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“A maioria dos formandos não prossegue estudos,até porque quando vêm para o ensino profissional é com o objectivo de ter uma profissão”, afirma a Directora Pedagógica Isabel Rodrigues

A Escola Profissional do Pico conta com 26 anos de história e um papel central na formação profissional da ilha. No presente ano lectivo detém seis turmas e oito cursos em funcionamento. A instituição destaca-se pela proximidade com os alunos, pela orientação vocacional e pela ligação às empresas locais. Em entrevista ao ‘Correio dos Açores’, a Directora Pedagógica Isabel Rodrigues fala sobre a oferta formativa, as dificuldades do ensino profissional e os desafios de preparar jovens para o futuro num contexto de mudança e envelhecimento populacional.

Correio dos Açores – Que ofertas formativas tem a escola de momento? Isabel Rodrigues (Directora Pedagógica) – Neste ano lectivo a Escola Profissional do Pico encontra-se com seis turmas que agregam oito cursos, pois duas das turmas agregam dois cursos, isto é, turmas que funcionam em comum na componente sociocultural e em separado na componente prática e científica. Esta modalidade é penalizadora para a escola, mas permite aos alunos mais opção de escolha.
Assim, temos: no 1ºano, os cursos de Técnico de Acção Educativa, Técnico de Vendas, Técnico de Instalações Eléctricas; no 2ª ano, os cursos de Técnico de Informática de Gestão, Técnico de Apoio Psicossocial, Técnico de Restaurante Bar; no 3ºano, os cursos de Técnico de Turismo Ambiental e Rural, e Técnico de Apoio à Gestão Desportiva.
Para o próximo ano prevemos um número semelhante de cursos. Quanto às áreas de formação, ainda não estão definidas.

O que vos difere de outros escolas profissionais a nível Açores? Quais são as vossas características?
As escolas profissionais são muito semelhantes, pois são financiadas da mesma forma e os cursos seguem os mesmos moldes. No entanto, há aquelas que se conseguiram especializar, que conseguiram fazer grandes obras, ou que estão localizadas em áreas com muita população e têm, de certa forma, uma maior facilidade em cativar alunos.
A nosso favor temos 26 anos de história com muitos episódios de sucesso. Somos a única escola profissional da ilha e valorizamos muito os nossos alunos: sabemos o nome de cada um, as suas dificuldades e tentamos chegar a todos. Os alunos são felizes aqui.

Que dificuldades, obstáculos e adversidades a escola enfrenta no seu dia-a-dia?
A Escola Profissional do Pico depara-se com as mesmas dificuldades sentidas por grande parte das escolas, ou seja, o envelhecimento da população e redução do número de formandos; a falta de apoio para lidar com alunos com dificuldades específicas; a dificuldade em contratar formadores para a componente sociocultural e científica (uma vez que não conseguimos oferecer as mesmas condições que o ensino geral); as demasiadas exigências e burocracias, próprias de quem trabalha com fundos comunitários; o absentismo, faltas e comportamentos de risco transversal a todos nós; as penalizações em sequência do não aproveitamento; por último, a falta de apoio para actividades extracurriculares, pois contam pontos quando candidatamos os cursos a participarem em vários programas de igualdade de género e ambiente, mas depois não podemos participar durante o período de aulas, uma vez que o fundo social só financia formação e não sensibilização.

Em termos de apoios governamentais, institucionais e europeus, qual é a situação actual da escola?
Estamos num momento de recuperação de histórico. Ainda é cedo para fazer uma avaliação fidedigna, no entanto o apoio do Governo na contratualização de empréstimos que permitiram às escolas funcionar com alguma normalidade e cujos os juros foram pagos pelo Governo dos Açores foi fundamental. Ao nível dos projectos europeus, a nossa escola tem participado em diversos ao longo dos anos, que têm decorrido com elevado sucesso e grande eficiência nos seus processos.

A nível geral, os estudantes depois de terminarem o seu curso profissional integram o ensino superior?
A maioria dos formandos não prossegue estudos, até porque quando vêm para o ensino profissional a principal razão que apresentam é querer ter uma profissão, uma vez que não vão prosseguir estudos. No entanto, é frequente acontecer casos de alunos que mudam de ideias e acabam por ingressar na universidade e isso também acaba por ser uma vantagem que o ensino profissional tem. Alguns cursos são uma mais valia para o aluno que entra na mesma área na universidade, ou seja, acabam por entrar com uma “bagagem” vantajosa. Imaginemos um aluno que estudou Contabilidade e vai para a universidade, certamente vai se destacar de outros que não tiveram as mesmas experiências, no entanto, isto não é transversal a todos os cursos.

Em que moldes a Escola Profissional contribui para o ingresso no mercado de trabalho dos estudantes formados?
A Escola Profissional do Pico faz um trabalho muito próximo das empresas e dos seus formandos, por exemplo, divulga todas as ofertas de emprego e ajuda elaborar o currículo. O nosso técnico de Inserção e Orientação Profissional apresenta não só os programas existentes, como apresenta sessões de técnicas de procura de emprego. A escola possui há vários anos uma base dados onde continua a comunicar com os formandos no sentido de fazer um levantamento da situação face ao emprego, continua a divulgar as ofertas que chegam à escola, como também outras que aparecem nos diferentes meios de comunicação (quer do Governo Regional, quer das empresas).
As escolas profissionais são especiais, na medida em que fazem um trabalho de muita proximidade e dirigido especificamente para o mundo laboral. É um trabalho com vários parceiros, que passa por entidades públicas e privadas, receptores de estágio, orientadores e colaboradores na formação. Ou seja, no ensino profissional vários intervenientes fazem parte do processo de ensino-aprendizagem, é uma realidade diferente com uma exigência diferente e cujo o objectivo passa por preparar para a vida e não só para o trabalho. É um projecto ambicioso que as escolas profissionais da Região têm levado muito a sério.
José Henrique Andrade

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