11 de setembro de 2022

Terrorismo, guerra e acção

1- Estávamos no dia 11 de Setembro de 2001, início do Século XXI, quando, pouco depois das nove horas da manhã em Nova Iorque, o mundo foi abalado pelo atentado terrorista que se estendeu a Washington, causando 2.996 mortos, incluindo 19 terroristas e deixando 6.291 feridos.
2- Como consequência do atentado, seguiu-se a imposição de um conjunto de medidas e leis securitárias que permitem encarcerar suspeitos de terrorismo sem intervenção judicial, seguindo a lei de 2000 aprovada no Reino Unido, e em 2021 nos EUA pelo “Patriot Act”, que permitiu a prisão sem acusação a todos os que foram detidos e remetidos para o campo de concentração de Guantánamo.
3- O Governo francês, depois do atentado em Paris que causou 17 mortes, criou legislação que, segundo a Secretária-geral da União Sindical dos Magistrados, Celine Parisot, “foi muito longe, porque permite escutas e geolocalizações”. São os excessos que advêm do terrorismo que tem várias vestes, mantendo-se vivo e activo, assim como as guerras que matam e destroem desde o aparecimento e evolução humana.  
4- A 16 de Março de 2003, na ilha Terceira, em pleno Atlântico, o Primeiro-ministro, Durão Barroso, recebeu o Presidente da América, George W. Bush, o Primeiro-ministro do Reino Unido, Tony Blair, e o Presidente do Governo de Espanha, José Maria Aznar, para a cimeira da guerra, que terminou, na madrugada de 20 de Março, começando logo a invasão militar no Iraque, suportada pelo triunvirato, liderado pelos EUA e ajudado pelo Reino Unido e por Espanha, com o nome de “Operação Liberdade do Iraque”, nome que Putin agora usou para invadir a Ucrânia.
5- A Guerra no Iraque foi uma desgraça para aquele país que ainda hoje não encontrou rumo devido às profundas divisões milenares daquele povo. Isto é, a História repete-se, e depois de todos os avanços obtidos pela humanidade, somos agora confrontados com as conclusões do Relatório das Nações Unidas publicado Quinta-feira, concluindo que uma série de crises sem precedentes, principalmente a Covid-19, atrasou o progresso humano em cinco anos e alimentou uma onda global de incerteza.
6- Mas, o mais preocupante é que o - Desenvolvimento Humano - que mede as expectativas e padrões de vida, assim como os níveis de educação dos países, diminuiu em dois anos seguidos, 2020 e 2021, fazendo com que “inúmeras pessoas estejam já a sentir-se desesperadas, frustradas e preocupadas com o futuro”
7- O Relatório aponta como principais culpados da reversão global, a pandemia de Covid-19, assim como as crises políticas, financeiras e as que se relacionam com o clima, sem que as populações tenham tempo para se recuperarem, e acaba concluindo que o futuro, que temos à frente, “indica que vamos morrer mais cedo, somos menos instruídos e os nossos rendimentos estão a cair”.
8- O que se sente é que falta na política quem governe pensando e usando a palavra, que é um dom precioso para explicar, dar confiança e ensinar a crescer, sem estar preocupado com o elogio ou com a crítica. Essa falta tanto é de quem governa, como é de quem é oposição.
9- É doloroso assistir ao desmoronar dos alicerces da Democracia por culpa dos que têm o dever de a revigorar pela palavra e pela acção.
10- A propósito de acção, o Governo da República prepara-se para vender a TAP, venda que pode ser parcial ou total, e fala-se já em interessados. Enquanto isso, o Governo Regional, que se saiba, ainda não tem prazo para iniciar o processo de privatização da Azores Airlines, e se tem, não o anunciou. Certamente que o processo de venda não necessita de novos estudos, como o que agora foi anunciado para o transporte marítimo de passageiros inter-ilhas, para evitar o isolamento desumano de Santa Maria.
11- Se o Governo não está empenhado no transporte marítimo misto entre ilhas e quer remetê-lo para os privados, então tem de os mobilizar para tal projecto, porque essa é a sua obrigação quando falta voluntários, partilhando, certamente, depois os custos e benefícios caso a operação não seja rentável.
12- O que não pode acontecer é São Miguel e Santa Maria ficarem isolados de transporte marítimo misto, remetendo-se o assunto para mais um estudo.

                     

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Categorias: Editorial

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