5 de julho de 2022

Um país que tanto nos dá

Se ontem se celebrou o 4th July, ou seja, o dia dos Estados Unidos da América, na passada sexta-feira foi a vez do Canadá festejar o seu dia. Houve tempos em que se tornara tradição celebrar o Dia do Canadá nos Açores, com cerimónias mais ou mais protocolares, com a participação da administração regional e local, que se associavam ao evento, justificadas pelo facto de que são muitos os açorianos que labutam e residem naquela grande nação. Pelo menos houve uma pequena cerimónia de hastear da bandeira canadiana nos Paços do Concelho de Ponta Delgada.
Foi mentor e percursor da ideia de comemorar tal data Fernando Raposo, que nos idos anos 80, criou a Associação de Amizade Açores Canadá, que era o rosto das comemorações, como forma de manifestar publicamente o grande significado do dia, não só para os que ainda estão teluricamente ligados ao Canadá, mas também para os que de alguma forma têm com ele uma relação afetiva, por laços familiares com os que lá residem e trabalham arduamente e que são uma parte muito significativa da nossa população.
Os Açores não seriam os Açores sem os milhares de açorianos espalhados pelo mundo fora. Os Açores não são apenas as 9 ilhas com os seus habitantes. Os Açores são constituídos também por mais um milhão de emigrantes espalhados pelos quatro cantos do mundo. São esses emigrantes que fazem dos Açores uma grande região.
Por isso, o desfraldar da Bandeira Nacional do Canadá em algumas praças dos Açores são momentos emotivos, lembrando os fortes laços que unem todas as ilhas dos Açores à grande nação Canadiana, um dos mais tolerantes do mundo, onde se cruzam as mais diferentes raças, num clima de hospitalidade, liberdade e perfeita integração. 
O Canada Day no dia 1º de julho é a data da formalização da união de três províncias, o Canadá, a Nova Escócia e a Nova Brunswick num único território do império britânico, ou seja um marco nacional no caminho para a independência do país. Na época (1867), o Canadá ganhou um nível maior de controlo político em relação aos seus próprios assuntos, mesmo continuando a ser uma colónia britânica.
Todos os recantos daquele país, comemora-se este feriado, celebrações essas que são eventos públicos de grande dimensão, ao ar livre, com convívios sociais, desfiles, festivais, churrascos, espetáculos aéreos e marítimos, fogos de artifício e concertos musicais gratuitos.
Esta data histórica transformou-se no principal feriado do país onde as pessoas celebram vestindo-se ou pintando-se de branco e vermelho, ou seja, as cores da bandeira e saem às ruas para os inúmeros eventos públicos. Estas celebrações vão para além das suas próprias fronteiras, pois é também comemorado ao redor do mundo, como por exemplo na Trafalgar Square, em Londres, onde se encontra a comunidade canadiana chamada de Canadá House, que promove variadas atividades com o apoio do governo, Por outro lado, o Friendship Festival, são celebrações que ocorrem na fronteira entre as cidades Fort Erie, em Ontário no e Buffalo, em Nova York.
Por isso, importa neste dia fazer homenagem a um país que considero que tantas oportunidades me deu também a mim e evocar a dedicação e a coragem de milhares e milhares de açorianos, que fazem do Canadá a sua pátria adotiva, que tão bem os soube acolhê-los e ali labutam diariamente de uma ponta à outra daquela grande nação. 
Por outro lado também, lembrar esta data deverá ser um desafio aos emigrantes, no sentido de manterem a sua identidade açoriana, preservando a cultura, as tradições e a língua portuguesa. Mas também é um desafio que se coloca aos Açores, no sentido de potenciarem o muito que as nossas comunidades de emigrantes, quer no Canadá, quer no resto de mundo, encerram ao nível económico e ao nível da captação de investimento externo, sobretudo, no campo do turismo, um mercado que pode ser ainda mais explorado.
Se foi dia de festa para aqueles que nas ilhas estão ligados ao Canadá, também o foi para todos os canadianos que escolheram os Açores para viver e que muitos deles marcaram presença naquele evento dado que nunca esquecem que mesmo vivendo nos Açores, também deixam um pouco de si no Canadá.
O Canadá e os Açores gozam de uma excelente relação devido aos laços históricos que nos unem e a comunidade açoriana radicada, quer no Quebeque, quer em Ontário ou Manitoba, é uma presença importante que continuará a estimular as relações não só de negócios, mas também os laços culturais e históricos.
António Pedro Costa

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Categorias: Opinião

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