5 de junho de 2022

Autonomia: Um bem precioso para fortalecer o futuro

1 - Hoje é dia do Pentecostes e amanhã festeja-se a Segunda-feira do Espírito Santo, tradição provinda de ancestrais tradições cristãs centradas na celebração da vida, da solidariedade e da esperança.
2 - Foi pensando no gérmen da unidade, tão importante para juntar os Açoreanos, que a Segunda-feira do Espírito Santo foi o dia escolhido para ser “coroado” como o Dia dos Açores, o que aconteceu por proposta do I Governo dos Açores, tendo a Assembleia Regional aprovado o Decreto Regional 13/80/A que o instituiu.
3 - Este é um dia que une os Açoreanos no mesmo espírito em todas as Ilhas, do Corvo a Santa Maria, numa festa de partilha, de solidariedade e entreajuda. É a maior celebração cívica e religiosa que comemora a açorianidade e a Autonomia dos Açores.
4 - Por coincidência, e creio que pela primeira vez, o Dia dos Açores coincide com o 6 de Junho, dia em que no ano de 1975, em pleno PREC- Processo Revolucionário em Curso, milhares de Açoreanos vieram para a rua em São Miguel reclamar o direito à Autonomia e a serem livres quanto à escolha do seu futuro. Foi assim que o 6 de Junho se tornou um marco histórico na rota da Autonomia.
5 - Há 47 anos os Açoreanos batiam-se pela liberdade, pelo progresso das suas Ilhas, correndo riscos e fazendo sacrifícios, pensando no futuro dos filhos e da sociedade. Ajudaram a estender os direitos sem descriminação, mas sem esquecer os deveres de cada um, coisa que hoje deixou de ser uma norma fundamental para garantir os limites onde um começa e onde o outro acaba.
6 - Houve presos que foram encarcerados na Terceira, houve quem fosse vítima de ataques bombistas e até sinalizaram-se algumas pessoas a abater.
7 - Sem saudosismos, é importante, de quando em vez, reflectir sobre o que éramos, o que somos e o que devemos ser para futuro, sobretudo numa conjuntura que é difícil e sem se saber como e onde acaba.
8 - Os Açores não estão defendidos dos excessos que arruínam a vida colectiva. Este mal resulta, entre outros, dos efeitos nefastos da globalização, das guerras alimentadas pelos lucros que são gerados pelo comércio do armamento, pela cobiça e pelo fabuloso negócio procriado pelo tráfico e consumo de droga, coisa que na Região está transformado num flagelo alarmante.
 9 - O combate que as entidades policiais têm feito é importante, mas insuficiente porque não há políticas sociais públicas consistentes para, no terreno, agirem na prevenção. Há famílias destroçadas, sem saída para a desgraça que lhes caiu em casa, levando alguns progenitores ao suicídio.
10 - Falta sobriedade no pensamento, o que se reflecte em toda a sociedade. O que conta é o que se divulga nas redes sociais e nas plataformas. É o populismo no seu pior, condicionado pelo apogeu dos/as Influencie, que depois estimulam o comportamento dos mais altos responsáveis políticos que tornam os assuntos de Estado numa telenovela, alimentada diariamente no Twitter, sem se aperceberem que as pessoas deixam de os ouvir e ler.
11 - Ao celebrar mais um Dia dos Açores, depois do intervalo de dois anos devido à pandemia, é tempo de termos e sabermos quais as políticas estruturais adequadas ao futuro da Região, porque faltam horizontes, e precisamos de mais economia para fortalecer a Autonomia. Essa é uma tarefa transversal aos partidos políticos, sejam eles governo ou oposição. O que está em causa são os Açores e não a toca onde cada um se alberga.
12 - Temos problemas da Educação para resolver devido à falta de professores, temos de apostar no crescimento da Indústria e não apenas na área dos serviços. Precisamos de aumentar as receitas e ter em conta a qualidade da nossa Democracia, que pode perder um aliado que é a imprensa escrita devido à escassez de papel. Precisamos de ver os eleitos pelo povo mais preocupados com estas grandes questões e não terem medo de dialogar com os cidadãos.
13 - Só assim podemos mobilizar os Açoreanos de todas as Ilhas que, com as suas especificidades próprias, enriquecem e fortalecem o todo regional.
14 - Só unidos será reconhecida a importância que temos e a valorização que representamos como activos para Portugal e para a União Europeia.

  

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Categorias: Editorial

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