Antes de começar a escrever sobre os temas desta semana, queria endereçar, a este nosso Correio dos Açores e na pessoa do seu Director, Américo Natalino Viveiros, um forte abraço de parabéns pelo centésimo segundo aniversário na defesa da causa açoreana.
Os meus votos de longa vida e profícuo trabalho em prol destes nossos amados Açores.
1º. TEMA - AS FESTAS DO SENHOR SANTO CRISTO 2022: Desde de sempre que me lembro das festas do Senhor Santo Cristo dos Milagres terem a componente profana, como complemento da vertente religiosa.
Este ano, ao que parece, a componente profana irá ser diminuta, nomeadamente no que concerne à iluminação do Campo de S. Francisco e ruas envolventes, concertos de bandas filarmónicas e venda de comes e bebes.
Tudo isto porque a reitoria do Santuário da Esperança, bem como a Irmandade do Senhor Santo Cristo dos Milagres, querem transformar aquele espaço num local igual ao que existe no santuário de Fátima. Mas, há um pequeno senão no meio de tudo isto; é que o Campo de S. Francisco é público, enquanto o de Fátima é privado. Por outras palavras, tanto o reitor do Santuário como a Irmandade do Senhor Santo Cristo não mandam no Campo de S. Francisco. Assim, com avanços e recuos das partes envolvidas, quem irá ficar a perder é a população porque, uma vez recolhida a procissão e a imagem do Senhor para o coro baixo da igreja, acabam-se as festas.
Não li, nem ouvi, alguém fazer qualquer referência ao habitual fogo de artifício do sábado, o qual costuma a juntar largos milhares de pessoas no Campo de S. Francisco e na avenida litoral para o apreciar. Espero que não venham com as estafadas desculpas do Covid, porque o ajuntamento das pessoas é ao ar livre.
Li, no Diário dos Açores de hoje, o comunicado emitido pela Irmandade do Senhor Santo Cristo. Para ser muito sintético na minha observação diria que se trata de uma “birra” entre os actuais responsáveis do Santuário e da Irmandade e a Câmara Municipal de Ponta Delgada, por causa de não ter cedido o Campo de S. Francisco à igreja. Pelo que julgo saber, a diocese anda com problemas financeiros para manter aberto o Seminário em Angra do Heroísmo. Assim, teria sido solicitado o envio de fundos do Santuário da Esperança para o Seminário. Desconheço por completo se o envio de dinheiro foi concretizado, ou não. Por outro lado, a realização de diversas obras que foram necessárias executar na igreja e no Convento por causa das térmitas agravou a situação financeira do Santuário conforme foi dito pelo seu Reitor aquando das obras.
Como todos sabemos as instituições necessitam de dinheiro para sobreviver. No caso da igreja católica, e por aquilo que me é dado observar, são cada vez em menor número os que frequentam com assiduidade a igreja; por este motivo as contribuições são cada vez menores.
Mas, neste particular, o clero também tem culpas no cartório porque são muito poucos os que sabem cativar os fiéis nas homilias.
Voltando ao caso da realização dos arraiais nas festas em honra do Senhor Santo Cristo dos Milagres, o comunicado da Irmandade só vem confirmar o corte de uma tradição de séculos.
Quanto ao fazer bem e em silêncio durante todo o ano, também as outras Irmandades o faziam sem haver cortes com a tradição.
O meu querido amigo Humberto Moniz está fazendo muita falta porque ele vivia as festas, por dentro e por fora. Agora,é o que se está vendo.
2º TEMA – GRUA AVARIADA:-Na passada semana o jornal Diário dos Açores publicou a notícia de que o porto desta cidade tinha uma grua avariada, o que estava a comprometer e a atrasar as descargas dos cargueiros e graneleiros que estavam à descarga em Ponta Delgada.
Na dita notícia faz-se também referência que no porto da Praia da Vitória há uma grua igual à avariada, mas que está suplente à que lá opera. Todavia ,parece que nunca foi usada. Informa também que, os armadores e pessoal ligado às cargas e descargas em Ponta Delgada, defendem a vinda temporária para esta cidade, da grua excedentária no porto da Praia da Vitória, enquanto a grua avariada não for reparada.
Ora, tudo isto quer dizer que, a empresa pública Portos dos Açores tem andado muito mal, no que ao reequipamento do porto de Ponta Delgada diz respeito. É que, para além do caso da avaria da grua, quando o porto desta cidade precisa de dois rebocadores, tem de vir um de outra ilha porque temos, salvo erro o rebocador S. Miguel, avariado há anos. Ou seja, o porto que gera o maior movimento da Região tem sido o mais esquecido em termos de actualização e manutenção. Até ver!
P. S. Texto escrito pela antiga grafia.
1MAIO2022
Carlos Rezendes Cabral