A Grécia manifestou apoio à candidatura de Portugal a membro não permanente do Conselho de Segurança das Nações Unidas, para o biénio 2027-2028, numa demonstração de proximidade diplomática entre os dois países do sul da Europa.
Segundo noticiou a “Euronews”, o anúncio foi feito durante o encontro entre os ministros dos Negócios Estrangeiros, Georgios Gerapetritis e Paulo Rangel, realizado em Atenas. O chefe da diplomacia grega garantiu que o seu país “apoiará firmemente” Portugal como sucessor natural da Grécia no Conselho de Segurança, sublinhando os valores e a visão política partilhada entre as duas nações.
“Há fortes laços de amizade entre a Grécia e Portugal. Partilhamos princípios comuns, como a resolução pacífica de litígios, a defesa do direito internacional e o respeito pelo direito do mar”, afirmou Gerapetritis, citado pela “Euronews”.
O ministro grego destacou ainda a importância da cooperação entre os dois países em áreas como a segurança marítima, a liberdade de navegação e a estabilidade regional, especialmente face aos desafios globais representados pelos conflitos na Ucrânia, no Médio Oriente e em África.
Ambos os ministros expressaram preocupação com a situação em Gaza, defendendo a necessidade de prolongar o cessar-fogo e reforçar a ajuda humanitária. “Portugal e Grécia partilham uma visão comum de paz e segurança global”, referiu Gerapetritis, acrescentando que os dois países “estão empenhados em fortalecer o papel da Europa como união geopolítica forte e autónoma”.
Durante o encontro, foram igualmente abordados temas ligados à proteção civil, à migração e ao futuro Pacto Europeu sobre Migração e Asilo. Gerapetritis afirmou esperar “uma distribuição mais justa dos encargos entre os Estados-membros” e sublinhou que “Grécia e Portugal continuarão a trabalhar com países terceiros para reduzir os fluxos migratórios irregulares”.
Paulo Rangel, por seu lado, começou a sua intervenção em grego, gesto que mereceu aplausos da delegação anfitriã. O ministro português agradeceu ao primeiro-ministro Kyriakos Mitsotakis e a Gerapetritis pela hospitalidade e afirmou que “Portugal e Grécia partilham uma mesma visão do mundo e do papel da Europa”.
“Somos países de média dimensão, mas com uma vasta rede global de relações graças às nossas diásporas. É difícil melhorar ainda mais as relações bilaterais, porque são já excelentes”, declarou o chefe da diplomacia portuguesa, citado pela “Euronews”.
Rangel recordou que ambos os países têm trajectórias históricas semelhantes: saíram de regimes autoritários na década de 1970, aderiram à Comunidade Europeia na década seguinte e superaram crises económicas profundas. O ministro grego evocou mesmo o escritor português José Saramago, afirmando que “criar é sempre mais emocionante do que destruir”, como símbolo de resiliência e reconstrução partilhada.
Sobre a questão migratória, Paulo Rangel destacou que “a Europa precisa de mão-de-obra, mas deve combater a exploração e a imigração ilegal, sem rejeitar a imigração em si mesma”.
No final do encontro, Gerapetritis reafirmou que Portugal “é o sucessor natural da Grécia no Conselho de Segurança da ONU” e garantiu o apoio de Atenas à candidatura portuguesa, considerada um passo importante na consolidação da presença diplomática de Lisboa no sistema multilateral das Nações Unidas.
