Ontem, dia 18 de Julho, o Nordeste assinalou o seu feriado municipal, no qual comemorou, em simultâneo, o seu 508.º aniversário de elevação a concelho. Na sessão solene organizada pelo município, que ocorreu após a realização das Festas do Nordeste, Paulo Portas esteve presente enquanto orador, e foram homenageados dois cidadãos naturais do concelho, nomeadamente António Raposo e José Maria da Rocha, pessoas cujo “exemplo é o reflexo da alma Nordestense” e cujo “percurso servirá, certamente, de inspiração a muitos Nordestenses”.
Para o autarca, conforme referiu, ter a oportunidade de celebrar mais um aniversário do concelho é algo “sempre marcante”, sendo ainda um “motivo de orgulho, felicidade e reconhecimento” pela história do município, bem como “um acrescento de responsabilidade, disponibilidade e dedicação diária” em prol daquela terra e da sua comunidade “humilde, dinâmica, séria, que sabe muito bem o que quer” e que defende o seu concelho a partir dos “quatro cantos do planeta”, através dos seus emigrantes, “com especial relevância para as grandes comunidades de nordestenses a residir no Canadá e Estados Unidos da América”.
Porém, conforme adiantou António Miguel Soares no seu discurso da sessão solene comemorativa dos 508 anos de elevação do Nordeste a concelho, este é um aniversário celebrado “num momento de alguma incerteza” para o concelho, tendo em conta que, para além da Covid-19, que já permitia “planear o presente e o futuro próximo com uma dinâmica económica de retoma”, fazem-se agora sentir alguns dos problemas provocados pela guerra que se instalou na Ucrânia com a invasão russa.
“Em pleno século XXI, quando a conjuntura mundial saía de tempos difíceis e de muita incerteza mas começava a olhar para o futuro com uma nova esperança, quando os nossos empresários, através do seu esforço e resiliência estavam já num processo de retoma económica, eis que surge um país que movido por sabe-se lá por quê, ou talvez até se saiba, decide invadir o seu vizinho e de forma selvática, desumana e sem qualquer escrúpulo provocar uma guerra com todos os horrores e tragédias humanas, sociais e económicas”, adiantou o presidente da autarquia no seu discurso.
Para além da tragédia humana a nível mundial, o concelho depara-se “com uma conjuntura adversa” que, em especial no concelho do Nordeste, afecta “o tecido empresarial ligado à construção civil”, embora esteja convicto de que “o mundo estará à altura dos problemas que enfrenta” e que, no caso concreto do Nordeste, os seus habitantes e empresários poderão contar com o apoio do município para “vencer mais esta batalha”.
Por ser o Nordeste um concelho “periférico, afastado do grande centro urbano de Ponta Delgada, com especificidades muito próprias e uma economia local mais susceptível às dificuldades que a conjuntura actual pode trazer”, conforme descreveu o autarca nesta ocasião, António Miguel Soares adianta que “é em alturas destas” que locais com estas especificidades “devem ser olhados pelos governantes de forma diferenciada, através de uma discriminação positiva que vá ao encontro das reais necessidades das suas populações”.
Tendo em conta o “tecido empresarial frágil” que existe no Nordeste, o presidente do Município apelou, durante o seu discurso, que o concelho necessita de “políticas concretas e direccionadas à verdadeira realidade das suas empresas e dos seus empresários”, bem como de mão-de-obra qualificada para satisfazer as necessidades das empresas locais, sem esquecer a formação profissional, que deverá ir “ao encontro das verdadeiras carências do tecido empresarial” nordestense.
Nesse sentido, o autarca considera necessário que as escolas profissionais “ministrem cursos técnicos ligados às áreas da construção civil e pecuária”, uma vez que o tecido empresarial actual do Nordeste e as suas respectivas instituições “não conseguem absorver toda a mão-de-obra existente”, sendo uma das razões, apontou, “a falta de formação técnica para as necessidades existentes”.
Estas circunstâncias fazem com que se vivam “tempos difíceis com uma taxa de desemprego preocupante”, tornando assim necessária a criação “de um regime de excepção para o Nordeste, através de uma alteração da legislação regional relativamente aos programas ocupacionais, possibilitando aos trabalhadores que se encontram em situação de desemprego o acesso ao trabalho, ultrapassando as dificuldades por que atravessam e melhorando as condições de vida das suas famílias”.
Este é um apelo que lança a José Manuel Bolieiro e à sua equipa não no sentido de beneficiar apenas o Nordeste mas sim no sentido de “reverter a actual legislação regional no que se refere ao acesso aos programas ocupacionais em concelhos com as especificidades do concelho do Nordeste”.
Falando em termos de projectos que a autarquia tem actualmente entre mãos, António Miguel Soares adianta que se está actualmente a proceder à conclusão da requalificação do centro urbano da Achada, do novo parque de Lazer da Lomba da Fazenda, bem como da nova Biblioteca Municipal do Nordeste.
Em breve, adiantou ainda nesta ocasião, deverá iniciar a requalificação do mercado municipal e respectiva zona envolvente dos Sete Arcos, bem como a beneficiação do salão de São Pedro Nordestinho. Na agenda do município está também a requalificação do centro urbano de Santana e do caminho das Relvas na Achadinha. Em processo de aquisição, estão também os terrenos que se irão reservar ao aumento do Parque Industrial do Nordeste.
Embora estes investimentos e melhorias no concelho ocorram durante um “processo de reequilíbrio financeiro” da Câmara Municipal, António Miguel Soares afirmou na celebração dos 508 anos da elevação do Nordeste a concelho que a autarquia será “muito ambiciosa” no sentido de “continuar a trabalhar diariamente em prol do Nordeste e em benefício de todos os Nordestenses com a grande missão de tornarmos ainda mais apetecível a vontade de investir, trabalhar e viver no nosso Nordeste e de fixarmos a nossa população” e as suas famílias, sendo este também um dos principais problemas por que atravessa o concelho, a desertificação.
Joana Medeiros