20 de setembro de 2020

Reerguer Vidas!?

De Monsenhor Dr. Weber Machado Pereira, afirma o Cónego António Rego: “(…) Não é pessoa para ser olhada numa foto única, mas num conjunto de valores (…)”. 
Monsenhor Weber, Padre e Homem que muito considero e respeito pela sua obra em prol dos pobres, dos mais desfavorecidos, acolhendo e denunciando injustiças para com esta classe social que, muitas vezes, chocam com os poderes instituídos. Nesta sua conduta de vida, recordo, muito sumariamente, por volta do ano de 1989, numa garagem no canto Norte da rua Pintor Domingos Rebelo, em Ponta Delgada, quando começou a recolher pessoas sem abrigo, que socorria, oferecendo protecção e alimentação.
Para satisfazer a procura, comprou, com ajuda Governamental, a casa “amarela” ao lado de cima desta garagem, equipou com camas e mobiliário oferecido pelo Exército Português - BII18. 
Estes desafortunados da vida passaram a gerir o seu dia a dia e a “sua” casa: limpavam, lavavam a sua roupa, cozinhavam, usavam o extenso quintal onde criavam animais domésticos e recolhiam de uma horta parte do seu alimento. Conviviam com a vizinhança, que os aceitou de bom grado, até um ATL para crianças foi instalado nesta casa. Tudo era harmonia! Tudo estava sob o olhar atento de Monsenhor Weber e de uma equipa de quatro voluntários, não havia, nem era necessário, qualquer funcionário!
Monsenhor Weber, apenas e só, ofereceu-lhes um lugar para habitar, dignidade, respeito por si próprio e pelo outro, autoestima, confiança e tudo se traduzia: na CHAVE da Porta que cada um tinha para entrar em casa, quando queria! “A minha casa” como alegremente afirmavam!
E foi assim!... Até que, o Governo Regional dos Açores/Secretaria Regional da Solidariedade Social entendeu que devia de intervir nesta situação. Foi a casa amarela ao chão dando lugar a um enorme e moderno edifício de quatro milhões de euros. Surgiu o Centro de Alojamento Temporário e Apoio aos Sem-Abrigo em Ponta Delgada, inaugurado a 16 de Novembro de 2018, tendo como objectivo “não ser apenas o de prover abrigo, mas reerguer vidas, não deixar ninguém para trás”!
O certo é que, desde esta altura, os vizinhos deste Centro nunca mais tiveram sossego! A cada dia que passa a situação vai-se agravando. Estes homens e mulheres que tiveram o azar de bater no “fundo da sua vida” e que precisam de ajuda, dignidade, autoestima, estão abandonados à sua sorte.
Durante o dia, deambulam pela zona, discutem e envolvem-se em rixas com nomes impróprios, dormem em qualquer recanto, incluindo, as entradas de casas, deixando um rasto de sujidade e maus cheiros. Por vezes, reagem mal ao pedido para saírem do local. As suas necessidades fisiológicas são feitas em qualquer canto, até actividades sexuais já foram presenciadas; as embalagens de vinho são abandonadas; incomodam com o barulho que fazem o descanso de quem precisa de repousar, provocam vandalismo gratuito, abordam as crianças e adultos a pedir cigarros e esmola. Agora com o Covid e a necessidade de se cumprir regras sociais e de higienização logicamente que as não cumprem. A Polícia de Segurança Publica é frequentemente chamada ao local.
Enfim!… Toda esta situação está a merecer, da parte da comunidade local, revolta contra estes infelizes, que estão a provocar com as suas atitudes, insegurança e, até, a colocar em causa a segurança Social e a Saúde Pública!
 Não pode este grupo de azarados na vida estarem sem apoio e entregues à sua conta e risco, sob pena de ficarem com a população contra eles. O ambiente, no momento, já está tenso, o suficiente, para descontrolar com facilidade! 
Afinal, há tristemente, nossos conterrâneos, pessoas como nós, que estão a ficar para trás e precisam de reerguer as suas vidas, com ajuda, trabalho e persistência de quem assumiu esta responsabilidade 
Como está a situação é que não pode continuar, para bem de todos!
 

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Categorias: Opinião

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