia, num total de 100 militares, provenientes dos Batalhões de Infantaria Ligeira sediados em São Miguel e na Terceira e com os quais continuamos a contribuir eficazmente para o assegurar de uma postura de dissuasão e defesa no flanco oriental da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), pela participação em acções de treino e em exercícios combinados com as Forças Armadas da Roménia e de outros países aliados.
Sentem falta de Recursos Humanos?
Os Recursos Humanos são o bem essencial no Exército, sendo um dos seus objectivos estratégicos, dinamizar a obtenção e retenção dos mesmos, através da melhoria dos processos de recrutamento (seguindo uma política de proximidade com os candidatos e diversificando as formas de chegar a este escasso recurso), da optimização da Gestão de Carreiras (com o objetivo de colocar o homem certo na função certa), da implementação de medidas com vista ao reforço da melhoria da componente assistencial à Família Militar, e da consolidação de medidas que possibilitem a efectiva concretização da igualdade e não discriminação. Particularmente, na Zona Militar dos Açores, a falta de Recursos Humanos é sentida essencialmente ao nível das Praças. Contudo, e ao nível do Recrutamento, podemos verificar uma estabilização dos candidatos a concorrerem ao Exército, nos Açores, no ano de 2025, existiu um pouco de melhoria, relativamente aos últimos dois anos.
O nosso foco passa igualmente, pela retenção dos militares após entrarem nas fileiras, e é aqui também que se encontra o esforço da Zona Militar dos Açores e do Exército, procurando-se a melhoria das condições dadas aos militares, como por exemplo, a concretização do aumento do vencimento das Praças e a abertura dos Quadros Permanentes de Praças.
DP