Meus Queridos! A minha prima Maria da Praia telefonou-me para saber como têm corrido as festas pela Ilha do Arcanjo e de permeio lá quis saber se a “telenovela” do Mercado da Graça já estava na fase final, ao que lhe respondi que era preciso esperar para ver o que iria sair da reunião da Assembleia Municipal marcada para o dia 16 de Agosto, pela minha querida anterior Presidente do Município, Maria José Duarte, e que é agora a Presidente da Assembleia Municipal. Entretanto a discussão esfriou… no dizer da minha prima da Rua do Poço… certamente devido à ausência de Pedro Nascimento Cabral, que foi até Londres para resfriar os ânimos… e estudar como é que Boris Johnson, que a meio do mandato se demitiu de Presidente da Câmara de Londres… e chegou a Primeiro-ministro do Reino Unido durante quase três anos… mantendo-se no poder depois das patifarias de que foi acusado… Não há dúvida que é um caso de estudo… e a minha prima está ansiosa para ver como vai ser o comportamento do Presidente do município depois de férias, de que vai regressar a tempo de participar na reunião da dita Assembleia Municipal… que vai certamente juntar as peças do imbróglio criado pela própria Câmara…, que como uma instituição de bem, devia ter respondido prontamente ao parecer sobre a deficiência da rede de segurança contra incêndios do Mercado, relatado pelo Serviço de Protecção Civil em Janeiro… em vez de sacudir a água do capote e lançar culpas a terceiros!... Já disse à minha prima Maria da Praia que vou estar atenta às conclusões da Assembleia Municipal para depois lhe explicar o como e o porquê das coisas!
Meus queridos! Não sei se é com a idade ou, como está na moda dizer, com as alterações climáticas, mas sinto que o tempo voa cada vez com mais velocidade e já cá estamos em véspera de 15 de Agosto e eu aqui, na minha Rua Gonçalo Bezerra sem saber amanhã para onde ir com o meu vestido azul-bandeira, dividida entre as Senhoras da Ajuda da Bretanha ou dos Fenais da Ajuda ou as Senhoras dos Anjos da Fajã de Baixo ou de Água de Pau, para só falar de algumas aqui em São Miguel, porque no dia 15 de Agosto, de Santa Maria ao Corvo não há ilha que não tenha um ou mais lugares em festa, e é neste tempo que mais se nota o reencontro de açorianos residentes e emigrantes que aqui vêm matar saudades e que nunca podem ser considerados simples turistas porque simplesmente são diferentes e fazem parte da nossa identidade e história. Por isso mesmo, mando um ternurento beijinho a todos os que daqui saídos um dia, constantemente sonham com esses momentos de regresso e com o abraço aos que aqui deixaram… Turismo é outra coisa!
Ricos! Nas redes sociais todos são doutores, juízes, médicos e mestres-de-obras… E por isso toda a gente se mete em tudo. Contou-me a minha sobrinha-neta que numa dessas redes sociais se armou um alarido dos diabos porque ali para os lados dos Arrifes, onde existe um espaço de vendas de popós em segunda mão e uma oficina, alguém se lembrou de pintar todo o muro exterior com tinta verde bem alegre e, de caminho, lá pintaram de verde também o pilar base de uma placa toponímica que lá existe… Alguém fotografou a dita cuja pintada de verde e a foto foi para ao facebook com ar de quem tinha descoberto mais um crime patrimonial… E logo surgiu a costumada catadupa de comentários do tipo “cada cabeça cada sentença”… Pouco depois apareceu a foto já com a pintura branca reposta, porque nunca tinha sido intenção dos pintores… deixar a base da placa pintada de verde, mas ninguém viu a explicação… e continuaram a malhar no ceguinho… Este é mais um exemplo do tipo de sociedade que navega nas redes sociais… com chafurdice sem rei nem roque… as velhas tabernas eram lugares angelicais…
Ricos! Há duas semanas, aqui nos meus recadinhos, e escrevendo sobre a pouca vergonha que se vê por aí com esta onda de vandalismo e de apoquentação com pessoas que não querem obedecer a nenhuma regra e fazem tudo o que lhes apetece sem que alguém tenha coragem de agir, eu dizia que a Polícia Municipal estava longe de cumprir todas as funções para as quais tem as devidas competências e que era preciso pensar nisso a sério e tratar de agir e não assobiar para o lado. E, nem de propósito, na passada Terça-feira, no jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, o antigo responsável por aquela autoridade, Alberto Peixoto, assina um destemido artigo que todos os responsáveis deveriam ler e que põe o dedo na ferida e deixa grandes interrogações no ar sobre o que terá causado o desvio no cumprimento do que até havia sido aprovado em Assembleia Municipal. Mando um ternurento beijinho ao autor do artigo e só espero que a autoridade – qualquer uma – seja mesmo autoridade. Estamos a precisar…
Meus queridos! Há coisas que me custam a entrar na cabeça, mas se calhar é mesmo porque estes estranhos tempos me são difíceis de assimilar. Durante a semana só se ouve um continuado carpir que a vida está pela hora da morte, que não há dinheiro para comer, que a gasolina leva grande fatia dos rendimentos e que as prestações da casa não param de subir… Mas ao fim-de-semana, por tudo quanto é canto, em todas as ilhas e por todos os lugares, são multidões que não olham a custos, nem a gasolina para encher festas, festivais e concertos… e para tais luxos o pilim aparece milagrosamente. Até dá a impressão que esta indústria das festas se tornou o novo “ópio do povo” e há quem lhes dê corda, porque está na moda e ai de quem tiver opinião contrária porque é logo rotulado de velho ou velha do Restelo… Disse-me a minha prima Jardelina que em Ponta Delgada ainda se andava na limpeza da festa branca e já se anunciava a festa da cerveja… com quatro dias de duração, em pleno espaço aberto no centro da cidade, onde nem sequer pode haver controlo de idades… Se não está tudo grosso, vou ali e já venho.
Meus queridos! Como disse nos meus recadinhos da passada semana, a festa branca de Ponta Delgada, com São Pedro a ajudar, ao contrário do que na mesma altura acontecia em muitos outros locais dos Açores, foi o êxito que se esperava, embora tenham acontecido coisas bem desnecessárias e que não podem ficar por meros e esfarrapados pedidos de desculpa, porque há que chamar à pedra gente que deve ser responsável e que saiba distinguir o que é um evento público daquilo que é o seu pretenso espírito criativo. Tomem juízo! De resto, a minha prima da Rua do Poço mostrou-me umas fotos de alguns pontos da cidade que ficaram em miserável estado e para os lados do casino, o busto do Príncipe de Mónaco ficou cheio da latas e garrafas e o fedor dos urinóis improvisados nos cantos de rua chegava bem longe… Pudera!
Ricos! E já que estou a falar em festas, também quero dizer que há tradições que se vão criando e pegam de galho, mesmo que sejam contra a lei. Sei que é uma vez ou duas por ano, mas mesmo assim é preciso ter cuidado. A moda das alvoradas em tudo quanto é sítio com disparo de foguetes (os nossos populares bombãos) de alta potência, a altas horas da madrugada, antes das sete horas, como manda a lei, prega cada susto que não há coração que aguente… Ainda há dias, e não vou dizer o nome do lugar, porque a coisa acontece em muitos outros, … os ditos disparos eram tão fortes que faziam accionar alarmes de popós e de portões de lojas, acordando estremunhados os seus donos e famílias, mesmo crianças pequenas. Nessas coisas não vale a pena estarmos com fundamentalismos e eu até gosto de ouvir uma alvorada tocada de cima de uma torre, mas que não seja em horários tão estranhos…
Meus queridos! Muito tenho gostado de ler no jornal que tão generosamente me acolhe no seu seio, as entrevistas com presidentes de Junta de Freguesia que vão expondo os problemas e também as condições e atracções das suas comunidades. Normalmente só têm voz por altura de eleições, quando o que interessa é que quem os elege saiba o que pensam e o que vão fazendo ao longo do mandato. Ainda nesta semana li com todo o interesse as declarações do meu querido Presidente do Livramento, Manuel António Soares, que insiste num espaço para a terceira idade e que até disse que não fala mais no Solar da Glória… o tal em que se enterraram milhões e não se sabe que destino lhe dar, porque não quer ficar envolvido em questões políticas, pois só lhe interessa o povo do Livramento e as suas necessidades… Louvo-lhe a coragem…
Ricos! A minha prima da Rua do Poço telefonou-me esta semana para me pedir que eu perguntasse nos meus recadinhos se alguém sabia se já foram à Câmara levantar as licenças de obras para continuar a requalificação daquilo que resta da Galerias da Calheta. A minha prima diz que Agosto já está a meio e para evitar enganos ela tem estado a riscar os dias no calendário para ver o que vai acontecer e qual vai ser a decisão da Câmara e também do Governo Regional… Não é por mal, mas de tão escaldada que ela e toda a gente da Calheta está, … o que acontece e que o povo daquela enorme freguesia citadina… começa a dar os seus palpites sobre o assunto…. e parece que está engrossando o número daqueles que acham que tudo se encaminha para mais um monte de desculpas e enganos, para que tudo fique na mesma enquanto centenas de lugares que poderiam ser um grande parque de estacionamento… ali vão jazendo vergonhosamente… Na minha terra dizia-se que a indecisão dos responsáveis sobre o que resta das defuntas Galerias da Calheta significa que os decisores … “não têm os ditos cujos no sitio”! Já agora, a minha prima da Rua do Poço diz que vai fazer um requerimento para saber o que foi feito ao concurso de ideias que a Ordem dos Arquitectos ia projectar para o arranjo, que ficou a cargo do Governo Regional… O anúncio da intenção ou decisão…. já tem mais de ano e meio!…