Sindicato entende que contratação de 30 médicos aposentados preenche lacuna, mas não resolve problema de fundo no Serviço Regional de Saúde

O Governo Regional vai voltar a contratar médicos aposentados para os estabelecimentos de saúde dos Açores. Através do Despacho nº1629/2022 de 9 de Agosto, as Secretarias Regionais da Saúde e Desporto e a das Finanças, Planeamento e Administração Pública justificam a decisão de contratar “até 30 médicos aposentados” por continuar a existir a necessidade de “dar resposta à escassez de médicos existentes nas várias especialidades e, particularmente, em algumas das ilhas da Região Autónoma dos Açores”. 
Contactado pelo nosso jornal, o Secretário do Sindicato Independente dos Médicos (SIM) nos Açores admite que “esta é uma medida que poderá beneficiar aqui ou ali algumas carências”, mas realça que o Sindicato defende “a contratação de novos médicos e não dos médicos que já prestaram o seu contributo. Alguns destes médicos estão cansados e fazem isto quase com um espírito de missão porque sabem que se não o fizerem, não há quem o faça”, alerta. 
André Frazão reforça não ser “contra esta medida”, mas sublinha a necessidade premente de se avançar para a revisão da actual grelha salarial “para que os médicos não saiam para a privada e queiram continuar a trabalhar no Serviço Nacional e no Serviço Regional de Saúde”. 
O representante do SIM nos Açores afirma que este não é um problema exclusivo dos Açores e lembra um concurso destinado à contratação de médicos de família na região de Lisboa e Vale do Tejo, em que “ficaram 40% das vagas por preencher”. 
André Frazão refere que “esta falta de atractividade prende-se com questões de inovação, de valorização pessoal e profissional, mas prende-se sobretudo nesta fase com uma grelha salarial que é ridícula para aquilo que é a diferenciação e o tipo de trabalho que os médicos prestam”. 
O Secretário regional do SIM realça ainda, numa outra vertente, que a contratação destes 30 médicos reformados, “ficará longe de suprir as necessidades porque ainda recentemente foi noticiado que o HDES iria contratar 59 médicos. Ainda bem que o fizeram e é importante abrir esses concursos, mas gostava de saber, porque ainda não vi, quantas dessas vagas foram efectivamente preenchidas”.  
Relativamente às principais lacunas sentidas ao nível de especialidades, o médico salienta que “há falta de quase tudo e em termos de especialidades, sabe-se que, por exemplo, que a Dermatologia, a Oftalmologia ou a Otorrinolaringologia, têm falta de médicos. Isso está a tentar ser colmatado e melhorado com médicos que vêm à tarefa. Eles têm sido muito importantes para que as pessoas tenham as suas consultas e vejam os seus problemas resolvidos, mas isso não resolve o problema de fundo que passa por robustecer o corpo clínico dos Hospitais e dos Centros de Saúde da Região”, afirma.                                
          
            Luís Lobão
 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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