Aquando do centenário, em 2001,do nascimento do poeta, romancista, académico e intelectual Açoriano, Vitorino Nemésio (VN), a Kairós e a Câmara Municipal de Ponta Delgada juntaram-se numa homenagem a esta grande figura da cultura Açoriana. Descerraram um painel, no Mercado da Graça – Praça, com as dimensões de um metro e vinte e cinco centímetros de altura por oito metros de comprimento.
Aproveitando, a Kairós,a presença do artista plástico Carlos Alberto Nunes Dias (Alberto Péssimo de pseudónimo), na altura, a ministrar um workshop aos utentes desta Instituição, entre um risco ou um rabisco dos seus formandos, nasce uma obra prima, só ao alcance de um grande artista!
Confesso que não sou um crítico de arte, nem a pessoa mais capaz para falar do assunto; no entanto, por desde sempre apreciar esta admirável obra, sinto-me à vontade para a descrever tal como a vejo e sinto:
No centro, temos a figura principal, Vitorino Nemésio o homenageado; ao seu lado esquerdo e à altura da sua cabeça, o seu pensamento: “O Micaelense… é ele que levanta a enxada mais alto, a crava mais fundo… e com mais vigor lhe extrai a terra já dócil ao grão e já penetrável ao tubérculo”; à sua direita, o rosto de um homem, curtido pelo sol, que é a representação do Micaelense da frase de VN; o restante painel anda à volta destes três registos que nos transportam, também, para a História desta ilha de S. Miguel. Do lado esquerdo de VN, no canto superior, lá está o sol, fonte de vida, o mar e os seus peixes, fonte de alimentação e comunicação com o exterior, e algumas figuras “míticas” que representam a chegada dos primeiros povoadores a esta ilha. Do lado direito de VN, temos a terra, a ilha, que foi desbravada e habitada sob os fantasmas do medo, dos tremores de terra, do roncar e das chamas que surgiam das entranhas da terra.
É este painel uma homenagem a Vitorino Nemésio e, através do seu pensamento, da sua célebre frase, uma homenagem também, ao Micaelense e à sua ilha. Está este painel no lugar certo, pois é no Mercado da Graça - Praça, que adquirimos o fruto extraído da terra já penetrável ao tubérculo!
Com o passar dos anos esta obra de arte está a degradar-se; já apresenta mau estado de conservação, precisa com urgência de restauro e uma protecção para melhor se conservar e perdurar no tempo!
Este painel é assinado por todos os intervenientes que colaboraram na sua realidade: Alberto Péssimo, Daniel Machado, José Soares, Filipe Branco, Sofia Brito, Ana Patrício, Pedro Fogaça, Diana, Elsa Batalha, Chico Monteiro, Inês Oliveira, Alexandre, Miguel Cardoso, Manuel Nemésio, António Cabral Silva Melo.
É este o meu apelo a quem de direito. Não deixem perder-se tão rica obra de arte e o que ela representa!