Em tempo de campanha eleitoral, o Bloco de Esquerda teve a feliz iniciativa de inaugurar, com pompa e circunstância, no passado dia cinco, o hipotético hotel de quatro estrelas que devia ser estreado por esta altura, no famigerado aterro da Calheta Pêro de Teive, também conhecido por Galerias da Calheta.
De imediato, reagiram as entidades oficiais que têm a consciência “suja” neste processo: Governo Regional dos Açores e Câmara Municipal de Ponta Delgada. O primeiro afirmando: “de acordo com a Resolução do Conselho de Governo n.º 42/2017 de 26 de Maio, a empreitada de intervenção nas Galerias Pêro de Teive deverá ter início no prazo de quatro meses a contar da emissão da licença de construção pela Câmara Municipal, facto que até ao momento ainda não sucedeu”; o segundo: “aguarda resposta ao seu ofício de 6 de Março último, onde foram pedidas ao promotor rectificações aos projectos solicitados por entidades externas, em fase de apreciação das respectivas especialidades”.
Enquanto andam estas duas alminhas de Deus a empurrar um para o outro, este local degrada-se a cada dia que passa. A saúde pública, a imagem da cidade, da ilha e dos seus habitantes é posta em causa pelas piores razões!
Ao simples cidadão, a imagem que passa é de incompetência dos gestores da coisa pública e os esclarecimentos só vieram confirmar esta má imagem: o GRA está de consciência tranquila porque fez o melhor contrato do mundo: as obras têm de começar quatro meses após a licença de construção. E se esta se alargar num tempo que nunca há-de vir? A Câmara Municipal está sentada de poltrona, à espera, do seu ofício para rectificações enviado ao promotor que há-de chegar, um dia!
O promotor, esfregando as mãos de contente, aproveita as divergências, os buracos da lei/contrato, vai gerindo a seu belo prazer o dia que fará a obra prometida neste famigerado aterro da tão nobre e pitoresca Calheta Pêro de Teive que, um dia, em prol do desenvolvimento, os gestores da coisa pública a enterraram!
Sendo o assunto sério demais para guerras políticas, em prol da qualidade de vida da Cidade de Ponta Delgada e até dos Açores, por que não se juntam à mesma mesa estas duas entidades para alterarem o que têm de alterar e resolver esta situação que já enoja o Povo e desacredita a classe política?