Meus queridos! É a primeira vez, há quase cinquenta anos, que não vou ver os meus recadinhos impressos em papel, no jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio. A minha-sobrinha neta já me ensinou como ler o jornal pela internet e através do sistema em que é remetido aos assinantes, por mail. Mas, para mim, nada como a sensação do papel e do cheiro a tinta que faz a verdadeira magia do jornal que às primeiras horas da manhã nos aparece debaixo da porta. Por isso, nesta hora difícil e que espero seja passageira e breve, quero mandar um ternurento beijinho ao meu querido e simpatiquérrimo Director, Américo Viveiros, e a toda a sua equipa que se têm desdobrado em esforços para vencer mais este obstáculo da falta de papel, sabendo que aos poderes instituídos cabe uma responsabilidade acrescida de criar meios para que a situação se resolva, porque é o poder político que tem de dizer se quer ou não que a imprensa continue o seu multissecular papel na sociedade. Eu, por mim, continuarei a enviar os meus recadinhos, sempre com a esperança de ver e sentir em breve, de novo, o sabor de voltar as páginas do jornal que aqui no meu cantinho, na minha cidade-norte, é minha companhia diária…
Meus Queridos! Fiquei menente com a decisão do Tribunal Central Administrativo do Sul, que mandou abrir um novo concurso para o projecto da mal fadada cadeia de São Miguel… A decisão da República mandar construir uma nova cadeia para acolher 400 reclusos já criou caruncho e o primeiro impulso deu-se creio que em 2015…. Era então uma promessa do deputado Carlos César, eleito pelos Açores à Assembleia da República, e depois artífice do Governo da geringonça… A localização da nova cadeia foi já de si uma dor de cabeça para retirar os montes de bagacina para nivelar o terreno…. Agora, vai ser mais uns anitos para fazer as correcções do projecto ditadas pelo Tribunal…. Enquanto isso, as condições da cadeia da Boa Nova são próprias de terceiro mundo…. e não há quem dê um murro na mesa para que se acelere aquele projecto… A minha comadre Gertrudes lembra que Salazar dava prioridade às condições das cadeias …. dizia-se que a máxima dele… era de que qualquer um… podia ir parar à cadeia ou ao hospital… e daí a necessidade de uma e outra estarem sempre cuidadas… O problema é que uns são cuidados como filhos de Deus e outros, filhos do Diabo! Quem nos acode?
Ricos! Como já disse muitas vezes, não sou mulher de andar pelas redes sociais porque ao lado de algumas coisas boas que também por lá se vêem, a regra quase geral é a de espalhar ódios mal disfarçados e recalcamentos pessoais e políticos que fazem com que alguns grupos e alguns perfis sejam mesmo “lugares mal frequentados”. E o pior é que muitos vendedores de banha da cobra se armam em moralistas e atiram e disparam em toas as direcções, quando alguém não lê pela cartilha deles. Apetece às vezes dizer umas verdades e revelar umas coisas que eles pensam que a gente não sabe, mas os meus recadinhos são sempre recadinhos com amor e não com ódio ou por interesses políticos ou de algibeira… E podem ficar descansados, ricos, que eu não mudo de personalidade ao sabor dos tempos. Sou e sempre fui uma mulher livre e sem medo… E mesmo quando me engano sempre aceitei que me esclareçam e para tal basta uma cartinha ao Director do jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio… que ele prontamente me faz chegar… Por isso mesmo, e seja em que pedestal ou catacumba possam estar, não me amedrontam…
Meus queridos! Tenho de mandar um ternurento beijinho à elegantérrima e simpatiquérrima Presidente da cidade-anfitriã das comemorações do Dia dos Açores Cristina Calisto, pela forma como organizou e recebeu o evento, tanto na sessão solene, como depois, nas sopas e no convívio popular, marcados pela boa disposição e pela música. Disse-me a minha sobrinha-neta, que lá foi com algumas amigas de peito, que a equipa de trabalho que lá estava merece um registo muito positivo e direi até especial… e não cito nomes porque podia deixar injustamente algum de fora… É que, só pelo envolvimento de todos os que estiveram na linha da frente é que se conseguiu a dignidade e, ao mesmo tempo, sentido de acolhimento que ali transpareceu. Como já venho dizendo há muitos anos, as sessões solenes do Dia dos Açores precisam de um novo figurino, embora este, com todos os partidos parlamentares a falar na sessão já seja melhor que o seco e estéril modelo anterior…. Mas a sessão não se pode ficar por um mero acto parlamentar fora do Parlamento. Há que lhe injectar uns momentos culturais e musicais… Mas para isso é preciso arrojo e criatividade. Resta esperar…
Ricos! O que se notou nas intervenções dos oradores dos partidos que “botaram palavra” foi uma sensata unanimidade no sentido de se traçarem caminhos para melhorar e clarificar a Autonomia que o meu querido Presidente Bolieiro repetidamente chamou de autonomia de corresponsabilização. Ela já teve tantos adjectivos, mas agora ganhou um substantivo. Veremos o que poderá sair daí, depois de a defunta CEVERA ter dado em nada, após anos de reuniões… Mas o importante é reavivar uma coisa que se perdeu e que se chamava “alma açoriana”, trocada, às vezes por meros interesses movidos pelo pilim e pelos orçamentos… Esses podem ser o motor do desenvolvimento, mas se não houver o espírito de afirmação açoriana, sujeitam-nos a morrer na praia, porque para partir o bolo e fazer a manta chegar para todos, não falta quem queira dividir para reinar, sem olhar para o esforço de anos que levou a construir e cimentar a unidade açoriana, firmada na soma das diferenças das nossas ilhas e não nas suas rivalidades…
Meus queridos! A liberdade de ser ou estar é o melhor que nos pode acontecer. Por isso mesmo, não fiquei nada admirada com a ausência do Iniciativa Liberal na tribuna da sessão solene do Dia dos Açores. Cada um sabe dos seus motivos… e como sou uma mulher curiosa, vasculhei os jornais do “burgo” regional… a ver se havia sido publicada a razão da dita cuja ausência do meu querido e irreverente deputado Barata. Nos jornais que li, não encontrei uma linha sobre o que poderia ter significado a não presença oratória… daquele parlamentar… e lembrei-me de um velho professor meu, quando o Liceu Antero de Quental ainda era Liceu Nacional, que dizia que em tudo o que se faz na vida… só faz falta quem está presente! Pois!
Ricos! A minha prima Teresinha ligou-me um dia desta semana a pedir-me para que eu nos meus recadinhos dissesse ao “verbo loquaz” deputado Pacheco que Deus e Espírito Santo são a mesma e única divindade, … razão pela qual não vale a pena andar a dizer que “acima dos Açores, só Deus e o Divino Espírito Santo”… Sei que é uma força de expressão, mas não custa nada colocar as coisas no seu lugar… É que ainda pode aparecer por aí algum fanático a acusar o Chega de heresia… Livra!
Meus Queridos! Na cerimónia do Dia dos Açores, foi muito comentada a presença dos dois antigos presidentes do Governo, João Bosco e Carlos César, que ficaram lado a lado no auditório do Nanagon e no final da festa até trocaram impressões com o deputado Francisco César, o que levou a minha prima Maria da Praia a pensar que tinham trocado números de telefone…. Notada foi também a presença do antigo primeiro Presidente da Assembleia Regional, Álvaro Monjardino, que apesar dos seu noventa anos está em grande forma… A minha sobrinha neta foi depois às sopas do Espírito Santo, gostou do que comeu e apreciou o convívio de todos os convidados… assim como o convívio entre os populares que responderam ao convite público! Foi o convívio próprio do Espírito Santo.
Meus queridos! No passado dia 3 de Junho, a novel e cada vez mais social igreja de Fátima do Lagedo viveu momentos únicos, com a missa de comemoração e acção de graças dos sessenta anos de sacerdócio do sempre jovem e activo padre Fernando Teixeira, que ali colabora há anos, para além do trabalho que desenvolve junto da obra do Padre Américo… Foi uma eucaristia emotiva e com muito coração em que também concelebraram os padres Norberto Brum, actual pároco do Lagedo, e o padre João Luciano Rodrigues, primeiro responsável pela então criada paróquia… Disse-me a minha prima Jardelina que lá esteve, … que momento para não esquecer, foi quando duas crianças do Gaiato foram entregar uma lembrança ao homenageado, e o meu querido padre Fernando Teixeira, de lágrimas nos olhos, só conseguiu dizer: “Eu não tenho culpa de ter filhos”! Para ele o meu ternurento beijinho, e que continue com essa sua sábia vida de simplicidade e doação!