Comparando com o mesmo período de 2019

Amianto da Escola Básica da Lagoa está a ser retirado mas os edifícios estão degradados e vão ser avaliadas intervenções

Na Escola Básica da Lagoa EB2 Pe. João José do Amaral, os problemas da estrutura acumulam-se e se não fossem os próprios assistentes operacionais ainda estaria pior, admite o Conselho Executivo desta escola que foi construída há 35 anos. Há telhas partidas que deixam entrar água da chuva e em algumas das salas de aula há baldes para aparar a água. Os pilares em algumas das salas estão praticamente sem cimento nas bases e com a estrutura em ferro à mostra, o mesmo acontecendo com os pilares que sustentam as portas que dão para a rua onde não há já praticamente suporte para prender as fechaduras. Algumas estruturas em vidro, espécie de galerias, em várias janelas das salas têm pouco isolamento e depois de partida a parte cimeira, teve de ser substituída por outro material. Algumas partes do chão têm de ser substituídas formando uma passadeira de retalhos, e em alguns blocos os canos de escoamento da água desaguam mesmo junto às portas de entrada e saída formando verdadeiros lagos em dias de chuva. Nos balneários do pavilhão já tiveram de instalar tubagem de água no exterior das paredes e na zona dos chuveiros já houve uma parte da estrutura que cedeu. Um relatório do Laboratório Regional de Engenharia Civil (LREC) de 2015 apontava já para vários problemas das estruturas mas não teve depois seguimento.
Mas apesar desses problemas que o Conselho Executivo, liderado por Manuel António Rodrigues, vai gerindo diariamente a escola está a ser alvo de uma obra de remoção das telhas de amianto por forma a cumprir directivas comunitárias que assim o obrigam. E nessa obra num dos pavilhões, foi retirada a cobertura sem que tivesse chegado a que a iria substituir, ficando quase três semanas o edifício sem tecto e a apanhar chuva.

Não conhecem projecto

O Conselho Executivo diz não conhecer o projecto mas lamenta que a obra tenha começado “de cima para baixo”. Manuel António Rodrigues afirma que “fomos informados das obras que iam decorrer. Não conheço o projecto que aqui está a ser feito. Nem sei se o devia conhecer, mas às vezes somos acusados pela comunidade que se devia fazer mais isto ou aquilo mas não fazemos parte deste processo. Fomos informados que a escola ia ter esta intervenção, o que não nos agradou. Não era isto que queríamos. Queríamos uma obra que satisfizesse a comunidade educativa nas suas necessidades que não são só de sala de aula. Precisamos de gabinetes de trabalho, de um auditório, de espaços para crianças com necessidades educativas especiais, precisamos de gabinetes para psicologia e terapia da fala. Senão não vamos proporcionar a oferta que os alunos precisam”.
A obra de retirada do amianto num dos pavilhões arrancou a 21 de Outubro “por pressão dos pais” e agora decorrem no pavilhão gimnodesportivo para substituição da telha translúcida das laterais, substituição da cobertura e tratamento da estrutura metálica “mas nem sequer uma pintura nas paredes”.
Para Manuel António Rodrigues o problema da escola “começou a ser resolvido de cima para baixo. E quando as coisas se resolvem de cima para baixo, não só em termos de estrutura física mas na própria resolução do problema” a postura não agrada. E foi nesse sentido que o Conselho Executivo da Escola pediu uma audiência à Secretária Regional da Educação, Sofia Ribeiro, que optou por visitar o local e ver as reais necessidades da escola.
“Quando estamos a olhar a estrutura de baixo para cima e ouvimos a comunidade educativa, designadamente o Conselho Executivo, estamos a falar de uma postura que nos agrada e que nos dá esperança que venhamos a ter uma escola com melhores condições, para os alunos desta terra porque queremos o melhor para eles”, refere o Presidente do Conselho Executivo que já tinha manifestado ao anterior titular da pasta as suas preocupações relativamente à escola que lidera. Desde que iniciou funções, em 2018, manifestou à tutela as preocupações “que já vinham na sequência dos anteriores conselhos executivos”, mas Manuel António Rodrigues diz que “nunca vimos que as nossas preocupações passassem a ser as preocupações do Governo. Queríamos que as nossas preocupações fossem também partilhadas por quem tem responsabilidade política nesta matéria”. Essa abertura refere, veio agora com a nova Secretária Regional da Educação e fica satisfeito porque “os nossos problemas já não são só nossos. Passam a um patamar superior e sentimo-nos satisfeitos porque não estamos sozinhos. Estes problemas deixaram de ser nossos e passam a ser de quem tem responsabilidades governativas”, esperando uma solução que possa colmatar as falhas que têm vindo a ser detectadas nas estruturas e conseguir acomodar todos os serviços que prestam aos alunos.

A Secretária Regional da Educação, Sofia Ribeiro, fez-se acompanhar nesta visita pela Secretária Regional das Brás Públicas e Comunicações, Ana Carvalho, para acompanhar as obras que estão a decorrer da retirada do amianto e verificar no local as necessidades de obras da escola. “Verificámos que estamos a fazer uma substituição de uma cobertura em amianto, que já devia ter sido feita há muito, mas que está a ser feita sobre uma estrutura que está ela também degradada”, refere Sofia Ribeiro que diz estar “a olhos vistos” a degradação da escola. E nesse sentido vai ser feita uma aferição para depois se perspectivar o tipo de intervenção que o edifício requer.
Sofia Ribeiro admite que “esta é uma característica que é comum em muitas das nossas escolas por toda a região, a degradação dos edifícios públicos e os problemas pela falta e dificuldade de manutenção dos mesmos edifícios”. Em São Miguel o problema é mais grave pois é a ilha onde os edifícios escolares estão mais degradados.
Já a retirada do amianto é um problema que tem vindo a ser resolvido com obras em curso e outras que deverão começar em breve, como a Escola de Rabo de Peixe, a Escola das Capelas e a Escola dos Arrifes. “A questão do amianto está a ser resolvida, o problema é em que situação é que ela está a ser resolvida”, refere a Secretária que saúda o “trabalho extraordinário do Conselho Executivo, com o cuidado que as obras não interfiram com as actividades lectivas”. Para Sofia Ribeiro é essencial do ponto de vista educativo “vermos as necessidades para o desenvolvimento do projecto educativo, face às várias ofertas que hoje em dia uma escola proporciona aos nossos alunos”, e garante que a articulação com a Secretaria das Obras Públicas e Comunicações é essencial.

Articulação no Governo

O mesmo refere Ana Carvalho, que entende que “para se poder aferir as necessidades de intervenção tem de se vir ao local, não se pode ficar sentado num gabinete e imaginar como está a escola”. A questão é que existe um relatório elaborado em 2015 pelo Laboratório Regional de Engenharia Civil “mas que ninguém lhe deu continuidade” e que vai ser agora estudada pelas duas secretarias. O objectivo é ver “quais as intervenções que ele previa, necessariamente terão que fazer uma nova prospecção, porque o relatório deverá já estar desactualizado. E vamos fazer um projecto de reabilitação desta escola” com prioridades definidas pela Secretaria da Educação.

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Autor: Carla Dias

Categorias: Regional

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