Que impacto está a ter o turismo nesta época do ano?
Um dos motores de crescimento da nossa freguesia é o turismo; é ele que nos gera a riqueza que gera emprego e cria receita e, por isso, temos de saber acarinhá-lo e preservá-lo. O turismo em excesso nunca foi um problema para a freguesia das Furnas, mas sim uma mais valia já que só nos valoriza enquanto destino turístico de excelência e, como qualquer outro deste género, tem se tentado adaptar ao enorme fluxo de pessoas e viaturas que diariamente entram na freguesia. Temos aproximadamente 400 lugares de estacionamento e recentemente foram criados mais 45 lugares na zona do Areeiro para tentar desviar a concentração de viaturas junto aquela zona perto do Parque Terra Nostra, mais concretamente na zona do Caminho Novo e do Largo Marquês da Praia. A Junta de Freguesia, em colaboração com a Câmara Municipal da Povoação, pretende implementar um sistema de mini-bus para que haja um menor fluxo de veículos a circular na freguesia, já que essa tem sido uma das nossas preocupações.
Esse projecto já tem alguma data concreta para avançar?
Não há datas, mas estamos a trabalhar num plano de circulação dos veículos e na respectiva sinalização para posteriormente apresentarmos às entidades competentes. Esta tem sido uma preocupação constante desde há muito de ambas as entidades, Junta e Câmara, e igualmente da nossa população. O objectivo passa por, num terreno de grande dimensão na entrada Norte, construir uma zona de estacionamento porque também não podemos estar a construir novas zonas em tudo o que é sítio. Com esse parque, queremos depois criar um circuito de minibus para que se possa aliviar o trânsito dentro da freguesia e para que também os nossos residentes possam ter uma melhor qualidade de vida. Temos de pensar nos turistas, mas também nos nossos residentes.
Por vezes não deve ser fácil viver nas Furnas, com falta de estacionamento e com muita gente a circular pela freguesia. As pessoas queixam-se disso?
Noto que este ano, ao nível de trânsito, até nem tem sido um grande problema. Isso acontece porque temos mais estacionamento na Rua 25 de Abril, já feito há uns 4 anos e que também vem aliviar a zona da Poça da Dona Beija. É verdade que essa rua poderá ter algumas horas, principalmente no almoço, mais preocupantes para os próprios residentes. Também se nota que, por vezes, esse parque não está cheio porque as pessoas não estacionam lá embora ele esteja perfeitamente identificado. A PSP tem feito o seu trabalho e até tem estado um agente próximo da Poça da Dona Beija de forma a controlar o tráfego para que os residentes também possam ter mais alguma qualidade de vida. Noto que temos tido muita afluência, embora não tenha dados concretos, mas na verdade não considero que esse tenha sido um grande problema. Apesar disso, continuamos a trabalhar no sentido de evitar a circulação excessiva dentro da freguesia, com a criação do parque no Norte da freguesia, mas esse é um processo ainda demorado. Se queremos diminuir o número de veículos nas Furnas temos de criar condições para isso.
Não sente, portanto, que seja necessário limitar o acesso de veículos ou o número de visitantes, como começa a acontecer em algumas cidades?
Não sinto e a população também não sente. A única questão sobre a qual a população evidenciava algum descontentamento é relativamente ao estacionamento.
Outra questão tem a ver com a habitação que tem vindo a sofrer um aumento de preço devido ao turismo. Esses aumentos já se sentem nas Furnas? Isso tem afastado alguns jovens casais?
Uma das grandes preocupações que temos na freguesia, para além do trânsito, é realmente a habitação. Não é de fácil resolução, mas estamos aqui para trabalhar em conjunto e apelar junto da Câmara e do Governo Regional. Como já disse, um dos maiores problemas das Furnas bem como das restantes sociedades, é a falta de habitação para casais jovens e quem queira aceder ao arrendamento depara-se com um mercado sem dimensão, sem diversidade e onde o alojamento local impera em detrimento do arrendamento acessível. É a lei do mercado a funcionar, contudo, a Junta de Freguesia das Furnas, bem como a Câmara Municipal, estão atentas a este problema e estão a ser desenvolvidos esforços e estratégias. No próximo dia 22 de Setembro temos uma reunião agendada com o Director Regional da Habitação e Obras Públicas e onde iremos transmitir a nossa preocupação e tentar encontrar uma solução. No concelho da Povoação, Furnas é a freguesia que tem maior percentagem (+ de 50%) de alojamento local no concelho.
Tem existido muitos jovens casais a sair da freguesia por falta de habitação?
Já houve um caso ou outro, mas alguns, de que tenho conhecimento, até acabaram por regressar. Outros tomam essa opção porque procuram melhores rendimentos, mas até temos bastante emprego ao nível da restauração, principalmente nesta altura do ano, apesar de já nem se notar tanto a diferença para o Inverno como acontecia há uns anos atrás.
Receia que daqui a 10 ou 15 anos o número de alojamentos locais possa vir a ser um problema grave? Devia haver uma limitação à abertura de novos espaços destes?
Limitação não sei, mas o Plano Director Municipal (PDM) até está a ser revisto. A Junta já apresentou a sua proposta e há zonas onde pedimos autorização para a construção de novas habitações já que não nos falta espaço aqui na freguesia.
Para além dos já mencionados que outros aspectos a preocupam?
Sinto, desde que assumi funções como autarca, que estamos limitados a nível de intervenção e tem de haver uma maior abertura, por parte dos municípios, na delegação de competências para as juntas de freguesia, já que são elas que estão mais próximas dos cidadãos. Estamos na linha da frente e sabemos quais são as obras estruturantes que a freguesia necessita para o seu desenvolvimento. A freguesia das Furnas é considerada a capital de turismo dos Açores e é um destino que não necessita de ser vendido, mas sim preservado e olhado de um modo diferente pelos poderes políticos instituídos. São diversos os problemas que nos preocupam e, por exemplo, na entrada Sul da freguesia, no troço Lagoa das Furnas/Furnas, a estrada apresenta diversas irregularidades e é urgente intervir naquele local porque é actualmente um péssimo cartão para quem nos visita. O caminho de acesso ao Lombo dos Milhos; os passeios da Avenida Manuel de Arriaga, uma das mais lindas avenidas da ilha, encontram-se danificados e temos de dar uma nova vida aquele local. Desde o início do nosso mandato que temos alertado os poderes políticos para isto e até ao momento temos visto apenas boas intenções. A maior afluência de turismo também tem como consequência um maior desgaste.
Que outros projectos estão pensados para os próximos tempos?
Uma das obras estruturantes que está neste momento a aguardar por pareceres, são as piscinas junto ao Jardim da Alameda. Será um complexo de 5 piscinas com diferentes dimensões e com águas de diversas temperaturas. É um projecto que já vem de há algum tempo, mas como se sabe, estes são processos demorados e neste momento encontra-se a recolher pareceres para depois podermos colocar a obra a concurso.
Esse espaço será concessionado?
Será concessionado para exploração porque nós, enquanto Junta de Freguesia, não podemos explorar.
Alguma data prevista para o início das obras?
Não temos, mas gostaria que fosse já na próxima semana (risos). Estamos a trabalhar no sentido de arrancarem o mais rapidamente possível.
Falando ainda em concessões, há também a Poça da Dona Beija. Essa concessão é importante para o orçamento anual da Junta?
É paga uma renda à Junta de Freguesia e o contrato foi assinado por 25 anos.
Mas o montante dessa renda é justo?
Não gostava de me pronunciar sobre isso porque isso não foi feito por mim, mas, porventura essa renda, na época em que foi realizado o concurso, ficou para o privado que apresentou o valor mais alto. Essas rendas vão para a realização de obras de tudo o que é património da Junta de Freguesia.
Esse contrato tem prevista alguma cláusula para o seu aumento?
Não está previsto nenhum aumento de renda que é actualizada anualmente de acordo com a inflacção. Não gostava muito de entrar por aí porque não tenho muitos dados, mas sei que foi feito um contrato por 25 anos que talvez tenha sido por muito tempo. Agora, também é preciso ter em consideração que quem está a explorar o espaço tem investido bastante no local. Tem-no preservado e o investimento realizado tem sido de boa qualidade. A obra foi entregue já concluída, mas, entretanto, muito já foi feito e houve um aumento das piscinas e mais recentemente, houve o melhoramento do balneário. Como há muita afluência eles têm também um projecto para o melhoramento do parque de estacionamento.