Tive o gosto evocar a memória de uma insigne filha desta terra, Madre Teresa da Anunciada, aquando da inauguração do painel alusivo ao Senhor Santo Cristo e a Madre Teresa da Anunciada, que teve lugar no passado sábado, dia 20 de agosto. Recordei que o dehoniano Agostinho Pinto estudou aprofundadamente a vida desta clarissa e disse que “Ela já é santa, só falta que a igreja o reconheça “, e com razão, pois a vida e a obra desta distinta serva de Deus encontram-se amplamente divulgadas em inúmeros livros, atestando de forma sublime as suas virtudes heróicas.
Foi por isso que foi recebido com grande júbilo, o anúncio do Santuário de que a 25 de novembro deste ano se iniciarão as comemorações dos 365 anos do nascimento de Madre Teresa, aqui nascida e batizada em 1658, estando a ser preparados diversos eventos comemorativos, que poderão constituir um importante impulso para o seu processo de beatificação. Pois bem, consideremos o ato de hoje como o prenúncio destas celebrações.
Quantas flores, quantas velas, quantas orações, quantas lágrimas e angústias e também quantos agradecimentos são deixados diariamente neste lugar, junto ao seu busto, bem como pungentes súplicas à intercessão desta mulher que sempre recusou de ter cargos de prestígio e sofreu quando foi ameaçada de poder vir a ser abadessa.
D. Aurélio Granada Escudeiro, antigo Bispo desta Diocese, foi um grande impulsionador do culto ao Senhor Santo Cristo, e mandou que se preparasse a introdução do processo de beatificação de Madre Teresa, de que obteve da Conferência Episcopal Portuguesa o “nihil obstat”.
No livro “A vida e virtudes de Madre Teresa D’Anunciada”, D. Aurélio declarou que sem pretender antecipar o juízo da Igreja, poder dizer que a vida da Madre Teresa foi exemplo de virtudes heróicas, atingiu vida interior profunda, alto grau de fé e de amor a Deus e ao próximo, brilhando nela uma santidade autêntica, feita de humildade e do cumprimento exato do dever e de grande penitência, tudo isto a par de um grande equilíbrio psíquico. Isto nos é profusamente manifesto no relato dos prodígios do Senhor Santo Cristo e da sua vida, que ela escreveu por ordem do confessor.
Por seu lado, Agostinho Pinto refere que aquando da investigação que empreendeu “não apreciava a Madre Teresa porque tinha dela a ideia de uma religiosa da piedade” mas à medida que foi lendo os seus escritos e os foi decifrando, deparou-se com uma mulher de fibra, vigorosa e assertiva”.
Por isso, não deveremos deixar de lembrar esta insigne figura da igreja açoriana que impulsionou a devoção ao Senhor Santo Cristo dos Milagres e que faleceu com fama de santa e tinha um profundo amor à eucaristia e grande veneração por Maria Santíssima, a quem chamava a Gloriosíssima Senhora, tendo sido inaudito exemplo de virtudes heróicas.
Na sua autobiografia, Madre Teresa diria,” não ignoro que Deus quer que se dê toda a devoção às Suas imagens, e nesta principalmente por Lhe servir tantos anos de custódia, assistindo em Seu divino peito, e queria ser venerado, pois o meu Tudo sempre Se queixava do pouco respeito com que as Suas esposas O trataram tantos anos, até assumir esse encargo”.
Na genealogia de Madre Teresa, elaborada por Hugo Moreira, os seus pais Jerónimo Ledo de Paiva e Maria do Rego Quintanilha celebraram o seu casamento, no domingo, dia 23 de novembro de 1631, na Igreja do Senhor Bom Jesus de Rabo de Peixe, onde nasceram 10 dos seus 13 filhos onde foram batizados e residiram naquela freguesia, tendo depois morado nesta freguesia da Ribeira Seca, onde nasceu Joana, em 1653, Jerónimo, em 1655 e Teresa, a mais nova em 1658.
Por isso, importa continuar a fazer a lembrança desta distinta clarissa, e este seja um momento de esperança para que o processo ganhe um novo impulso e possamos ter brevemente um Postulador para esta causa de beatificação. O povo micaelense, bem como todos os devotos, esperam que a celebração dos 365 anos do nascimento de Madre Teresa da Anunciada seja o verdadeiro sinal de que o processo de beatificação terá o rumo certo para glória de Deus e alegria do povo micaelense.
António Pedro Costa