Revelado no Dia Mundial das Hepatites

Doenças transmissíveis Hepatites, Sífilis e HIV estão a preocupar responsáveis açorianos

A Directora-Geral da Arrisca apresentou os primeiros números de um projecto que esta associação está a implementar. Num encontro realizado ontem em Ponta Delgada no âmbito do Dia Mundial das Hepatites, Susete Frias avançou que já foram realizados rastreios a 8% dos 1598 utentes desta instituição, “a grande maioria consumidores de alto risco de drogas por via endovenosa”, conforme realçou, antes de explicar que “22% da população rastreada estava reactiva ao teste rápido”, sendo que, depois de realizado o teste RNA, confirmou-se que 100% acusaram positivo para esta doença. Mas mais preocupante do que isso, refere a Directora-Geral da Arrisca, é o facto de “dois deles, que já tinham sido curados, estarem reinfectados”.
Susete Frias explanou os objectivos e linhas de acção deste projecto, explicando que as grandes metas passam, para além do aumento “do estatuto serológico dos nossos utentes”, pela capacitação dos profissionais de saúde.
“Actualmente na região os clínicos só rastreiam caso o doente refira ter tido comportamento de risco ou se tiver alguns sintomas que indiciem a probabilidade de uma pessoa ter esta doença. Como esta é uma patologia silenciosa, a grande maioria das pessoas que já é portadora está a evoluir para a cronicidade, para uma cirrose e para um cancro (...). O algoritmo que está presente na região é rastrear se o doente referir comportamento de risco ou se tiver sintomas”, destaca.
O aumento do “conhecimento e sensibilização da população em geral”, é outra acção importante para que se consigam alcançar as metas delineadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para a erradicação da doença até 2030.
Susete Frias explicou também que o objectivo passa por criar uma equipa “constituída pelos profissionais da Arrisca e do Hospital”.
“Os contactos têm sido feitos com o Serviço de Gastroenterologia, mas o propósito é trazer também o serviço das Infecciosas porque alguns dos nossos utentes são co-infectados; positivos ao VIH e à Hepatite C”, refere.
Alertando, durante a sua apresentação, que começam a surgir nestas populações mais casos de outras doenças, como a sífilis, a Directora-Geral da Arrisca frisa que outro dos propósitos “é associarmos as três patologias (VIH, Hepatite C e Sífilis)”.
A monitorização e a garantia de que estes doentes mantêm o tratamento são outros dos aspectos que este projecto pretende garantir.
“Até agora nenhum doente ficou por tratar, mas o propósito é criar uma plataforma de maneira a que possamos monitorizar ao dia quantos estão, a adesão e criar formas de comunicarmos mais efectivas entre parceiros e criar, por assim dizer, a via verde de referenciação para estas pessoas”, salienta.

Prevenção como principal arma da erradicação da doença
Susete Frias realçou que, tal como acontece na grande maioria das doenças, a prevenção e a sensibilização são o principal meio para a diminuição e erradicação desta doença. A responsável da Arrisca lembra, a este propósito, que ainda há um longo trabalho a desenvolver nesse sentido, dando como exemplo um inquérito realizado por esta Associação junto de população mais jovem.
 “Fizemos há uns anos um inquérito nas Escolas Profissionais sobre as doenças sexualmente transmissíveis e percebemos que a grande maioria dos jovens não se previne em termos de sexo protegido ou na partilha de material cortante (…). Percebemos que ao nível do sexo, o amor é um impeditivo da prevenção, já que a questão do amor está muito ligada à confiança e muitos jovens acham que, por serem monogâmicos, terem confiança e amor pelo outro, não é necessário prevenir. O rastreio normalizado não é comum porque estes jovens encaram o pedido de análises do parceiro como uma falta de confiança e de amor. Por isso é que promoção e literacia não é só dar informação das vias de transmissão”, realça.

Luís Lobão *

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Autor: CA

Categorias: Regional

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