Devido às mais variadas razões, e até dependendo do “temperamento” de cada indivíduo, somos por vezes levados ao desespero e até a generalizar o que nem sempre corresponde plenamente à realidade.
Reconheço que eu próprio algumas vezes a partir desta pequena terra dos Ginetes, mesmo conhecedor do impacto insignificante da minha opinião, tenho comentado situações sobre o sistema de saúde porque nem sempre funciona com a rapidez e eficiência desejada. Já passei muitos anos de vida partilhada entre a minha moradia e hospitais, divididos entre o Canadá, país que durante perto de 3 décadas adoptei, e Portugal a terra onde nasci. Foram vezes suficientes para fazer um julgamento sério e honesto de situações difíceis de explicar no domínio da saúde. Devo dizer que neste nosso país em geral nada devemos a outros tradicionalmente “bem-comportados”, mas que nem sempre a imagem que transmitem corresponde à realidade. Muitas vezes a diferença não está em quem escolheu por amor dedicar-se a resolver os problemas de saúde dos seus semelhantes, mas a administrações nem sempre as mais competentes para fazer face aos enormes desafios que diariamente se apresentam, sobretudo quando a vida ou o bem-estar das pessoas estão em causa Pessoalmente considero-me uma pessoa “afortunada” pois apesar da minha idade avançada nunca fui internado num hospital como vítima de doença grave. Quanto à minha mulher a história é diferente, pois desde muito jovem, era ainda solteira, teve de ser submetida a duas intervenções cirúrgicas e assim enfrentar vários problemas de saúde que se têm repetindo ao longo dos anos, mas que felizmente com boa atitude e apoio igualmente de bons e dedicados profissionais ultrapassou com sucesso até hoje. Para marcar ainda mais a nossa “experiência hospitalar” devo mencionar, mais uma vez, que perdemos um filho no Canadá que devido a uma gravidez de risco não conseguiu sobreviver além de nove meses após a data do nascimento prematuro. Não pretendo voltar a esta história, já algumas vezes aqui referida, porque mais de trinta e sete anos se passaram muito longe desta terra, mas ainda hoje tudo perdura na memória e com marcas fortes que o tempo não apagou nem jamais apagará.
Após este pequeno preâmbulo que apenas tem como finalidade justificar um pouco as várias críticas que por vezes aqui vou deixando, quero aproveitar como fazem outros, com toda a minha sinceridade, deixar aqui uma palavra de reconhecimento sincero e justo a uma “equipa de profissionais” do Hospital do Divino Espírito Santo liderada pelo oftalmologista Dr. Luís Lima que recentemente se ocupou de uma cirurgia à “vista” de minha mulher, que mesmo se ainda recente, todo o restabelecimento aparentemente está no caminho da normalidade. Sei que não esteve só, por tal os agradecimentos vão para toda a equipa da qual desconheço os nomes, mas que ficarão igualmente guardados para sempre nos nossos corações. De salientar igualmente a atitude, nem sempre habitual em meio hospitalar, dos telefonemas que efectuaram à minha mulher para saber se estava tudo a decorrer com normalidade no período pós-operatório. Tal gesto de profissionalismo e até direi carinho é muito importante para quem regressa a casa sempre com a esperança que “vai correr tudo bem”.
Provavelmente o Dr. Luís Lima não me vai perdoar trazer este assunto para a “praça pública” pois conheço-o há mais de vinte e cinco anos quando regressei do Canadá, com a minha visão afectada pela diabetes foi-me recomendado por um colega de profissão. Directo e honesto sempre me confiei a ele com sinceridade na esperança que o Bom Deus, o seu profissionalismo, mas igualmente a parte que me cabe em não cometer exageros que só quem tem esta doença, creio que também em parte hereditária, sabe como podemos muitas vezes “cair em tentação”. Não estou livre de a determinada altura algo correr mal, mas também estou prevenido e preparado se algum dia tal suceder. Obrigado Doutor e continue sempre a ser a pessoa que é, pois, mesmo que me diga fazer apenas o seu dever, é tranquilizador para quem a determinado momento da vida consegue ultrapassar mesmo pequenas tempestades.
Por:Alberto Ponte