Socióloga Catarina Paiva, no Dia Mundial Humanitário

Associação de Desenvolvimento Intergeracional “não consegue dar resposta a todas as solicitações”

 Correio dos Açores - Como surgiu a ADI - Associação de Desenvolvimento Intergeracional?
Catarina Paiva (Coordenadora de Projectos na ADI) - A Associação de Desenvolvimento Intergeracional é uma Instituição Particular de Solidariedade Social, fundada no ano de 2018, que surgiu com a necessidade de colmatar algumas lacunas sociais na freguesia de Santo António e freguesias limítrofes.

Quais são os objectivos?
A Associação tem como objectivos principais a promoção da igualdade de oportunidades, a promoção do princípio da não discriminação, o respeito pela diferença, a diversidade e inclusão. Além disso, a promoção e valorizar o voluntariado; dar apoio a crianças e jovens, bem como a indivíduos com necessidades educativas especiais; prestar apoio à integração social, comunitária e desenvolvimento pessoal pleno; e apoiar os cidadãos na velhice em todas as situações de falta ou inexistência de prestação de cuidados.

Quantos sócios têm?
Desde o seu início, a Associação conta com cerca de meia centena de sócios/as.

Como se mantém financeiramente?
Na gestão financeira temos como entidades parceiras, a Direcção Regional para a Promoção da Igualdade e Inclusão Social, tutelada pela Vice-presidência do Governo Regional, e a Câmara Municipal de Ponta Delgada, através do apoio que assegura anualmente a todas as IPSS do concelho. Contamos, ainda, com o apoio da Junta de Freguesia de Santo António.

Abriram portas em 2018, antes da pandemia. Como conseguiram manter o funcionamento de uma associação como esta durante a pandemia?
Foram, realmente, tempos muito exigentes e desafiadores, pois tínhamos idealizado e projectado um conjunto de actividades que não foram possíveis de realizar. A própria divulgação do projecto e actividades ficou comprometida. Contudo com a nossa persistência e dedicação, num contexto pandémico, conseguimos realizar e adaptar as actividades, seguindo as directivas da Direcção Regional da Saúde.

Com que outras dificuldades se depararam, a nível geral e ainda enfrentam actualmente?
Neste momento, a nossa principal preocupação prende-se pelo facto de, a nível das nossas instalações e recursos humanos, não conseguirmos dar resposta a todas as solicitações que nos têm chegado. Outra dificuldade sentida é a manutenção dos equipamentos da sala snoezelen.

Em que assenta a vossa intervenção com as crianças e jovens com necessidades educativas especiais?
A nossa intervenção com as crianças NEE, assenta na terapia com a técnica sensorial denominada por snoezelen, onde são proporcionadas experiências no âmbito cognitivo, estimulação visual, táctil, auditiva, proprioceptiva, vestibular e cinestésica. Todas as actividades e sessões são desenvolvidas através de metodologias adaptadas às diferentes idades e necessidades das crianças.

Pretendem promover o sucesso escolar, aumentando o acesso das crianças e jovens a respostas sociais e educativas. De que forma desenvolvem este trabalho?
A educação é um dos pilares da nossa sociedade. Assim sendo, nas nossas sessões e actividades temos sempre presente uma vertente social e pedagógica. Através da sinergia entre entidades parceiras, conseguimos proporcionar a integração e melhoria da qualidade de vida destas crianças e das suas famílias, fomentando hábitos para que se possam transformar em pessoas adultas mais competentes, melhorando as suas capacidades sociais e envolvendo-as com a comunidade, promovendo a auto-confiança necessária para se tornar uma pessoa adulta competente e feliz.

No apoio aos cidadãos na velhice, que cuidados prestam?
Considerando os resultados obtidos e excelente feedback, prevemos dar continuidade a um conjunto de iniciativas que temos vindo a desenvolver nos últimos tempos. Levando a terapia snoezelen, através de sessões individuais e de grupo, às pessoas idosas, sempre com o devido empenho e respeito que tanto merecem.

Nas restantes áreas, em que assenta o vosso trabalho?
Por norma na Associação, tal como referenciado no nosso código de conduta e ética, concentramo-nos naquilo que almejamos e centramo-nos naquilo que conseguimos alcançar . Assim, de momento, estamos focados nas respostas sociais que já referenciei, sendo que também estamos a tratar de um equipamento social, que ira reforçar a coesão territorial dessa zona.

Que iniciativas desenvolvem?
As principais iniciativas desenvolvidas pela     Associação, passam por sessões snoezelen com crianças, pessoas idosas e utentes de diversas associações que nos contactam, como foi o caso da Associação Atlântica de Apoio aos Doentes de Machado-Joseph.
Realizamos actividades recreativas e culturais com recurso a sessões familiares nas pausas lectivas e abertas à comunidade em geral, de modo a explorarem diversas sensações e desfrutarem de um momento de bem-estar em família.
Ateliers inclusivos nas férias de Verão, com recurso a metodologia das Histórias Multissensoriais conjuga histórias com intervenção sensorial, são histórias com sentidos que transportam o mundo inteiro para cada criança, onde são abordadas temáticas da igualdade, inclusão, respeito pela diferença, diversidade e a importância da participação cívica.

Em que consistem os vossos projectos “Nuvem de Sonhos” e “Sala Snoezelen”?
O projecto Nuvem de Sonhos que contempla a sala Snoezelen nasceu da necessidade de colmatar algumas das dificuldades encontradas, pelos/as pais, mães, educadores/as, professores/as, no acesso a este tipo de resposta, nomeadamente nas freguesias da costa norte do concelho de Ponta Delgada.
O nosso plano de actividades inclui: Terapia em sala snoezelen; intervenção preventiva junto dos jardins-de-infância e escolas da costa norte de Ponta Delgada, com acções de sensibilização junto das crianças; implementação de actividades de sensibilização e informação na temática da igualdade, inclusão e voluntariado com crianças; fomentar o voluntariado desde cedo, realização de actividades de voluntariado com as crianças, durante o período escolar bem como durante as pausas lectivas.
É importante salientar que existem três objectivos distintos ligados ao snoezelen: utilização livre, pedagógica e terapêutica, e nas sessões realizadas na ADI recorremos a estas três modalidades. O principal objectivo é proporcionar um ambiente multissensorial que permite estimular os sentidos, promover o relaxamento, o desenvolvimento psicomotor, aumentar da comunicação/socialização e desenvolvimento emocional e afectivo.

Promovem e valorizam o voluntariado. Têm muitos voluntários?
Todas as associações devem deter responsabilidades éticas e sociais e é o que Associação defende. A promoção e consequente valorização do voluntariado, para além do papel fundamental que desempenha na vida das nossas crianças e das suas famílias, é o reflexo de uma sociedade onde valores como a solidariedade, a democracia e a cidadania plena estão garantidos.
De momento, temos um projecto na Plataforma de Voluntariado dos Açores, onde contamos com duas pessoas voluntárias.

Houve alguma história emocionante e marcante que queira partilhar?
São várias as histórias e experiências que me têm proporcionado, nos últimos dois anos. Para além de uma aprendizagem constante, o que mais deixa marca é o sentimento de dever cumprido e, no final de uma sessão, receber um sorriso. É realmente algo que nos marca e que nos faz continuar.

Os interessados em ajudar como podem fazê-lo?
Numa IPSS, todas as ajudas são bem-vindas e, neste sentido, não poderia deixar de aproveitar a oportunidade para agradecer a todas as pessoas e empresas que já nos ajudaram, de uma forma ou de outra. É muito bom sentir esse carinho e valorização pela nossa causa. Quem tiver interesse em ajudar-nos, poderá contactar-nos através do nosso site ou da nossa página na rede social Facebook.

Que projectos têm em carteira?
Para além de dar continuidade e fortalecer o projecto “Nuvem de Sonhos”, que durante o último ano alcançou 453 pessoas, estamos a trabalhar, em articulação com o Governo Regional, na construção de um equipamento social, nomeadamente uma creche para 44 crianças, a ser construída num terreno que adquirimos na freguesia de Santo António. Temos a plena convicção de que esta será uma obra com forte impacto social que promoverá a coesão territorial.

Carlota Pimentel

 

 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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