Ao tentar reunir algumas das minhas ideias para conseguir exprimir um pouco do que me vai na alma no momento, devo confessar que esta é uma das semanas mais difíceis após quase quinze anos de colaboração com o Jornal Correio dos Açores. É verdade que a nada estou obrigado, que a imaginação já não é como outrora, mas ainda sinto este pequeno desejo de fazer ouvir a minha voz através da escrita. Não sou escritor, pois temos por cá o jovem Pedro Câmara que tanto nos orgulha com várias obras de sucesso já publicadas, não sou jornalista e até muito menos fotógrafo como algumas vezes me quiseram transformar, embora seja um velho apreciador de imagens e vídeos que quando me é dada a possibilidade vou publicando por “amor à camisola” que sempre vesti pelos Ginetes. Temos nesta maravilhosa terra o talentoso Nelson Raposo que muito bem sabe retirar o máximo da natureza através de imagens fantásticas que nos transportam a um mundo aparentemente de ficção, mas que é mesmo real.
Tenho procurado ao longo de todos estes anos ser coerente, não atraiçoando a consciência, quando muitas vezes dou voz através das minhas crónicas à opinião de muitos dos meus amigos dos Ginetes. Verdade que não sou perfeito nem senhor absoluto de nada pois na minha idade seria muito mais cómodo, para mim e para os meus familiares ficar “quietinho” à espera do dia da grande partida para sempre que me colocará frente a frente. “humanamente falando” com o Criador. Como todos sinto algum receio pela minha “imperfeição”, mas paradoxalmente não tenho medo porque a voz da minha consciência nunca se escondeu do que considero a verdade para defender os meus semelhantes. Isso o Bom Deus sabe-o perfeitamente.
“Motivação… precisa-se” foi o título que escolhi para fazer trabalhar a minha imaginação para encontrar uma pequena luz de esperança, pois ninguém é capaz de negar que andamos todos desmotivados. Guerra, pandemia, violência física e moral, sistema da saúde, instituições de carácter cultural e até a própria Igreja parece ter perdido aquela “chama” que outrora sempre conseguiu atrair a grande maioria dos nossos antepassados.
Hoje as nossas igrejas estão praticamente vazias, excepção feita por ocasião de grandes eventos, e a explicação que nos servem é sempre a mesma “é igual por toda a parte”.
E assim encontramos todos o remédio mais simples para cura dos males que afligem a nossa sociedade pois se “é igual por toda a parte significa ser doença que não tem cura”.
Como mencionei no meu trabalho do último Domingo, dia da Festa anual em Honra de S. João, previa um dia “muito triste” em consequência da falta de motivação que transformou esta terra por completo. Apesar de tudo devo confessar que me surpreendeu o trabalho de alguns corajosos que conseguiram ultrapassar o que eu próprio não fui capaz, talvez como consequência da idade a minha consciência me diz bem alto “BASTA”.
Quero felicitar todas as crianças, pais e respectivas/os Catequistas, que “tudo deram” para que esse dia fosse positivamente recordado para sempre na memória desses pequenos inocentes. Uma caminhada nem sempre fácil, mas que “por hora” ainda se vai conseguindo desenvolver com algum sacrifício.
Igualmente não posso esquecer as gentes da minha terra que ignorando problemas que “nunca” deveriam existir se motivaram a si próprias ornamentando com alguns bonitos tapetes floridos pequenas ruas desta terra, como a Rua do Moio e respectiva Rua da Igreja. Quanto à Estrada Regional sempre foi e continuará a ser um problema muito difícil de resolver porque não é possível desviar o trânsito.
Muito poderia desenvolver sobre este assunto que no momento sei preocupar bastante as gentes dos Ginetes. Embora calmos, tranquilos e silenciosos seguem o caminho mais fácil que é o da indiferença, mas tenho a certeza que nunca esquecem.
Não é minha intenção culpabilizar quem quer que seja, mas não posso impedir-me de fazer uma observação muito simples que se encerra numa pequena frase “ninguém é capaz de fazer tudo sozinho”. Se dúvidas existissem, prova tivemo-la no passado fim-de-semana.
Igreja somos todos nós, não os edifícios em pedra que em muitos casos se transformaram apenas em excelentes atracções turísticas, nada mais.
É necessário que os leigos, essas chamadas “pedras vivas que compõem o Templo do Senhor” , se empenhem a participar na vida da Comunidade, mas igualmente é necessário que sejam verdadeiramente aceites. Caso contrário, ninguém quer ser apenas espectador de bancada, e com razão, pois eu também não o seria.
Alberto Ponte