30 de agosto de 2022

Afinal quem iniciou a barbárie…?


Tem-se assistido após seis meses da invasão criminosa da Ucrânia pela Rússia, ao arrepio das leis e tratados internacionais, a uma hipócrita tentativa de inverter os papéis, até por parte de insuspeitas organizações internacionais como a Amnistia Internacional .
Normalizar a posição do agressor? Será este o caminho?
Interrogam-se insuspeitos observadores que têm seguido com independência e credibilidade o drama ucraniano e a heróica resistência do seu povo, que apenas se limitam a defender o sagrado torrão pátrio em nome dos valores da liberdade e da democracia.
Não ponderar esses princípios e apenas se limitar a aspectos meramente jurídicos, em nada se está a contribuir para uma solução justa e humana do conflito, e no limite a dar a razão a Putin e à sua corte de criminosos.
Em suma a fazer o seu jogo.
Todo este prólogo vem a propósito das seguintes e recentes conclusões da  Amnistia Internacional que concluiu que as forças de Kiev também têm colocado civis em perigo quando estabelecem bases militares próximas de zonas residenciais e lançam ataques a partir daí.  
Como se os centro urbanos não tivessem legitimidade de auto defesa. 
Como se sabe a Ucrânia tem sido alvo de ataques por parte das forças militares russas em vários pontos do seu território. 
Investigações têm revelado que vários desses ataques têm acontecido de forma indiscriminada, atingindo áreas civis e infra-estruturas protegidas, como hospitais e escolas, e colocando em perigo a vida de milhares de civis.
O Laboratório de Provas  da Amnistia Internacional tem documentado e reunido provas desses ataques, tendo concluído que houve flagrantes violações do Direito Internacional Humanitário, assim como potenciais crimes de guerra.
Tal como Hitler ou Estaline, Putin não tem pejo em matar milhões de seres humanos à fome e à metralha, como ainda em entrevista recente a jornalista e historiadora polaca - americana Anne Applebaum, revelava.
Tal como os seus ídolos atrás mencionados, o novo senhor do Kremlin “só entende a lei da força e vai permanecer fiel aos objectivos genocidas”, acrescentava a distinta e corajosa jornalista especialista em questões da Europa de Leste.
Muito já se tem escrito e dito sobre as semelhanças entre Estaline e Putin, que como déspotas e tiranos frios e calculistas, acreditavam na violência levada aos máximos extremos, para defenderem o poder totalitário e respectivos interesses.
Tanto Estaline nos anos trinta do século passado como Putin neste século, a martirizada Ucrânia e o seu povo voltam a ser escolhidos para o livre arbítrio criminoso destes dois ditadores sem escrúpulos.
Tal como naquela altura a condescendência e ambiguidade das nações democráticas, contribuíram para a ascensão do nazismo e do comunismo e dos dramas que se seguiram, com os milhões de mortes de seres humanos inocentes que apenas almejavam viver em paz.   
Contaram com o silêncio e a cobarde neutralidade de muitas nações, assim como da já decrépita Sociedade das Nações e de outras organizações internacionais. 
Ontem como hoje, voltam a cometerem – se os mesmos erros.
Que não restem duvidas, Putin quer ficar na história da Rússia, como quem restaurou o antigo império, e não irá recuar no seu malévolo objectivo de destruir a Ucrânia enquanto nação.
Tudo fará para enfraquecer o apoio da Nato e da União Europeia à Ucrânia.
Para isso procurará influenciar as eleições que se avizinham na América e em alguns países na Europa, como na Itália, tendo em vista a vitória dos seus aliados da extrema – direita.
Inserem-se na estratégia de Putin de concretizar o seu objectivo de quebrar os apoios que têm sido disponibilizados à Ucrânia, as recentes intervenções da Amnistia Internacional, assim como da Agência Internacional de Energia Atómica.
Não está em causa as nobres razões de tais posições.
Contudo, a propaganda russa tudo fará para as capitalizar a favor dos seus interesses imperiais.
Por outro lado, alguns comentadores, que já nos habituaram à ambiguidade de opiniões, vierem criticar a sugestão do governo Ucraniano feita aos países europeus, de suspenderem a emissão de vistos turísticos a cidadãos russos.
 Esquecem-se que Putin já vinha a restringir a concessão de vistos para alguns países da União Europeia, nomeadamente os do mar báltico e outros antigos membros do pacto de Varsóvia. 
Será oportuno abrir um parêntesis e referir a invasão de Timor Leste pelas forças armadas da Indonésia, quando em diversos areópagos internacionais e até em largos sectores de opinião pública portuguesa se culpabilizavam os timorenses e as lutas internas, pela invasão.
Afinal tudo não passou duma tenebrosa orquestração dos serviços secretos indonésios com a cumplicidade dos Estados Unidos.  
Torna-se premente ter sempre presente que afinal quem iniciou a barbárie…foi Putin e os seus sequazes. 

António Benjamim

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