14 de novembro de 2021

Opinião - Dos Ginetes

A tradição continua

Vamos novamente a eleições para a Assembleia da República.
Assim decidiu o Presidente Marcelo Rebelo de Sousa, pois o que se vem passando há já alguns anos com “geringonças” e “jogos de bastidores” leva-nos a interrogar se vivemos mesmo numa verdadeira democracia ou num Estado marcado sobretudo por interesses pessoais pois os escândalos passaram a ser “uma marca registada” num país maravilhoso como o nosso Portugal. O povo mais uma vez “escolherá sem grande poder de escolha” quem deseja colocar à frente de um país “que infelizmente não tem muita escolha”. As caras serão as mesmas, a tradição mais uma vez vai consumar-se. Direi que é como substituir uma nota de dez Euros por duas notas de cinco cujo valor real no final nada altera.
Não pretendo de forma alguma desvalorizar a inteligência da nossa gente, pois intelectualmente não devemos absolutamente nada a outros povos, mas no momento temos a legitimidade de nos interrogar da razão porque ainda há poucos anos estavam na cauda da Europa países mais pobres que o nosso, mas que presentemente já nos ultrapassaram em riqueza, ou melhor dizendo em “justiça social” graças a uma qualidade de vida superior que a nossa.
Algo não está certo, e quando tal sucede substituem-se as pessoas, adaptam-se as leis à realidade do tempo, e se necessário até substituir o que necessita renovação para que possamos viver um pouco mais felizes.
À dura realidade que enfrentamos diariamente estou convicto de que após as eleições nada irá mudar. Os discursos serão sempre os mesmos, doseados de falsas promessas e mentiras porque na realidade os protagonistas serão igualmente os mesmos. Como no passado já aqui referi o que precisamos é de uma grande vassourada. Gente que faz da política profissão, que decide sobre os seus chorudos salários e regalias, sem esquecermos as famosas reformas vitalícias, não tem moral para impor restrições a uma população acorrentada a um sistema corrompido pelo tempo onde grande parte dos nossos idosos têm forçosamente de viver com reformas que são o espelho vergonhoso da tal justiça social que vigora em Portugal em pleno século XXI. Mesmo a tão dinâmica classe média que na maioria sustenta o país está a empobrecer lentamente. Estamos perante um cenário preocupante para o nível de vida das próximas gerações.
Voltando ao assunto das eleições curiosamente têm surgido, à última hora, alguns personagens que se querem transformar em “salvadores da Pátria”. As guerras internas nos partidos políticos acentuam-se e tal não é do interesse de quem quer que seja, pois, como acima referi as caras são as mesmas que nos atormentam há vários anos. O que necessitamos no momento é de uma boa escolha, de alguém com o verdadeiro sentido de responsabilidade ao serviço deste povo e não o usar para interesses pessoais facilitando “jeitinhos” que regularmente são partilhados com familiares e amigos. São tantas as dinastias políticas que nos habituámos a assistir que já são poucos os que têm sensibilidade e coragem para as denunciar.
Sejamos igualmente honestos de que a culpa não é só dos políticos porque cada cidadão tem igualmente uma função a desempenhar, por muito insignificante pareça ela.
Há um problema muito grave neste maravilhoso país porque uma determinada percentagem da população simplesmente também decidiu não trabalhar, e nesses casos igualmente é necessária “uma boa escolha e uma grande vassourada”. O rendimento de inserção social veio “estragar” muita gente que prefere “fazer nada”. É infelizmente mais uma praga que agora já começa a estender-se de geração em geração. E os políticos receiam estabelecer directivas justas porque se o fizerem sabem que são decisões impopulares e tal não convém para manterem uma imagem de gente boa.
Nada tenho contra os apoios do Estado a quem verdadeiramente necessita, mas que tudo não passe de uma situação passageira aplicada com justiça. No Continente ou nas Regiões Autónomas o problema é o mesmo.
Estamos a viver baseados na “lei do mais esperto e do salve-se quem puder”.
Vamos a eleições no dia 30 de Janeiro para a Assembleia da República. Certamente que mais uma vez nada mudará. Negociatas ou acordos de última hora irão manter o suspenso a que nos habituámos nos últimos anos. Infelizmente não somos os únicos pois são cada vez mais frequentes os governos de coligação. É o sistema eleitoral que o permite e que ninguém quer mudar. Tal como está dá jeito a muita gente.

 

 

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Categorias: Opinião

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