13 de março de 2022

Opinião - Dos Ginetes

Solidariedade não basta

 Porque a idade permite ocupar o meu tempo da forma que melhor entendo, tenho assistido diariamente a imagens transmitidas em directo desta guerra bárbara protagonizada por uma potência mundial como a Rússia que decidiu “à sua maneira” invadir um país vizinho, composto de gente boa como a Ucrânia. Se dúvidas existissem agora ninguém nega o caminho que o senhor é capaz de percorrer para atingir os resultados que ele e seus colaboradores enfiaram na própria mente.
As imagens de destruição mostram bem a malvadez de um homem que a arrogância sem medida aliada a um poder doentio transformou num monstro que ficará na história universal como o carrasco de um ou vários povos, pois não sabemos ainda onde e quando tudo irá terminar.
Enquanto esta atitude diabólica se estende sem piedade, uma enorme onda de solidariedade é bem notória na Europa, mas não basta. As sanções, ou ameaças delas, quando hipoteticamente vierem a produzir efeito talvez seja demasiado tarde. Diariamente assistimos aos mais variados comentários de analistas bem formados que defendem diversas opiniões que nos deixam perplexos porque nem sempre fáceis de compreender sobretudo pelo simples e humilde cidadão que se interroga sobre o que faz verdadeiramente sentido. Como dizia o antigo e Primeiro Presidente do Governo Regional dos Açores, Dr. Mota Amaral, no Correio dos Açores da passada Terça-feira “Somos todos Ucranianos!”
Como na passada semana aqui referi quando estive emigrado no Canadá trabalhei com gente das mais variadas origens, incluindo Russos que eram tão honestos e trabalhadores como outros cidadãos. Sabemos que grande parte deles também são vítimas de um regime que não respeita as liberdades fundamentais a que tem direito qualquer ser humano. O que por lá se passa nem sabemos, salvo alguns testemunhos de quem viveu por perto mas conseguiu partir.
É verdade que como em todas as guerras o exagero, do bem e do mal, faz parte dos vários estratagemas para justificar o injustificável. Uma imagem vale mais que mil palavras e hoje com os olhos do coração nem necessitamos ouvir para compreender o drama humanitário que não deixa indiferente qualquer ser racional. Talvez seja este o momento de todos pensarmos verdadeiramente no significado da palavra Paz.
Afinal para que serve a guerra?
Serve na realidade para destruir vidas, o bem mais precioso de qualquer ser humano. Separar famílias, em muitos casos para sempre. Deixar crianças marcadas para a vida, pois apesar de muitas vezes nos surpreenderem com um sorriso que nos fascina, não escaparão psicologicamente a uma realidade que se manifestará mais tarde no seu desenvolvimento como criatura humana.
Quando tudo isto irá parar não sabemos o momento nem como.
Os mais crentes evidentemente se agarram a uma fé transmitida por várias gerações que hoje nem sabemos se permanece tão viva como outrora. É o grande momento também de parar um pouco e pensar se tudo vale para sobreviver.
É evidente que no momento, sem alarmismos, estamos todos um pouco vulneráveis pois esperam-se dias difíceis para a economia da Europa.
Durante os últimos dois anos lutámos contra um inimigo invisível que ceifou vidas. Hoje parece que o esquecemos apesar de continuar a existir, e que segundo nos dizem temo-nos de habituar a viver com ele.
Quanto à guerra certamente que enquanto não existir um diálogo verdadeiro não cessará. A paz é construída por “homens de boa vontade” e não por ricos ambiciosos que lutam, não para o bem do seu povo, mas para deixar um nome na história. Infelizmente é o mundo que temos e não vai ser fácil dar a volta.
Enquanto observo tudo que se passa longe deste “cantinho de paz” em que vivemos não posso deixar de pensar nos meus amigos Ucranianos vítimas de uma guerra que, estou certo, a maioria de nós ainda não compreendeu a razão que levou a tal extremo, mas que muitos deles já a temiam há vários anos. É talvez a razão porque conseguiram uma enorme motivação para defender um país que lhes pertence, dando assim uma lição de patriotismo que não nos deixa indiferentes.

 

Por: Alberto Ponte

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Categorias: Opinião

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