Pelo menos três petroleiros russos desligaram os seus sistemas de identificação ao largo dos Açores. Apesar de os regulamentos internacionais exigirem que embarcações como petroleiros mantenham os seus transmissores quase sempre ligados, o desligar – conhecido como ‘actividade escura’ – já foi sinalizado pelo Departamento do Tesouro dos Estados Unidos como uma das várias práticas usadas para evitar sanções no sector marítimo, segundo revelou a publicação Bloomberg.
Embora não seja claro ainda quais os motivos que terão levado os navios a desligar o seu sistema de identificação, suspeita-se que possam estar a transferir a sua carga para outras embarcações, mesmo que a transacção em si seja legal, mantendo assim os compradores em perfeito anonimato e podendo contornar, desta forma, algumas das sanções actualmente em vigor.
A ‘actividade escura’ de petroleiros afiliados à Rússia triplicou desde o início da invasão da Ucrânia, de acordo com dados da Windward AI, consultora de risco marítimo – antes da guerra, os petroleiros russos tinham em média cerca de uma ‘actividade escura’ por semana, segundo revelam dados da empresa marítima. Mas, entre 24 de Fevereiro e 24 de Maio, essa média semanal “disparou” para cerca de 10, apontou o relatório.
A maioria destas transferências ocorre em águas abrigadas, onde o risco de derrame de petróleo é reduzido drasticamente. Estas trocas costumavam ter lugar na costa da Dinamarca, mas recentemente têm sido observadas no Mediterrâneo ou no Mar do Norte, perto de Roterdão. Recentemente, estas transferências estão a ter lugar em mar alto e quase em águas portuguesas.