12 de junho de 2022

Uma equação difícil de resolver

 1- No Editorial de Domingo passado, um dia antes da celebração do Dia dos Açores, escrevíamos que “é tempo de termos e sabermos quais as políticas estruturais adequadas ao futuro da Região”, acrescentando a falta de horizontes, e evidenciando alguns problemas que temos para resolver, começando na Educação, para combater a vergonhosa taxa de insucesso escolar na Região e acrescentar qualidade aos professores e ao mesmo tempo acautelar a substituição daqueles que estão à porta da reforma.
2- Lembrávamos que é preciso mais economia para fortalecer a Autonomia, imputando essa tarefa como uma obrigação transversal dos partidos políticos, sejam eles Governo ou oposição.
3- As intervenções dos representantes dos partidos políticos e dos Presidentes do Governo e da Assembleia Legislativa, convergiram quanto aos desafios que temos vindo a apontar como essenciais para responderem às circunstâncias do presente, mas pensando naquilo que tem de ser no futuro.
4- As intenções têm de transformar-se em acções concretas e, para tanto, é imperioso que haja uma convergência quanto ao essencial entre as forças que compõem a Assembleia Legislativa, sem perderem a sua matriz ideológica.
5- O Presidente do Governo elencou o que precisa ser corrigido assim como as consequências provindas de duas pandemias. A Covid-19 e a guerra na Ucrânia, com efeitos directos no custo de vida e no agravamento da pobreza das famílias, empurrado pelo crescimento da inflação e pelo aumento das taxas dos juros.
6- Por isso, é preciso acudir às necessidades habitacionais da Região, e antecipar medidas para auxiliar especialmente os jovens.
7- O triunfo da Autonomia, que está a caminho do cinquentenário, impõe que tenhamos uma Autonomia Política e Administrativa de resultados, que sirva os cidadãos com menos burocracia e com mais coração e acção, procurando, desse modo, que o povo se torne no seu principal defensor,  já que foi ele o seu principal obreiro.
8- Nesta semana que passou, celebrou-se mais um Dia de Portugal, desta vez, com o Presidente da República a fazer a festa em casa e no estrangeiro, com um discurso dizendo que o povo “É razão de ser o que somos e como somos, viva o povo português, vivam os portugueses de ontem, de hoje e de sempre onde quer que façam Portugal”.
9- Depois da dissolução da Assembleia da República que deu lugar a uma maioria absoluta desejada por uns, mas rejeitada por outros, vem-se notando que o Presidente da República tornou-se num “comentador” de notícias e factos insignificantes, perdeu a dinâmica que tinha como “motor” do Governo, e regressou às selfies, deixando de afirmar que o futuro para o país e para o povo é hoje e não amanhã, tal como antes vinha salientando alto e a bom som. Parece ter perdido ambição, e se não mudar de agulha vai ficar para a história como o Presidente dos “beijinhos e das fotos a esmo”, o que é pouco para superar a conjuntura em que estamos e ficar com um lugar na História.
10- É que a vida está cada vez mais difícil para quem vive do trabalho do dia-a-dia, e a “procissão ainda vai no adro”. Com a economia como está, cresce o fosso entre os mais ricos e os mais pobres, que estão a ficar mais pobres todos os dias.
11- Enquanto isso, foram divulgados por grandes empresas do sector energético resultados que, nalgumas, apontam para lucros que duplicaram relativamente aos anteriores, e outras multiplicaram-nos 5 ou 6 vezes mais, o que leva a concluir que enquanto os combustíveis e a energia está a subir quase “ao minuto”, os accionistas dessas empresas vêem os lucros crescer diariamente beneficiando da subida de preços de forma desproporcional e descontrolada.
12- Sem controlo dos Estados ou da União Europeia, resta saber onde irão parar os custos da energia, que poderão originar o colapso de muitas empresas e desencadear uma grande agitação popular, com consequências de todo imprevisíveis.
13- A conjuntura que estamos a atravessar é deveras complicada, porque são importantes os apoios financeiros estatais para equilibrar as perdas do sector empresarial e das famílias, mas isso terá implicações na dívida pública de cada Estado o que torna uma equação difícil de resolver.    
                                          
                                 

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Categorias: Editorial

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