Está com mais 5 pontos do que o penúltimo classificado e mais 3 do que o 16.º classificado, o Casa Pia, posição de acesso ao “play-off” com o terceiro classificado da II Liga.
Há um ano era sexto à 10.ª jornada com mais 7 pontos, devido às 6 vitórias e às 4 derrotas.
O corpo técnico da equipa de Ponta Delgada tem mudado o sistema táctico. Frente ao Gil Vicente voltou a optar por uma defesa com quatro elementos em detrimento do processo de defender com cinco jogadores, que tão bons resultados deram. Vai alternando consoante as características dos opositores.
Mudar traz sempre um período de adaptação, principalmente depois de uma rotina com dois anos e quatro meses. O golo do Gil Vicente, apontado pelo inevitável Pablo, aos 9 minutos, nasceu precisamente da falha de marcação no centro da defesa depois do cruzamento lateral de Joelson Fernandes. Faltou o quinto homem. Sydney Lima tem actuado no centro, colmatando a ausência, por lesão, do influente MT. Vasco Matos não deu preferência a Frederico Venâncio.
Quinta com mais chances de golo…
Tem sido evidente as dificuldades sentidas pela equipa do Santa Clara quando está em desvantagem. Consegue criar oportunidades de golo, mas não as concretiza. Nunca foi de marcar muitos golos, mas os que ia apontando foram suficientes para arrecadar muitos pontos. Permanece como a quinta equipa com maior percentagem de chances de golo, atrás do Sporting, do FC Porto, do Sporting de Braga e do Benfica. Só que não se traduzem em pontos…
Se na época passada marcava um golo com meia oportunidade, agora nem com oportunidade e meia. Aliado a este factor está a falta de confiança que os resultados contribuem. O arranque fulgurante da época passada transmitiu crença e firmeza aos atletas, “combustível” que alimentou uma carreira de sonho e impensável.
Vasco Matos alertou que este campeonato seria mais difícil para a equipa, mesmo mantendo a “espinha dorsal”. Não há campeonatos iguais para as equipas que lutam pela manutenção. Quase tudo muda. É o que está suceder com o Gil Vicente. É quarto com 22 pontos, a 12 pontos da pontuação necessária para permanecer. No anterior campeonato terminou em 13.º com 34 pontos. Agora, animado pelos bons resultados, vai ganhando mesmo sem realizar exibições de gabarito. Como aconteceu na noite segunda feira. Teve o apoio de 5 465 espectadores, o que não se passa por cá.
Lentidão substituída por rapidez
Após o golo marcado a equipa de Barcelos concentrou-se em defender. Mas fê-lo intencionalmente. Abdicou de procurar o segundo golo. Esteve bem posicionada.
Em muitos períodos a formação do Santa Clara foi muito lenta e previsível no jogo. Demorou muito na construção. Os pontapés em profundidade para o ataque não resultaram. Para mais, a forte defesa gilista só consentiu quatro golos nos 10 jogos. As poucas oportunidades de golo foram pelas alas.
É verdade que a equipa açoriana cresceu e começou a ter mais posse de bola. Acentuou-se na segunda parte e na fase final da partida (62%). Mais rapidez, melhores movimentações, mas os muitos cruzamentos esbarravam na compacta defesa, reforçada com mais dois elementos à frente. Mas dos 15 remates do Santa Clara à baliza, só quatro foram enquadrados. Oito remates foram na área e 7 de fora. O guarda redes Andrew esteve sempre bem colocado. Nem um pontapé de canto a formação usufruiu.
O Gil teve 9 remates, três para defesas seguras e simples de Gabriel Batista. Na segunda parte só por duas vezes, ambas por Murilo, em transições. Sentiu dificuldades mas foi dando para as encomendas. O Santa Clara criou-he dificuldades que não tinham encontrado nos jogos em casa sem serem com os candidatos. Porém ganhou e daqui a dias poucos se recordarão da pressão da equipa insular.
Gabriel Silva não está comprometido
A ausência de Gabriel Silva em algumas partidas do Santa Clara nesta época tem suscitado dúvidas e comentários variados.
Depois de um bom arranque de temporada, com 4 golos, sendo titular em quatro jogos da Liga Conferência e suplente utilizado em outros dois, com 410 minutos de utilização, e sendo primeira escolha do treinador Vasco Matos em seis desafios da I Liga, com duas entradas com as partidas a decorrerem, jogando 484 minutos, deixou de aparecer com a regularidade habitual depois do jogo com o CD Tondela (1-2), de 27 de Setembro, e onde entrou aos 53 minutos.
Numa reunião, há algumas semanas, com os jornalistas, o treinador justificou com problemas pessoais. Efectivamente Gabriel Silva não tem passado bem. Tem sido acompanhado. Chegou a estar a treinar com a equipa de sub 23.
Reapareceu no jogo com o AFS, quase um mês depois. Alinhou desde os 66 minutos no triunfo por 2-0. Foi titular em Braga, actuando todo o tempo na partida da Taça da Liga, mas nem convocado foi para o encontro de segunda feira, com o Gil Vicente.
A repórter do canal televisivo Sport TV questionou Vasco Matos no final do jogo a estranheza pela ausência de atleta tão influente.
“Só falo de quem quer estar connosco”
O treinador do Santa Clara foi lacónico na primeira resposta, afirmando ter sido “por opção”, mas, perante a insistência, perguntando se é por dispor de demasiadas opções, disse que “não vou falar sobre isso”, o que desde logo deixou no ar que algo se passa com Gabriel Silva.
Porém, Vasco Matos adiantou estar “muito contente com a atitude dos meus jogadores, com o compromisso que a equipa demonstrou em campo e tenho de falar sobre estes jogadores, sobre esta entrega e só me interessa falar sobre quem quer estar connosco a cem por cento. Isto é o que me interessa”.
Conclusão, Gabriel Silva não tem estado totalmente comprometido com a equipa, daí ter ficado novamente de fora do lote dos convocados.
Próximo do fecho do primeiro período de transferências, em Agosto, o Sporting de Braga propôs a aquisição do passe de Gabriel Silva a fim de substituir Roger Fernandes. Houve entendimento com a administração do Santa Clara com valores que rodavam os 5 milhões de Euros e mais três milhões se fossem cumpridos determinados objectivos.
O jogador recusou a proposta do clube do Minho, permanecendo no Santa Clara. Só que os problemas recentes do jovem jogador de 23 anos de idade não contribuem para estar na equipa, apesar da preponderância que tem, e para o seu futuro como profissional.
Gabriel Silva chegou ao Santa Clara em Junho de 2022, por empréstimo do Palmeiras. Na época seguinte a SAD do clube de Ponta Delgada adquiriu parte do passe. Tem contrato até 30 de Junho de 2027.
Ao longo dos 113 jogos, marcou 20 golos e fez 8 passes para golo.
Face a esta fase negativa porque passa, não admirará se sair no período das inscrições de Janeiro.
