19 de outubro de 2021

Opinião

A esperança de um futuro risonho

No passado domingo, comemorou-se o Dia Internacional da Erradicação da Pobreza, sem que tenha reparado em grandes momentos para assinalar a data entre nós, embora as estatísticas continuem a registar números que não podem deixar o Governo Regional e a comunidade açoriana em geral descansados, porque urge inverter a situação, para sairmos da cauda da região mais pobre e mais desigual do país.
Os sinais mais evidentes residem no facto da taxa dos que recebem o Rendimento Social de Inserção é três vezes a proporção do resto do país, bem como a circunstância de que mais de metade da população ativa se ficar pelo ensino básico, ou termos as médias mais baixas no ensino secundário e a taxa de retenção mais elevada.
Por outro lado, nos Açores, a esperança média de vida é mais baixa, a taxa de obesidade é maior e é aqui que se bebe mais e se fuma mais em todo o país. Trata-se de uma lista complicada que importa inverter, porquanto tudo isto leva-nos a registar o índice de poder de compra per capita que se situa atrás de todas as regiões, o que resulta na desigualdade de rendimentos, entre os cidadãos do Continente e os dos Açores. 
Por tudo isto, o Governo Regional dos Açores diz ser urgente impedir que os pobres se tornem ainda mais pobres e Artur Lima, que tem a seu cargo no governo a área da solidariedade, tem considerado a pobreza uma das questões estruturais dos Açores que precisa de ser seriamente encarada na nossa Região.
Como tal, o Governo Regional começa a imprimir uma nova dinâmica no combate à pobreza, estando em curso uma avaliação e um ajuste da Estratégia Regional de Combate à Pobreza e Exclusão Social 2018-2028,tendo em vista acabar com as formas de perpetuação da pobreza ou com os caminhos seguidos até aqui para o avolumar da pobreza envergonhada ou o passar de geração em geração, cuja realidade empurra os Açores para uma situação pesarosa, numa Região pobre dentro da faustosa Europa Comunitária.
Acreditamos numa nova estratégia para combater a pobreza, tarefa que compete a todas as instituições que lidam com este fenómeno, pois é notório o insucesso nesta área, apesar de todo o trabalho já empreendido para se tentar contornar esta dura realidade em que se vive nos Açores.
Está na hora de avançar determinadamente para o combate a este flagelo, tendo como objetivo que os cidadãos e as famílias pobres possam superar efetivamente o limiar da pobreza, qualificando-os com ferramentas da formação de forma articulada e integrada com os serviços de saúde e de ação social do Governo Regional. A própria formação de jovens e adultos tem de os habilitar para um eventual prosseguimento de estudos, ou seja melhor formação.
Por outro lado, há que combater a pobreza não somente com estruturas materiais, subsídios, equipamentos ou apoios à habitação, mas também com estruturas imateriais, basilares na construção de uma sociedade desenvolvida.
De facto, há necessidade de se estimular a aquisição de competências por parte das famílias identificadas como disfuncionais, que vivem situações de pobreza em função da má gestão do orçamento familiar, dado que, em muitos casos, se observa falta de competências parentais, contexto que contribui diretamente para a perpetuação da pobreza intergeracional. 
José Manuel Bolieiro tem lembrado o desafio da ONU de, até 2030, para ser erradicada a pobreza no mundo e os Açores não podem estar fora deste, declarou o Presidente do Governo. Para o Presidente do Governo, existe uma reforma de mentalidades, nomeadamente no mundo financeiro, que aliadas às políticas públicas devem potenciar a criação de instrumentos verdadeiramente eficazes no combate à pobreza e melhor distribuição de riqueza criada.
Há que acertar o passo para darmos o salto qualitativo nos Açores, pelo que é de enaltecer que as novas políticas de emprego começam a dar resultados, nomeadamente o desemprego jovem, sobretudo dando atenção à situação dos jovens nem-nem, entre os 20 e os 34 anos que nem estão empregados nem em educação ou formação o que que mostra as debilidades do mercado de trabalho jovem, uma realidade também aqui nas nossas ilhas. 
António Pedro Costa

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Categorias: Opinião

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