Todos nós madeirenses
somos iguais, viemos das
montanhas, dos abismos e das
florestas
Sempre enamorados
experimentamos a sensação
da eternidade…
Nasceu como uma estrela luminosa no seio de uma família madeirense. Filha de pais professores, é a última dos três irmãos. Seu pai que possuía uma voz melodiosa de tenor cantou-lhe a primeira serenata com doçura, carinho e muita alegria. Nesse momento, uma luz acendeu-se na linha do horizonte anunciando a boa nova da menina de olhos claros, pele de seda branca e cabelos louros. Ali tinha já o destino traçado. Seus pais felicíssimos, olharam-na e como nos poemas de amor do antigo Egipto, que têm tanto de beleza quanto de ingenuidade, justamente porque são de amor, parafraseando-os disseram:
Amada, és única, de ti já não se fará duplicado.
Com mais encanto do que todas as meninas
És luminosa, perfeita.
Palavras que foram como uma bênção que vai ter reflexos em todo o seu percurso de vida. A menina irrequieta cresce na ilha, cujas paisagens invadidas de tanta beleza e de um mar que nunca a abandona, acompanham-na em todos os momentos da vida e, simultaneamente, criam-lhe um espírito de aventura que muito a vai ajudar pela vida fora. Os receios, as incertezas, as dúvidas, paradoxalmente, fortalecem-lhe a alma. Tem uma adolescência despreocupada, percorre as ruas da sua cidade. Estabelece uma relação com essa: admira os seus edifícios, ruas e recantos poéticos. Uma adolescência de estudante cheia de sonhos. Sai para Lisboa e escolhe, por vocação, o Curso Superior de Design. Ela leva na bagagem uma forte carga de amor dos pais e o sonho maior do que o da própria Ilha, pela qual vive de amores. Com um forte espírito de determinação e coragem (ela sabe que a coragem está dentro de si) que a guiarão, como uma luz na escuridão, à realização do seu projeto humano e profissional. Ela reconhece que o seu sucesso só será viável, saindo para o estrangeiro. Isto é: ir para fora para entrar depois no pais, a fim de ser acreditada no seu trabalho. Em Portugal, país pequeno, sempre foi assim: para se imporem como artistas muitos dos portugueses têm que primeiro viver no estrangeiro, onde desenvolvem as suas diferentes atividades. Basta pensar de quantos jovens portugueses estão no estrangeiro como investigadores. Ela começa o seu peregrinar, de país em país, que lhe proporciona um conhecimento das técnicas mais avançadas e um contacto internacional que a valoriza e lhe abre as estradas para novos universos. O seu talento e bom gosto começam a tornar-se conhecidos e apreciados. Aos poucos vai impondo o seu nome como designer e, mais tarde, atinge a sua internalização, com referências em jornais e revistas da especialidade e solicitações para trabalhos de diversos países. Hoje a Menina do Calhau, tão solidária com os “Garotos do Calhau”, amando-os, ajudando-os, é Nini Andrade Silva, Designer Internacional, com reputado prestígio. Com ela arrasta sempre o nome da sua Ilha, promovendo-a com a sua competência e simpatia. Apesar de tudo a Ilha continua a ser a sua grande inspiração. Diz-lhe que não há limitações e que a linha do horizonte que as ilhoas e os ilhéus trazem estampadas nos olhos, em todos os momentos, é uma ilusão magnética que os fazem sonhar e acreditar que não há impossíveis. É um desafio constante. Os sucessivos encontros de Nini, com várias personalidades, da sua área e do mundo dos negócios, sempre apresentada como madeirense, levam televisões e revistas da especialidade e mundanas interessadas em entrevistá-la. Conhecer os seus trabalhos, com referência de qualidade. Aconteceu recentemente com o trabalho da categorizada jornalista Fátima de Campos Ferreira e a entrevista à revista “Hola”, cuja difusão por dezenas de países, abrange milhares de leitores. Pela primeira vez abriu as portas de sua casa a um órgão de comunicação social. Fê-lo não por vaidade ou exibicionismo, sim porque isso representava uma excelente oportunidade de promoção para a Madeira. Aliás ela esteve muito hesitante em dar esta entrevista. Felizmente que a concedeu. A Madeira beneficiou com isso, tanto mais que o mercado turístico da Espanha é importante. A medida do Presidente Miguel Albuquerque ter dado em concessão, através de Concurso Público, o Forte de Nossa Senhora da Conceição, no Porto do Funchal, foi uma iniciativa inteligente do governante, pois a instalação ali de um Centro Internacional de Design, constitui uma mais valia para a Região. Hoje é um Ponto de Encontro de turistas que visitam a Madeira. Um cartão de visita recomendado.
Situando a Designer Nini Andrade Silva no contexto da promoção, ela constitui, sem dúvida um importante veículo promocional, como tal julgo que chegou a altura de lhe ser atribuída uma condecoração da Região, bem como a Medalha da Cidade do Funchal juntando-se assim aos inúmeros prémios internacionais que já recebeu. Manifestamos assim a nossa gratidão. Se não formos nós a acreditarmos nos nossos valores; se não formos nós a exaltá-los não esperemos que outros os façam, sobretudo num país que centralizou a cultura em Lisboa e que nesta questão, como em outras, sempre têm procurado ignorar-nos. Os madeirenses foram sempre, através dos tempos os que amassaram as terras, transformando-as. Esculpiram as rochas e regaram, com lágrimas, os socalcos.
Açoreanos e Madeirenses são povos com uma história de séculos que enriquece a identidade cultural do país e da Europa. Por isso temos orgulho de sermos quem somos, uma evolução constante, inteligente, conscientes que as novas gerações, embaladas pelo amor à sua terra, saberão respeitar estes patrimónios que herdamos dos nossos antepassados.
Por: João Carlos Abreu