A Assembleia Legislativa Regional dos Açores aprovou ontem um voto de saudação às iniciativas de orgulho LGBTQIA+ realizadas recentemente nas ilhas de São Miguel e Terceira. Este voto de saudação, apresentado pelo Bloco de Esquerda, e conforme nota enviada às redacções, pretende contribuir para combater estigmas e preconceitos promovendo o respeito integral pela liberdade de cada ser humano.
O voto foi aprovado por todos os partidos à excepção do Chega, pois o deputado absteve-se na votação, “por considerar que a defesa de todos os que são excluídos e vítimas merece todo o apoio e consideração do Chega, mas lamentando que se exponha a opção sexual de cada um”.
“Todos merecem defesa: as crianças, os idosos e as pessoas de todos os sexos e opções sexuais. Todos merecem defesa. Mas fazer disso um circo de minorias é uma ofensa a todas as pessoas que têm outras opções. Para fazer disso um circo não contem com o Chega”, referiu José Pacheco, citado numa nota enviada às redacções.
Por maioria, o Parlamento saudou, assim, a marcha de orgulho LGBTQIA+ realizada em Ponta Delgada no dia 2 de Julho, organizada pelas associações Azores LGBT, As Cores dos Açores e UMAR Açores, com a participação da OPUS diversidade, e a Noite Pride realizada na Terceira no dia 25 de Junho, organizada pela Oficina D’Angra - Associação Cultural, AMAR-Açores e APF - Associação para o Planeamento Familiar Açores.
Recorde-se que em Ponta Delgada houve um almoço com a comunidade no Azores Forever, que acolheu umas 15 pessoas. Na marcha estiveram presentes quase 200 pessoas, tendo havido também uma actuação musical nas Portas da Cidade. Após a marcha, houve lugar a uma partilha de testemunhos e discursos por parte dos convidados e da organização.
Ao início da noite, decorreu uma after-party assim como também houve um show de drag queen, entre outras iniciativas.
Ainda de acordo com o Bloco de Esquerda, e citado: “A vergonha socialmente imposta e politicamente consentida tem como principais vítimas as minorias de toda a natureza, que são enfiadas num qualquer armário. Por isso compete-nos, como representantes do poder político, contribuir para quebrar barreiras e abrir armários”, disse a deputada Alexandra Manes, que apresentou o voto no plenário.
O voto salienta as vitórias que foram alcançadas ao longo das últimas décadas: o acesso ao casamento e à adopção da comunidade LGBTQIA+, o direito à autodeterminação de género e o princípio constitucional da igualdade que garante tratamento igual e a proibição da discriminação, mas alerta que “apesar de as leis terem mudado, ainda há muito por fazer”, porque “continuam a persistir ideias e conceitos distorcidos, que tentam confundir estas formas de ser e de amar como doença ou problema social”.
N.C.