Lucrécia Rego, Presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora do Rosário

“Todas as semanas temos pessoas que nos procuram” com falta de habitação para viver

Começando pela situação social na freguesia, a toxicodependência tem aumentado nos últimos tempos? Tem-lhe chegado muitas queixas?
A toxicodependência é um flagelo atual e que infelizmente tem vindo a aumentar.
Obviamente que é uma triste realidade que me preocupa imenso e a impotência de arranjar uma solução para o combate do mesmo ainda mais.Têm chegado algumas queixas e eu própria já presenciei algumas situações.

Este problema tem implicado
um aumento da criminalidade?
Já houve uma altura em que os roubos foram muito sentidos. Naturalmente que o fenómeno da toxicodependência em qualquer localidade faz aumentar a pequena criminalidade, no entanto, ao mesmo tempo que esta situação se verifica na freguesia do Rosário, algumas das pessoas envolvidas, entretanto já foram institucionalizadas e outras detidas. Mas, em minha opinião, urge tomarem-se medidas concretas e concertadas com vista à minimização deste flagelo social.

A falta de habitação ou os elevados preços da habitação são também uma preocupação da Junta de Freguesia? Sente que o Turismo e os Alojamentos Locais têm inflacionado o preço das casas?
A falta de habitação continua a ser um grande problema social identificado por esta Junta de Freguesia.  Todas as semanas temos pessoas que nos procuram com problemas habitacionais, não existindo habitações para arrendamento.
Na minha opinião, o crescimento dos Alojamentos Locais tem vindo a dificultar quer os arrendamentos que poderiam ser efectuados e inflacionado o preço das habitações. Por outro lado, também sabemos do interesse de muitos estrangeiros em comprar casa nesta freguesia, que tem relação com o mar em toda a sua extensão costeira e isso também agrava a situação, quer ao nível da disponibilidade de casas quer ao nível dos valores de arrendamentos. 
 
Falando agora da antiga Fábrica do Álcool, que está em lamentável estado de degradação, sabe se está para breve alguma solução para esse espaço e, na sua opinião como autarca, que utilidade poderia ter?
Falou-se na possibilidade de o Governo Regional transferir a tutela da Fábrica do Álcool para o Município de Lagoa proposta que foi apresentada, mas que continuamos a aguardar.
No entanto, quer seja o Município ou o Governo Regional ou mesmo através de um projecto privado, o que importa é recuperar este valioso património arquitectónico, histórico e fortemente ligado à nossa vida industrial. Assim, devolvia-se à comunidade aquele edifício, geravam-se novos serviços, emprego e mais dinâmica social, cultural ou económica para a freguesia.
A ampliação do Porto dos Carneiros é há muito pedida pelos pescadores. Considera que existem condições para isso? Seria uma obra importante para a freguesia?
Esta ampliação, já há muito prometida, é sem dúvida muito esperada pelos nossos pescadores e seria uma obra de grande importância para a Freguesia no sector das Pescas. Creio que com a ampliação, o Porto ficará com as condições necessárias para a melhor eficácia da actividade.
Temos conhecimento de que existem falhas relativamente ao lixo, nomeadamente, com a falta de contentores e com a presença de muito lixo junto à orla marítima. Tem conhecimento desta situação e o que está a ser feito para a resolver?
Em relação a esta situação muito haverá a dizer: desde logo, a política da autarquia, e bem, foi retirar os ecopontos da via pública e apostar na recolha porta a porta. Para o efeito, foram disponibilizadas a todas as habitações ecopontos individuais e por isso não há desculpas, nos dias de hoje, para não se promover a separação de resíduos. No entanto, persistem infelizmente velhos hábitos que justificam a presença indevida de lixo na orla costeira e em outros locais. Recordo que durante a semana há recolha de plástico, papel, vidro, lixo indiferenciado, verdes e monstros. Creio que com a colaboração de todos seria bem mais aprazível a nossa cidade. Além disso existem diversas campanhas de sensibilização e, no próximo dia 10 de setembro, irá decorrer mais uma ação de limpeza da Orla Marítima. 
Uma palavra positiva para os mais jovens que já revelam preocupações ambientais desde tenra idade e isso é um bom sinal para o futuro. 

Há muito que se fala de um mercado na freguesia? Para quando esta obra e o que falta para que seja concretizada?
Como foi informado pelo município, o projeto do Mercado acabou por não avançar para dar lugar a dois grandes e importantes investimentos privados no Rosário: o HIA e o Hotel Hilton. São quase 600 postos de trabalho directos e indirectos nestes dois projetos e isso é importante para uma freguesia como o Rosário. Certamente serão poucas as freguesias do país que se podem orgulhar de deter ambos os investimentos.Não é um projecto esquecido, mas sim adiado e que requererá uma avaliação cuidada, situação a que sou sensível, mas que necessariamente envolverá e implicará também a Junta de Freguesia nas decisões que forem tomadas sobre esta matéria. 

Que projectos e reivindicações futuras tem neste momento a Junta de Freguesia?
Em conversações com o Município reivindicamos a solução para os problemas habitacionais e sabemos que este tem um projeto denominado Estratégia Local da Habitação que virá solucionar alguns problemas sinalizados. Reivindicamos, também, a criação de Parques de Estacionamento, que é outro problema, para o qual o Município também já tem soluções previstas e ainda a pavimentação de algumas ruas da Freguesia.

Defende que as Juntas de Freguesia deveriam ter mais poder de decisão e mais verbas?
O poder de decisão detido pelas Juntas, em minha opinião, é o suficiente e o adequado às competências que detemos e à disponibilidade que nos é conferida no exercício destas funções. Quanto às verbas, sem dúvida que precisamos de um reforço no âmbito da Lei das Finanças Locais, pois temos grandes constrangimentos para fazer face à contratação de pessoal, que é extremamente necessária para o bom desempenho das funções, nomeadamente, na limpeza urbana e numa altura em que os Açores são um dos locais turísticos mais procurados.                          
                                         Luís Lobão
 

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Autor: CA

Categorias: Regional

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