Angra do Heroísmo recebeu ontem a primeira sessão do Fórum Saúde 2030.
Clélio Meneses, Secretário Regional da Saúde, pretende um “novo modelo integrado”. “É preciso corrigirmos um conjunto de estratégias, para a consolidação de um novo modelo de Saúde na Região, que se adeque ao facto de vivermos em ilhas e que tenha uma capacidade de sustentação durante uma década”, afirmou.
Clélio Meneses defendeu uma intervenção “de facto, para que as respostas sejam eficazes”.
Segundo Clélio Meneses, citado pelo Diário Insular, este fórum pretendeu recolher contributos para um novo modelo de Saúde nos Açores.
“Identificámos um conjunto de problemas relacionados com a Saúde na Região, nomeadamente questões financeiras, de falta de recursos humanos, problemas organizacionais, com consequências ao nível do acesso aos cuidados de saúde por parte das pessoas”, apontou.
“Por um lado, é a identificação dos problemas que nos levam à necessidade de refletirmos e encontrarmos respostas adequadas aos novos tempos, às novas capacidades (como a telemedicina e outros equipamentos e tecnologia) e, por outro lado, aquilo que é a resposta em Saúde, que poderá ter pressupostos públicos, privados e sociais”, reforçou.
O fórum começou em Angra mas vai e vai replicar-se noutras ilhas e com outros intervenientes. “São convidadas pessoas que têm experiência a nível nacional e internacional e também é uma forma de chamar os profissionais de Saúde da Região e os açorianos em geral a darem os seus contributos”, frisou Clélio Meneses.
“Queremos que também isto sirva de base ao Plano Regional de Saúde que pretendemos aprovar, de forma à entrada em vigor no início do próximo ano”, apontou o Secretário Regional.
Quanto ao Plano Regional de Saúde, indicou, existe um documento base ultimado, mas os contributos irão “melhorá-lo e actualizá-lo”.
“Vivemos numa região que tem uma baixa esperança de vida em termos comparativos. Temos mais mortalidade do que natalidade, há um envelhecimento da população, temos um conjunto de doenças com base comportamental derivadas do sedentarismo, do consumo de álcool e de outras substâncias. É preciso intervir”, disse.
Na sessão de encerramento, o Vice-presidente do Governo, Artur Lima, defendeu, por seu turno, que o Serviço Regional de Saúde do futuro deve servir os açorianos por igual, privilegiar a humanização dos cuidados ao doente e corresponder às necessidades dos doentes deslocados, “porque são os doentes a razão da existência do Serviço Regional de Saúde”.
“Não podemos ter hesitações quanto à defesa intransigente do Serviço Regional de Saúde, o porto seguro não só para muitos açorianos das ilhas mais pequenas, como também para açorianos das ilhas com hospital que, bastas vezes, necessitam de outro tipo de cuidados no exterior da Região”, sublinhou.
O governante falava na sessão de encerramento do Fórum Saúde 2030 – Pensar, Reorganizar, Realizar, que decorreu no Centro Cultural e de Congressos de Angra do Heroísmo, onde afirmou que “o Serviço Regional de Saúde tem que ser liderante para servir os açorianos com equidade, num sistema que coexista em articulação com a iniciativa privada e social, mas sem olvidar que a resposta pública é – e deverá continuar a ser – a jóia da coroa, no que respeita a cuidados de saúde”.
O Vice-presidente do Governo adiantou que o Serviço Regional de Saúde poderá estabelecer parcerias com o privado e com o social, não para satisfazer as necessidades destes, mas tão-só e apenas quando se revele necessário atender às necessidades dos doentes.
Na ocasião, Artur Lima defendeu também um “Serviço Regional de Saúde moderno” que assegure aos utentes cuidados de saúde assentes em valores como o “humanismo ou a protecção da dignidade do doente”.
“Oferecer cuidados mais humanizados é tratar com respeito o doente, atendê-lo a tempo e horas, responder com eficácia às necessidades de tratamento ou intervenção cirúrgica”, reiterou, elogiando o trabalho e empenho de todos os profissionais de Saúde e gestores hospitalares, destacando, em particular, nesta matéria, o bom exemplo que tem sido dado pelo Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada (HDES).
Artur Lima lembrou ainda que na área da solidariedade social se têm desenvolvido respostas inovadoras e diferenciadas para acompanhar os doentes deslocados e as respectivas famílias.
“São estes os doentes que sofrem mais e, por isso, deve o Governo continuar atento ao que precisam”, frisou, citado num nota publicada no Portal do Governo.
“Foi o que fizemos já este ano com a inauguração de uma casa de acolhimento para doentes deslocados no norte do país”, num investimento de mais de meio milhão de euros, concluiu.