1. Autonomia. Foi a maior conquista do povo açoriano e não esqueçamos a sua época histórica e os seus autores, açorianos de corpo inteiro que merecem a nossa gratidão e reverência. A AUTONOMIA não é estática como um penedo e, por isso, precisa tal qual uma planta, de ser adubada, protegida , reforçada e avaliada. Não é curial fazer diferente quando se vê que Lisboa tomou melhor solução e, por isso, devem os atuais responsáveis por este processo que foi conquistado com muito suor e dilatado esforço, ser humildes mas convictos na nobre tarefa de defender as conquistas dos açorianos através do seu governo e do seu parlamento, sempre em função do que nos cabe por direito como região ultraperiférica e arquipelágica , cuja Insularidade marca a vida e a história da sua população. Quando Lisboa não perceber isto, devem os incautos ministros e seus acólitos vir cá às nossas ilhas do Corvo a Santa Maria, com a respetiva bagagem e viajar na Sata, descolar e aterrar , com trambolhões pelo meio, descolar e aterrar, se o tempo o permitir, e verificar in loco o que são ilhas de bruma ! A pedagogia é muito importante na construção da AUTONOMIA , que é dinâmica , e como se viu no decorrer da Pandemia, necessita de urgentes e importantes acertos no seu Estatuto. Mas o mais importante, a nosso ver, será o Governo legítimo dos Açores potenciar todas as virtualidades da AUTONOMIA, que ainda estão longe de se esgotarem ! E ter sempre coragem e firmeza para enfrentar com brilho e sabedoria, com convicção e humildade, os centralistas dos corredores do Terreiro do Paço e arredores, com todas as réplicas em cima da mesa ! O povo açoriano assim o exige !
2. Com a guerra acesa entre a Rússia e a Ucrânia até parece que desapareceu a pandemia que, apesar de tudo, estará numa fase mais moderada não deixando, ao que dizem os especialistas, de exigir cuidados e medidas de prevenção. A propósito do COVID-19 , em boa verdade, nunca se soube dos números exatos da pandemia, dos internamentos urgentes, graves ou menos graves e dos falecimentos, muitos deles por causas variadas que não a infeção por Covid. Nunca se soube a verdade. Por exemplo, em Janeiro último, a maioria dos doentes COVID-19 internados no HDES eram hipertensos e diabéticos ! E o resto da história e as suas réplicas ficarão para se contar mais tarde, com calma, ânimo e papéis na mão !
3. Meu caro leitor, experimente telefonar para o governo, para um qualquer departamento, para as linhas da saúde ou da doença, para a segurança social ou para o emprego ou outros apêndices criados pelas necessidades de empregar gente conhecida ou não e veja como difíceis são os seus esforços e as suas insistências ! Vozes melodiosas repetem-se em cadência irritante, o mesmo acontecendo nalguns bancos e clínicas e outras empresas de serviço público. Estão todos muitos ocupados e assoberbados de serviço e trabalho que até o suor parece entupir os fios de ligação ! E com os SITES oficiais “ o encravanço “ é o mesmo, complicados, repetidos e demasiado formais e desalinhados, é um quebra cabeça chegar a bom termo, a não ser um jovem já nascido com o computador ou então um licenciado nas novas tecnologias. Tenham dó e respeito pelos cidadãos, sejam velhos, novos ou de meia idade ! Não é pedir demais, pois não ?
4. A este respeito foi publicada uma nota do governo que poderá ser uma réplica às situações de desconforto da população em geral , algumas das quais descritas nos números anteriores. A notícia refere-se à criação pelo Governo dos Açores de um LABORATÓRIO DE EXPERIMENTAÇÃO PÚBLICA REGIONAL , financiado pelo famoso PRR-Açores, um investimento de 2,8 milhões de euros, cujo objetivo é melhorar as práticas em matéria de inovação e modernização administrativa, sendo mais um serviço sediado na ilha Terceira de Jesus Cristo, que no caso funcionará com uma equipa itinerante. São tantas as tentativas de modernização e simplificação burocrática dos serviços públicos que já ninguém acredita nos efeitos destes laboratórios e triunviratos sustentados pelos orçamentos que se vão esvair nos próximos anos !
5. Sabe-se pelos jornais que o PRR- Açores prevê avultadas verbas para requalificação profissional, cursos de curta duração, formação em competências digitais , apoio às escolas profissionais e por aí adiante. Mas agora os cidadãos têm interesse em saber em que programas concretos vão ser aplicadas as verbas nos mais variados setores, em linguagem simples e acessível a toda a população recorrendo aos meios publicitários mais simples e atraentes, para que todos percebam.
Quanto ao PO 2030 ( Plano Operacional dos Açores ) o CESA ( Conselho Económico e Social dos Açores ), presidido pelo doutor Gualter Furtado, considera o documento pouco informativo e clarificado e “ é omisso quanto aos procedimentos que serão realizados até que seja fechada a repartição do envelope financeiro que está em análise “. O CESA sugere que o documento seja revisto nos seus vários parâmetros . E já agora convém explicar também aos eleitores em que é que se vai aplicar as verbas, preto no branco, com simplicidade e clareza , num tipo de comunicação longe daquele que é aplicado pela Justiça e por outros departamentos governamentais !
6. Olho aberto ! Pelas sete da tarde, um rancho de gente de carne e osso , esperava pela refeição ao relento. Ao frio, ao vento e à chuva ! Os MANAIAS precisam urgentemente que os Serviços Sociais do Governo olhem para aqueles pobres abandonados à sua sorte . Tantos espaços existem por aí , desocupados e abandonados, que bem poderiam servir aquela gente com dignidade e humanismo ! O conhecido ISSA , aquele Instituto com vários andares, frente da Escola Canto da Maia, com gente ocupada com burocracias e com processos inchados pelo tempo e pelas inquirições e outras tarefas rituais e desmesuradas que gastam tempo e dinheiro do bolso dos cidadãos , se calhar à espera dos resultados do tal Laboratório, já deveria ter encontrado, conjuntamente com as entidades do setor e autarquias, instalações para servir aqueles pobres, com qualidade e com dignidade e deixarem-se de sermões de teorias ocas e bacocas ! E, por favor, ponham rapidamente pés ao caminho !
No mês de São José de 2022
Eduardo de Medeiros