Sistemas de baterias vão permitir reduzir da utilização de energia térmica

EDA vai investir 158 milhões de euros até 2024 para as energias renováveis representarem mais de 53% do consumo eléctrico nos Açores

A Empresa de Electricidade dos Açores, EDA, vai investir 205 milhões de euros no período 2020-2024 e, deste total, 158 milhões de euros destinam-se a executar um plano de novos empreendimentos em aproveitamentos de energias renováveis e sistemas de armazenamento de energia que pretendem permitir, no actual estado de desenvolvimento das tecnologias, a maximização da produção renovável “nos pequenos e isolados” sistemas eléctricos dos Açores, foi anunciado na revista ‘EDA Informa’.
A EDA considera a obtenção de fundos comunitários (Programa Operacional dos Açores 2014-2020) para os sistemas de armazenamento que vão ser instalados em São Miguel, Terceira e Santa Maria, no valor de 30 milhões de euros.
Do total de investimento de 205 milhões de euros para os próximos quatro anos, 48% destinam-se a obras e acções ao nível dos centros produtores de energia, dos quais 26% em sistemas de armazenamento e 22% em centrais termoeléctricas. O montante que vai ser investido, no mesmo período, em obras no âmbito do transporte e distribuição de energia eléctrica, representa 35% do plano de investimentos.
Para 2020, o plano de investimento da EDA é de 47 milhões de euros, dos quais 30,5% estão afectos aos centros produtores, 27,4% ao transporte e distribuição de energia em alta e média tensão e 13,1% à distribuição de baixa tensão.

Reduzir a penetração
de energia térmica
com sistemas de baterias

Na análise que faz ao mercado internacional da energia eléctrica, a EDA considera “gradualmente mais relevante e exigente a necessidade de efectuar regulação do sistema e manter a sua estabilidade”.
Actualmente, a função de controlo de tensão e frequência é assegurada, quase em exclusivo, pelos grupos térmicos, o que constitui uma imposição técnica que limita a penetração de uma maior quota de energias renováveis. Neste contexto, entende a EDA que a “minimização deste constrangimento à integração na rede eléctrica de energia renovável depende, não só da redução ao mínimo possível do valor da potência térmica necessária para o sistema, como de soluções que permitem garantir a continuidade e qualidade do produto disponibilizado e a segurança de pessoas e bens”.
Neste contexto, a eléctrica açoriana considera algumas “das mais promissoras soluções emergentes como sistemas de armazenamento de energia em baterias, quer para serviços de sistema – colaboração no controlo de tensão e frequência – quer para efeitos de armazenamento (…) minimizando o funcionamento dos grupos térmicos e assegurando maiores níveis de penetração de energias renováveis”.
Aprovados sistemas
de baterias em São Miguel
e na Terceira
  
No entender da EDA, a maximização da produção de energia renovável será, assim, “facilitada” nos Açores pela construção prevista de sistemas de armazenamento de energia baseada em baterias e que “permitirá um aumento de penetração de energias renováveis” por substituição de parte da energia eléctrica de base”
Este tipo de tecnologia será instalado nas ilhas de São Miguel, Terceira, São Jorge, Pico, Faial, Santa Maria e Corvo.
Segundo o Presidente do Conselho de Administração da EDA, Duarte Ponte, as candidaturas dos sistemas de armazenagem de energia e controlo da rede por baterias para as ilhas de São Miguel e Terceira foram já aprovadas.
Duarte Ponte anunciou, para os próximos dias, a entrega das propostas resultantes do concurso público internacional, entretanto já lançado, para a aquisição do equipamento para a Terceira. E também deverá estar lançado o concurso público internacional para um sistema idêntico para São Miguel.
O Presidente da EDA salienta que estes são investimentos “elevados que exigem um acompanhamento rigoroso” por parte dos técnicos da empresa “não só na fase de concurso, mas também na fase de instalação e testes, para que o resultado final seja o esperado”.
O até agora administrador da EDA, Pedro Neves Ferreira, dá uma entrevista à última edição da revista ‘EDA Informa’ onde afirma que as baterias que vão ser instaladas nos Açores “têm uma potência bem superior às que existem no continente!”.
Pedro Neves Ferreira sublinha, a propósito dos investimentos em energias renováveis , que os Açores “são cobiçados como laboratório para testes de tecnologias inovadoras e isso deve ser aproveitado para a obtenção e retenção de know-how de ponta na Região”.
A conclusão dos investimentos em curso e a concretização do Plano de Investimentos em energias renováveis para os próximos quatro anos “poderá permitir”, segundo a EDA, “aumentar, em 2024, a parcela correspondente à emissão com base em energias renováveis dos cerca de 39,7% estimado para 2019, para cerca de 53,2% nos Açores”.

Vão ser abertos mais seis 
poços geotérmicos
em São Miguel

A empresa ‘Drilling Company’ venceu o concurso público para a realização de novos poços geotérmicos em São Miguel e na Terceira. No caso de São Miguel, o projecto visa a execução de três poços geotérmicos no sector Cachaços-Lombadas, com vista à saturação da potência instalada na Central Geotérmica da Ribeira Grande para os 13 MegaWatts. Os poços geotérmicos CL9 e CL10 terão um perfil técnico direccional e serão executados após conhecidos os resultados do poço geotérmico CL8 que será perfurado verticalmente até cerca de 1.500 metros de profundidade.
A ‘Drilling Company’ vai também proceder à instalação de três poços geotérmicos no sector do Pico Vermelho, com o objectivo de incrementar a potência da Central Geotérmica do Pico Vermelho em cerca de 5 MegaWatts. Os três poços verticais (PV12, PV13 e PV14) vão ter um quilómetro de profundidade.
Pretende-se com os investimentos programados para a Central Geotérmica da Ribeira Grande e para a Central Geotérmica do Pico Vermelho “aumentar a contribuição” da fonte geotérmica no sistema electroprodutor de São Miguel de 38% para 53% como previsão para 2023.
A EDA espera o parecer favorável do Tribunal de Contas sobre o contrato de empreitada em tempo útil para que todos os equipamentos e materiais necessários estejam no terreno prontos para se iniciar as perfurações no quarto trimestre deste ano.
Está também prevista para 2022 a instalação em São Miguel de um parque fotovoltaico com 4 MegaWatts de potência instalada e a expansão do Parque Eólico dos Graminhais.

EDA procura que a central
da Terceira chegue aos 10 MW

A empresa ‘Drilling Company’ vai, igualmente, executar a abertura de um máximo de mais três poços geotérmicos no campo geotérmico do Pico Alto, na Terceira, onde é objectivo da EDA “manter” a potência contratada inicial de 3,5 MegaWatts e proceder “à expansão da central com uma potência de mais 6,5 MegaWatts, caso de comprove a disponibilidade de recurso geotérmico e o sucesso da campanha de perfuração”.
Este investimento na Central Geotérmica da Terceira “permitirá aumentar” a contribuição da fonte geotérmica no sistema electroprodutor da ilha de 13% para 40% enquanto previsão para 2023.
Segundo a EDA, o projecto geotérmico dos Açores “é, há já largos anos, uma aposta ganha, traduzida nos significativos benefícios económicos e ambientais para a Região” e enquanto “exemplo a nível europeu”. 
Duarte Ponte, Presidente do Conselho de Administração da empresa, escreveu na revista ‘EDA Informa’ que toda a equipa da EDA Renováveis ligada à geotermia “irá enfrentar, a curto prazo, “um enorme desafio” que será o de coordenar diversas empreitadas em simultâneo, desde a realização das plataformas para os poços geotérmicos, as perfurações, instalação e diversos equipamentos nos poços (tubagens e válvulas, avaliação dos novos poços e consequente planeamento das futuras expansões das centrais além de “garantir que todas estas etapas “sejam devidamente monitorizadas em termos ambientais”.
Em Santa Maria vai arrancar no primeiro trimestre deste ano a exploração da central fotovoltaica com uma potência de 600 KiloWatts e uma emissão anual estimada de cerca de 770 MegaWatts. A central, segundo a EDA, pode ser ampliada até à potência de um MegaWatt.
A empresa tem também programado para Santa Maria, no período de 2020-2024, a ampliação do parque eólico do Figueiral.

Parques fotovoltaicos em quase
 todas as ilhas e central 
hidroeléctrica nas Flores

Para a ilha de São Jorge está prevista a instalação em 2022 de um parque fotovoltaico de 1 MegaWatt. Está prevista a remodelação do parque eólico da ilha com a substituição de seis torres de 300 KiloWatts. Por três de 900 KiloWatts, no decorrer de 2024.
Está programado para 2022 a instalação na ilha do Pico de um parque fotovoltaico de 1,5 MegaWatts e o início da remodelação do parque eólico, em 2024, com a substituição das actuais oito torres de 300 KiloWatts por quatro de 900 KiloWats.
Na ilha do Faial está programado para 2022 a instalação de um parque fotovoltaico de 1,5 MegaWatts.
Está prevista para 2023 a entrada ao serviço da nova central hídrica da ilha das Flores, para aproveitamento do potencial hidroeléctrico da Ribeira Grande. A nova central vai ser equipada com dois grupos geradores de potência unitária de 550 KiloWtts, perfazendo o total de 1.100 KiloWatts de potência instalada. A produção bruta anual estimada da nova central é de cerca de 5 GigoWatts/hora de energia.
Está igualmente programado para a ilha das Flores a instalação de um parque fotovoltaico de 200 KiloWatts em 2022 e a remodelação do parque eólico, substituindo duas torres de 300 KiloWatts por uma de 900 KiloWatts.
Vai entrar ao serviço este ano na ilha do Corvo uma central fotovoltaica com uma emissão anual estimada em cerca de 100 MegaWatts/hora de energia.
Segundo a EDA, a concretização destes investimentos em 2020 a 2024 “evitará a emissão de cerca de 82 mil toneladas de carbono por ano, contribuindo para que, em 2024, seja possível evitar a emissão de um total de cerca de 271 mil toneladas/ano de gases com efeito de estufa.
Realça a empresa que este objectivo “constituirá um importante contributo para a melhoria do ambiente e da qualidade de vida, possibilitando continuar a transformar os Açores numa região cada vez mais verde”.
O Presidente do Conselho de Administração da EDA, dá também particular enfoque, na revista ‘EDA Informa’, à conclusão do projecto para um novo edifício a sul da nova subestação de Ponta Delgada e o concurso para a sua construção vai ser lançado este ano.
No entender de Duarte Ponte, esta é uma “infra-estrutura fundamental para reorganizar” os serviços da EDA na Levada, criando condições para “dar a dignidade devida à Academia da EDA e libertar espaços para que a SEGMA melhore significativamente as suas instalações”.
                                            

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Autor: João Paz

Categorias: Regional

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