17 de maio de 2022

Eleições ao rubro no PSD

As eleições internas no PSD estão ao rubro, com os candidatos Luís Montenegro e Jorge Moreira da Silva a tentarem arrebanhar os militantes com capacidade eletiva para o próximo dia 28 deste mês votarem neles e se poder apurar quem será o próximo líder do Partido Social Democrata.
Como se sabe Rui Rio segurou o PSD ao centro mas não teve sucesso eleitoral, porque deixou que os partidos à direita, tanto o Iniciativa Liberal, como o Chega, se afirmassem no espectro político-partidário e mesmo na Assembleia da República. No entanto, os dois candidatos à sua sucessão querem que o Partido Social Democrata volte a abrir as portas a todas as tendências, pois não perfilham aquela perspetiva tão redutora do espaço do Partido se deve situar na cena política portuguesa.
A promessa está feita, Luís Montenegro afiança que com ele como Primeiro-Ministro de Portugal, os Açores conseguirão construir o maior ciclo de crescimento e bem-estar do Portugal democrático. O candidato pretende trazer uma maior proximidade e articulação com os órgãos regionais, desde a resolução das questões da mobilidade às comunicações por fibra ótica, desde o financiamento da Universidade aos clusters aeroespacial e do mar, desde a cadeia, à Base das Lajes e melhorar a Lei das Finanças regionais.
Para lá chegar, o PSD tem um grande trabalho pela frente que é o de reconstruir o Partido e deixar de estar apenas focado nos outros partidos, mas dar a conhecer aos portugueses o modelo de sociedade que pretende para Portugal e as propostas que terá para fazer diferente do que António Costa, a começar pelas tão ansiadas reformas, ou seja preparar uma alternativa ao PS e não ser apenas a sombra do PS, como Rio sempre sugeriu, sendo em diversas circunstâncias mais socialista do que os próprios socialistas, votando matérias que outro líder não aceitaria apadrinhar.
A maior parte dos líderes das estruturas distritais do PSD já se manifestaram o seu apoio o antigo Luís Montenegro, que foi um bom líder do grupo parlamentar social-democrata, contudo, não deixa de ser curioso que muitos deles deixam rasgados elogios a Jorge Moreira da Silva.
Tanto Luís Montenegro como Jorge Moreira da Silva têm defendido um PSD mais unido, congregando as vontades das diversas distritais e que reúna as várias famílias políticas que sempre o integraram e com entendimento com outras forças partidárias.
No entanto, Montenegro considera um erro estratégico que Jorge Moreira da Silva use a ideia de um cordão sanitário em relação ao Chega, rejeitando qualquer diálogo com o partido de André Ventura, como fator de diferenciação em relação à sua posição, acusando o adversário de ambiguidade e dizendo de forma clara que o PSD não abdica dos seus valores e princípios e tem as portas abertas para os que se revejam nesses princípios.
Para este candidato, o PSD foi sempre um Partido com um largo espetro de atração, eu não deve estar fechado numa ideologia ortodoxa e dogmática, pois é um partido que defende a iniciativa privada como motor da economia, em que o papel do Estado deve residir na regulação da atividade económica, e também no cumprimento das funções soberanas e das funções sociais.
Por outro lado, Luís Montenegro diz que se for eleito líder do PSD irá falar para todos os portugueses e tentar colher o apoio de todos aqueles que não se reveem nesta política socialista, apelando aos que votaram, no Chega, na Iniciativa Liberal ou no CDS que têm as portas abertas para votarem no PSD.
Assim, o candidato entende que o PSD como casa-mãe do espectro político não socialista, num piscar de olho aos eleitores dos outros partidos, mediante as alternativas que são colocadas nos momentos eleitorais, e lutarei por todos os eleitores.
Em lados opostos está o candidato Jorge Moreira da Silva, que defende um reposicionamento ideológico porque defende um partido que tem de abandonar a conversa do centro, da esquerda e da direita, conceitos estes, que para ele, estão completamente ultrapassados. O PSD tem de ser um partido à frente, não tem de ser um partido que se posicione como centro, centro-esquerda, ou como direita, essa é uma conversa fora do prazo.
Moreira da Silva diz que tudo fará para que o partido agregue os reformistas, tenha capacidade de reformar, que integra os sociais-democratas, mas também os liberais-sociais. No entanto, há um cordão sanitário em torno do partido de André Ventura, pois não fará qualquer acordo com o Chega.
Os dados estão lançados e ambos os candidatos já demonstraram capacidade para liderar o PSD. A ver vamos qual o que será mais acarinhado pelos militantes no dia 28 de maio.

 

Por: António Pedro Costa

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Autor: CA

Categorias: Opinião

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