Um dos grandes princípios que marcam a competência de qualquer governo é a confiança que deve transmitir às populações que democraticamente o elegeu. Preocupamo-nos normalmente com o aspecto financeiro, sobretudo se os dinheiros públicos são a nossos olhos mal distribuídos, esquecendo que também é importante uma informação transparente considerada sagrada numa democracia como a nossa.
Quer seja a nível europeu, nacional, regional ou autárquico não interessa, porque após qualquer eleição é um capítulo que se fecha enquanto outro recomeça. Se nós cidadãos temos de respeitar leis ou normas que nos impõem, mesmo se discordamos das mesmas, igualmente esse sgovernos têm a obrigação de nos informar sempre que a situação o exija, sobretudo se algo eventualmente pode colocar em causa a tranquilidade que todos merecemos.
Receber notícias através das redes sociais, algumas mesmo sem conhecer a legitimidade do seu autor, não é a solução mais correcta embora compreenda a boa intenção em divulgar o que o governo dos Açores deveria ter continuado a fazer como sempre o fez até ao final do mês de Setembro, mas que por razões desconhecidas para a minha velha inteligência deixou de o fazer.
Porquê não sei, mas até ao momento de redigir esta crónica ninguém foi capaz de me explicar. Se é para ficar bem na fotografia, como diz o nosso povo, transmitindo uma imagem de segurança que ainda não existe, não o compreendo tal como a maioria das gentes que se interroga da falta de informação por quem tem a obrigação de o fazer.
Não é minha intenção alarmar as gentes da minha terra, mas algo parece preocupar pais e crianças das nossas escolas nos Ginetes.
A informação que nos chegava diária e detalhadamente sobre o número de infectados pela “Covid 19” deixou de existir. Fala-se em número de casos por Ilha ou Concelhos sem mencionar as respectivas freguesias o que nos coloca numa situação delicada.
Não é vergonha se por infelicidade alguém for ainda infectado, vergonha é sê-lo por ignorância. Se não nos explicam a razão porque tomaram a decisão de não divulgar o nome das freguesias onde esta “praga” ainda mora receio pela minha saúde e a dos idosos como eu pois os jovens têm sempre maior hipótese de escapar.
Sei que aqui nos Ginetes estamos todos preocupados com o que se passa nas nossas escolas.
É hora de alguém responsável tranquilizar esta gente porque o que sabemos vai saindo em “conta gotas”, talvez com base em suposições, mas temos o direito de saber exactamente o que é verdade, e tal pertence à autoridade de saúde da Região outrora muito interventiva, mas agora, em minha opinião, demasiado fechada e curiosamente permissiva.
Existem normas ou directivas que, como acima referi, a minha “velha inteligência” não consegue encaixar.
Na semana que vem apenas de terminar estive por duas vezes em Ponta Delgada. Visitei alguns estabelecimentos comerciais onde o uso da máscara é obrigatório, e muito bem. Aqui nos Ginetes, um minimercado que tem por nome “Meu Super”, já há alguns dias permite a entrada da clientela sem esta protecção facial, embora os seus funcionários continuam obrigados ao uso da mesma. Cumprem estes as directivas que lhes foram dadas não sei por quem, nem me interessa, mas penso que alguém está a rir de nós.
Haja saúde e uma santa paciência…
Dia de Todos os Santos
Como é tradição, nesta e noutras terras, amanhã iremos em procissão ao Cemitério dos Ginetes recordar e prestar homenagem a todos os que lá se encontram sepultados.
É sempre um momento especial que traz de volta através da saudade esses amigos que partiram para sempre. Um dia seremos nós. Não conhecemos o dia nem a hora, mas tal irá suceder. Mesmo com todos os problemas que se acumulam com a idade sinto-me um privilegiado pela vida pois quando ocasionalmente visito esse espaço sagrado e vejo tantos amigos que bem conheci e que partiram para a eternidade, alguns ainda muito jovens, só posso dizer:” Obrigado Meu Deus”.