Curiosamente após ser vítima de tantos abalos, mudanças, e até ironia, é sempre uma grande Instituição de prestígio desta terra que recusa cair.
De bem-amada ou mal-amada, dependendo das mais variadas circunstâncias tem sempre um pequeno lugar no coração da maioria da nossa gente. O seu passado, não sejamos ingénuos e de memória curta, sempre foi balançando entre altos e baixos. Eu próprio, apesar de não ter conseguido concretizar com o sucesso desejado o projecto que me solicitaram, creio que à cerca de vinte anos, e ao qual de corpo e alma me dediquei como Presidente da mesma, nunca guardei rancor mas tristeza pelo fracasso que não é vergonha nem deve ser tido como humilhação. É uma instituição, como tantas outras do género que vivem períodos que dependem de várias circunstâncias. Basta consultar algumas das suas Actas, como eu próprio já tive oportunidade de o fazer para bem conhecer a sua história. Como todas as outras com a mesma vocação não é fácil gerir, e só a boa vontade e amor à música são capazes de dar o “empurrãozinho” tão precioso para “manter em vida” um dos grandes orgulhos desta terra.
Nestes tempos difíceis não interessa constantemente comparar sucessos do passado, se esquecemos os momentos menos bons, sobretudo se o futuro é marcado por incertezas. Os anos sucedem-se e as prioridades das famílias são uma constante interrogação.
O que necessitamos é de apoiar os nossos jovens e até os mais experientes músicos que são sempre indispensáveis na caminhada dos mais novos.
Este fim de semana estamos em festa. Tudo se iniciou na passada sexta-feira e terminará amanhã. O ponto alto será sem dúvida o cortejo etnográfico que se realizará este Domingo onde as gentes desta terra colocam à prova das mais variadas formas a sempre fértil imaginação de um povo. Rir, criticar e até imitar sem ofender é o que temos assistido há várias décadas. Esta é uma óptima oportunidade de convívio para neste período em que já nos podemos aproximar mais um pouco uns dos outros após o tempo difícil para todos que foi o da “verdadeira pandemia”.
Na passada quarta-feira passei pela Sede da Minerva onde estive um pouco à conversa com alguns dos seus membros. Sobretudo composta por gente muito jovem, mas também por alguns experientes músicos merece o carinho e apoio de todos. Pela primeira vez na sua história tem como “Orientadora”, pois é este o nome que deseja que fique para a história, uma mulher, a Carla Pereira, pois não quer ser conhecida por “maestro ou mestrinha”. Nascida no seio de uma família que possui uma longa tradição no seio da Minerva, a Carlinha, como é melhor conhecida entre nós, é casada e mãe de duas meninas, o que nunca a impediu de colaborar com a sua e nossa filarmónica. Infelizmente para nós, mas desejando-lhe todas as felicidades e sorte no futuro, no próximo mês vai juntar-se com as filhas ao marido que se encontra emigrado em terras Canadianas. Estou certo que se sentir o desejo e a vida pessoal permitir terá muitas portas abertas para fazer valer o seu talento no seio de uma entre as várias filarmónicas que orgulhosamente os nossos emigrantes conseguem manter nos vários países da Diáspora, orgulhosos desta linda tradição da nossa terra. Dizia-me que acedeu ao desafio que lhe foi lançado em memória do seu pai, o Armando Pereira, um verdadeiro histórico da Minerva, entre outros que existiram e ainda vários que por cá andam.
Espero que este Domingo as gentes dos Ginetes estejam presentes em grande número e com toda a energia manifestem o apoio à nossa Banda. Eles merecem. Uns pelo percurso de muitos anos que deram e continuam ainda a dar, outros como terão ocasião de presenciar, ainda muito jovens, mas verdadeiramente motivados, que nada pedem em troca além do pequeno gesto de verdadeiro apoio que tanto contribui para elevar o moral.
Como não poderia deixar de ser, antes de terminar, quero felicitar na pessoa do Presidente da Minerva, o sr. António Costa, todos os que benevolamente continuam a “tudo dar” para que a Filarmónica dos Ginetes regresse aos palcos que merece e que todos nós, filhos desta terra, sintamos o mesmo orgulho que tanto nos caracterizou no passado através das várias gerações. É uma grande família que não podemos destruir. É o símbolo dos Ginetes terra de gerações orgulhosas que permanecerão para sempre na memória.
Parabéns à Minerva, mas também a todos nós que somos povo dos Ginetes.
Alberto Ponte