Com a tradicional romagem à Senhora da Paz que desce o Monte em romaria até à Matriz de Vila Franca do Campo, começam hoje, 4 de Maio, as festas do padroeiro da Ilha, São Miguel, na velha capital. Depois de dois anos em formato reduzido e apenas com celebração eucarística e veneração da imagem à porta da Igreja, este ano é retomado o formato habitual, com a coincidência de o Domingo da festa ser no dia 8 de Maio, tido como dia da aparição do Arcanjo São Miguel no Monte Gargano na Itália, que aconteceu no século V. Reza a lenda que uma ovelha de um pastor tinha fugido e o pastor atirou uma seta para uma gruta para ver se o animal saía. Mas o que saiu foi a seta que feriu o pastor. Foi visto nisto um sinal que Deus queria alguma coisa para aquela gruta. O bispo local sabendo disto pediu que o Senhor revelasse o que queria e então apareceu-lhe o arcanjo Miguel, revestido de espada e escudo com a insígnia Quis Ut Deus - Quem Como Deus?
Nos Açores, não se sabe bem a origem do culto a São Miguel, embora alguns cronistas falem da devoção dos primeiros descobridores e Povoadores a este Arcanjo e seja atribuída a concessão de donatário a Gonçalo Velho Cabral, em 29 de Setembro (dia litúrgico de São Miguel) de 1444. Mas aí terão palavra os historiadores. O que se sabe é que desde o início, Vila Franca honrou São Miguel com grande culto e grandes templos, o primeiro destruído em 1522, mas logo reerguido e que hoje é um dos mais belos templos dos Açores.
Como forma de organização da procissão, nela se incorporavam, por ordem todas as corporações e ofícios, com os seus patronos, em andores. Manteve-se a tradição que, principalmente depois do padre Ernesto Ferreira ficou conhecida com a procissão do trabalho. E lá continuam a sair os andores, dos diversos santos, em número de mais de uma dezena, honrando as antigas profissões, muitas das quais já praticamente extintas, como a dos arrieiros (os que faziam a vida com transportes de carga em burros e cavalos), que têm Nossa Senhor do Egipto como padroeira, ou os sapateiros (São Crispim), ou ainda os barbeiros (Santa Catarina). Incorporam-se também os pescadores com São Pedro Gonçalves, os lavradores com Santo Antão, os oleiros com Santo António, profissões liberais com São Nuno de Santa Maria, carpinteiros com São José, pedreiros com São João, militares com a Senhora da Paz, escuteiros com o Menino Jesus, São Vicente de Paula, fechando o cortejo a grandiosa imagem de São Miguel.
Do programa para este ano destaca-se para hoje, dia 4 de Maio, como já referimos, pelas 19 horas, a Romagem à Senhora da Paz, com Eucaristia às 20 horas e pelas 21 horas, um sarau músico cultural no Salão Paroquial da Matriz.
Amanhã, quinta-feira, pelas 20 horas, Eucaristia, seguida de actuação do artista Alex Santos, às 21 horas. Na sexta-feira, pelas 20 horas haverá a celebração, com as promessas dos Escuteiros do Agrupamento 436 do CNE, seguindo-se a abertura dos quartos com as imagens dos patronos das profissões, uma tradição que revela muito gosto e muita arte e que costuma, em todos os dias da festa atrair muitas pessoas para “correr os quartos”, ou “correr os santos” devidamente ornamentados e festivamente apresentados. O serão desse dia será animando pelo UnoJovens e Aspegiic.
No sábado, a partir das 10 horas haverá recolha de ofertas e cortejo de oferendas, seguindo-se arrematações, pelas 15 horas, porco no espeto, animação infantil e também a transmissão do programa Atlântida, da RTP/Açores. Pelas 20 horas é a vez da arrematação de gado junto à ermida da Mãe de Deus e a animação estará a carga o artista “João Moniz”.
No Domingo, a Missa solene terá transmissão pela RTP e à tarde, a partir das 17 horas começarão a dirigir-se os andores dos santos patronos para a Matriz de onde às 18 horas sai a solene procissão do trabalho que terá Eucaristia ao recolher. O serão será preenchido com concerto pela banda “União Progressista”.
As festas terminam na segunda-feira com missa solene às 11 horas, e a partir das 16 horas, tarde de arrematações, actuando ao serão o grupo Violas de Água d’Alto e o Crupo Folclórico e Etnográfico de São Pedro.
S.N.