2 de agosto de 2022

Um caldo muito especial

 

No fim-de-semana de 22 e 23 de julho, as atenções do verão na ilha de S. Miguel voltaram-se para a Vila de Rabo de Peixe, que acolheu milhares de forasteiros que quiseram participar no Festival Caldo de Peixe, que já se tornou num dos eventos marcantes realizados na Vila. Com uma atividade intensa, esta festa recebe cada vez mais participantes e visitantes, com o intuito de procurarem descobrir novos paladares do saboroso caldo de peixe.
Trata-se de uma iniciativa da AQUA – Cooperativa para o Desenvolvimento Sustentável do Mar, uma cooperativa de economia solidária, pescas e cultura, constituída em abril de 2019, tendo como objetivo dinamizar atividades no mar, criando valor sustentável nas comunidades piscatórias.
Vai daí que a vertente gastronómica tem sido o móbil neste festival, que atrai muitos forasteiros que se deslocam propositadamente para ir ao Caldo de Peixe e provar, não só os sabores tradicionais, como também a forma inovadora dos diferentes chefes gastronómicos confecionarem as sopas, os caldos e outros pratos que tenham como base o peixe proveniente do mar dos Açores.
Este ano, registou-se a participação da Chef Patrícia Borges, com enfoque para a coqueluche do festival, os seus hamburguers de cavala, bem como da presença da Confraria do Caldo de Peixe de Rabo de Peixe, com o caldo à pescador, dos Gastrónomos dos Açores, da Confraria da Costa de Espinho, da Confraria da Caldeirada da Povoa de Varzim, do Caldo à Pescador, da Ribeira Quente e do Caldo à Pescador do Pico.
Para além da gastronomia, o Festival Caldo de Peixe tem sido muito apelativo, igualmente pela divertida animação, com os concertos musicais destinado tanto aos mais novos, como aos graúdos, enquanto aproveitam para petiscarem e ir degustando da melhor forma os bons pratos meticulosamente preparados para aquele festival.
O Festival do Caldo de Peixe tornou-se, assim, num evento gastronómico que tem como objetivo não só promover o peixe dos mares dos Açores, mas sensibilizar para a valorização de espécies de baixo valor comercial, como base na confeção dos vários caldos e sopas de peixe presentes.
É ainda preocupação dos promotores a conjugação da tradição com a inovação, confecionando-se caldos, com receitas ancestrais ou com receitas inovadoras gastronómicas, como é o caso emblemático do hambúrguer de cavala que tem sido preparada pela Chef Patrícia Borges.
O festival nasceu em 2013, no âmbito das tradicionais Festas do Santinho, o padroeiro dos pescadores de Rabo de Peixe, vulgo São Pedro Gonçalves e, partir de 2018, foi decidido que o evento já não necessitava de aposta na animação como fator de captação, uma vez que era visitado pela sua fama granjeada, fazendo assim parte da agenda turística para o mês de julho.
Já afirmado como evento gastronómico a nível dos Açores, a aposta da organização é também atrair visitantes ao porto de pescas de Rabo de Peixe, onde possam tomar contato com a cultura específica da Vila, através da oferta gastronómica diferenciada e de excelência, baseando-se também na sustentabilidade deste evento a nível ambiental.
De acordo com a organização, a aposta na promoção do Festival de Peixe voltou-se para as redes sociais com um canal no Youtube, uma vez que este certame gastronómico recebe milhares de visitantes, o que tem atraído e incentivado a participação de outras associações, confrarias e restaurantes, promovendo e valorizando cada vez mais o peixe dos Açores.
Depois de 2 anos devido à pandemia, o certame gastronómico regressou e de uma forma muito bem concebida e organizada, graças à experiência acumulada, onde o espaço, a introdução do cartão de consumo e todo o serviço melhoraram consideravelmente esta edição do festival, dando-lhe um cunho profissional e guindando-o ao nível  de um dos melhores eventos da atualidade.
Está por isso de parabéns toda a organização na pessoa do Ruben Farias, que conseguiu elevar o nome de Rabo de Peixe, promovendo as suas caraterísticas e tradições de forma muito positiva, mostrando como se pode divulgar as potencialidades de uma terra, rica em tantas tradições peculiares tão desconhecidas das gentes desta ilha e dos Açores.

Por: António Pedro Costa *

 

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Autor: CA

Categorias: Opinião

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