António Machado Pires, reitor da Universidade dos Açores, entre os anos de 1982 e 1995 (13 anos), faleceu Terça-feira aos 79 anos. Fica na história dos Açores como um dos fundadores da Universidade.
Era uma personalidade humanista muito querida entre amigos, colaboradores e alunos e mantinha uma relação sempre muito próxima e disponível com os jornalistas com quem era afável e conversador.
O Presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, lamentou a morte de António Machado Pires, declarando que os Açores “muito devem” ao pensador e antigo reitor.
“Preservo a memória da sua excelência, da sua qualidade e intelectualidade”, afirmou José Manuel Bolieiro, antes de dar à família e aos amigos, “as nossas condolências e pesar pelo seu falecimento”.
Os Açores, o ensino superior e a academia da Região “estão mais pobres” com a perda de uma “referência na docência, no pensamento e na intelectualidade”, acrescentou o governante.
Machado Pires, acrescentou ainda o Presidente do Governo, foi um “autonomista empenhado no sucesso do ensino superior dos Açores”.
Por sua vez, o ex-Presidente do Governo dos Açores, Carlos César, considerou Machado Pires “discípulo de [Vitorino] Nemésio, pensador da açorianidade, intelectual sério e reconhecido na academia e nos meios culturais e científicos do país, investigador, ensaísta, professor catedrático e antigo reitor da Universidade dos Açores, António Machado Pires deixa uma marca entre os açorianos maiores e como cidadão do mundo”.
Numa mensagem escrita, a que o Correio dos Açores teve acesso, o também Presidente honorário do PS/Açores defendeu que “o Parlamento, o Governo e as universidades devem um indispensável e competente tributo” ao professor.
“Devo-lhe o privilégio da sua amizade e o seu decisivo apoio em 1996, quando participou activamente na Convenção para a Nova Autonomia, bem como nas eleições seguintes, em todas as minhas candidaturas à presidência do Governo dos Açores, tendo sido meu mandatário político regional”, recordou o socialista, que presidiu ao Executivo regional entre 1996 e 2012.
Lembrou a “palavra amiga e sempre serena” de António Machado Pires enquanto foi Presidente de Governo.
“O seu cuidado no aconselhamento e na crítica e a sua constante atenção perante todas as dúvidas que lhe colocava fizeram-me retê-lo como uma referência constante”, assegurou.
Cláudia Cardoso considera, por sua vez, Machado Pires, “um mestre incontestável para todos os que puderam ouvi-lo. Foi meu professor e meu orientador de Mestrado, partilhávamos o interesse por Nemésio. E mesmo quando já não era meu professor, foi ele a primeira pessoa a quem liguei após a defesa da tese no Porto. Os seus conselhos retenho-os todos, a sua amizade também. Esteve na Biblioteca a meu convite, e já com limitações físicas, em 2018, para falar de Nemésio. E com que graça, com que profundidade de pensamento e com que simplicidade o fez. Os grandes são simples. Choro consternada a sua partida”, completa a socialista.
Por sua vez, o Presidente da Câmara Municipal de Ponta Delgada, Pedro Nascimento Cabral, “lamenta profundamente o falecimento de António Machado Pires, apresentando à família enlutada as mais sentidas condolências”.
Pedro Nascimento Cabral considera António Machado Pires “um homem distinto que, através do seu percurso na Universidade dos Açores, deixou uma marca no desenvolvimento económico, social e cultural da Região”.
Professor catedrático aposentado da Universidade dos Açores, licenciou-se em Filologia Romântica, pela Faculdade de Letras de Lisboa, em 1966, onde foi assistente do escritor açoriano Vitorino Nemésio.
Doutorou-se em História da Cultura Portuguesa na Universidade dos Açores, onde foi professor catedrático, e criou o primeiro mestrado da academia açoriana, em Literatura e Cultura Portuguesa.
António Machado Pires instalou oficialmente a Universidade dos Açores, anteriormente Instituto Universitário dos Açores.
Fundou a revista Arquipélago e o Seminário Internacional de Estudos Nemesianos, promovendo ainda diversos congressos sobre a obra de Vitoriano Nemésio.
Assinou um convénio com a Universidade Federal de Santa Catarina, no Brasil, que o agraciou com uma medalha.
Recebeu o grau de Grande-Oficial da Ordem de Instrução Pública e a Insígnia Autonómica de Reconhecimento.
Actualmente, integrava a Comissão de Honra da candidatura de Ponta Delgada a Capital Europeia da Cultura.
O Correio dos Açores, em nome do seu Director, Américo Natalino de Viveiros, endereça à família enlutada as mais sentidas condolências.