“Açores são líderes pelo exemplo na preservação dos oceanos e continuarão a sê-lo”, garante Bolieiro em Lisboa onde se discute a importância de salvar os mares

“Infelizmente, tomámos os oceanos como garantidos e hoje enfrentamos o que eu chamaria de “Emergência nos Oceanos”, declarou o Secretário-geral das Nações Unidas, António Guterres, aos delegados, , na abertura da Conferência dos Oceanos da ONU, onde esteve presente o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa e representantes de dezenas de países..
“Temos de inverter a maré. Oceanos saudáveis e produtivos são vitais para o nosso futuro comum”, disse António Guterres, citado pelo Centro Regional de Informação para a Europa Ocidental das Nações Unidas.
As Nações Unidas, com o apoio dos Governos de Portugal e do Quénia, acolhem a Conferência em Lisboa, desde ontem até 1 de Julho.
Ontem, nesta conferência, num painel intitulado “Leading by doing: Latest large-scale actions and new announcements on ocean conservation to achieve 2030 goal”, o Presidente do Governo Regional dos Açores, José Manuel Bolieiro, destacou o papel liderante da região na protecção dos oceanos, garantindo que tal continuará no futuro mais imediato, nomeadamente com a aceleração de metas para a protecção dos mares.
“Continuaremos a liderar pelo exemplo ao antecipar em sete anos, para 2023, os objectivos estabelecidos para 2030” no que diz respeito à definição de áreas marinhas protegidas, realçou o governante, citado numa nota no Portal do Governo.
Antes de desafiar os presentes de dezenas de países a visitarem os Açores e tomarem contacto directo com “desenvolvimento económico sustentável aliado à protecção da natureza”, José Manuel Bolieiro enumerou as espécies animais que habitam nos mares dos Açores e lembrou que o mar do arquipélago representa 56% do espaço marítimo português, sendo uma das maiores zonas exclusivas da Europa.
“Somos orgulhosos de sempre termos protegido os tesouros da natureza”, acrescentou ainda o Presidente do Governo no mesmo documento.
“Os Açores participam nesta Conferência dos Oceanos como líderes no fazer. Temos um histórico que nos dá prestígio mundial relativamente à preservação e conservação dos oceanos. Mas não satisfeitos com o histórico, de excelência, queremos liderar a agenda 2030, antecipando para 2023 os 30% do nosso mar como áreas marinhas protegidas: 15% totalmente protegidas, 15% parcialmente protegidas”, concretizou o chefe do Executivo açoriano, sempre citado.José Manuel Bolieiro interveio num painel que contou com a moderação do Presidente da Fundação Oceano Azul, Tiago Pitta e Cunha,  e integrou ainda o Ministro do Ambiente e da Acção Climática, Duarte Cordeiro, o Presidente do Governo Regional da Madeira, Miguel Albuquerque, e o Administrador da Fundação Oceano Azul Emanuel Gonçalves.
Segundo a organização, a Conferência é um apelo à acção pelos oceanos – exortando os líderes mundiais e todos os decisores a aumentarem a ambição, a mobilizarem parcerias e aumentarem o investimento em abordagens científicas e inovadoras, bem como a empregar soluções baseadas na natureza para reverter o declínio na saúde dos oceanos.
 A Conferência dos Oceanos acontece num momento crítico, pois o mundo procura resolver muitos dos problemas profundamente enraizados nas nossas sociedades e evidenciados pela pandemia da covid-19, como refere a organização do evento.
Presentes estão representantes dos Estados-membros e do Sistema das Nações Unidas, bem como de 1178 outras entidades, da academia ao sector financeiro e económico, organizações não governamentais, fundações e outros parceiros, conforme revelou o Governo de Portugal, através do Ministério dos Negócios Estrangeiros, que também refere, e citámos: “Enquadrada pela necessidade de acção, atenta a importância da conservação e do uso sustentável dos mares e recursos marinhos para alcançar os ODS (Objectivos de Desenvolvimento Sustentável) e a Agenda 2030 no seu todo, a UNOC deverá aprovar a Declaração de Lisboa, um documento que realçará as áreas de actuação inovadoras e baseadas na ciência que permitam apoiar a concretização do ODS: conservar e utilizar de forma sustentável os oceanos, mares e recursos marinhos para o desenvolvimento sustentável”.
Antes da conferência dos Oceanos, a Associação Zero emitiu uma nota para sublinhar que “sem oceanos saudáveis não será possível travar as alterações climáticas, opinando que são precisos líderes ambiciosos para travar o declínio dos oceanos”, pois “são fundamentais para a vida no planeta e para o futuro da humanidade”, lembrando ainda que “são responsáveis pela produção de mais de 50% do oxigénio que respiramos, albergam mais de 220 mil espécies e garantem o sustento a mais de 3 mil milhões de pessoas, em especial nos países em desenvolvimento e países insulares.
Para além disso, assumem um papel fundamental na dimensão social e cultural da identidade das comunidades costeiras e, como tal, têm um impacto considerável no bem-estar das populações”.

N.C. *

Print
Autor: CA

Categorias: Regional

Tags:

Theme picker